array(31) {
["id"]=>
int(123730)
["title"]=>
string(86) "Bolsonaro silencia, e Planalto vê manifestação de vitória de Biden como afobação"
["content"]=>
string(7420) "POSTURA
O presidente Jair Bolsonaro silenciou sobre a eleição do democrata Joe Biden à presidência dos EUA, resultado projetado pela imprensa norte-americana. Mais de uma hora depois de divulgado o resultado, nem o Palácio do Planalto nem o Ministério das Relações Exteriores se pronunciaram. A decisão isola o Brasil no plano internacional, depois que outros chefes de Estado e governo já reconheceram a vitória de Biden e o congratularam nas redes sociais.
De acordo com fontes do Planalto, Bolsonaro reagiu com "tranquilidade" ao resultado e reforçou que vai esperar um "quadro concreto" para se pronunciar. Ainda segundo integrantes do governo, o presidente considera qualquer pronunciamento uma afobação e vai aguardar o término dos processos judiciais movidos por Trump, que não reconhece a derrota e contesta o resultado alegando, sem provas, que há fraude no processo judicial.
A postura de Bolsonaro segue recomendações de sua assessoria para um dos cenários previstos, uma vitória com margem apertada de votos e a contestação judicial por parte do aliado, o republicano Donald Trump. Esse era o conselho dado ao presidente nessa hipótese para que não se precipitasse na comunicação virtual, como antecipou o Estadão na manhã da última segunda-feira (2).
Integrantes do Planalto argumentam que nenhum Estado encerrou oficialmente a apuração, e, portanto, a vitória do democrata está sendo declarada pela imprensa. O silêncio de Bolsonaro, porém, não está atrelado a uma expectativa de reviravolta nas urnas, mas a uma "prudência" de que a imprensa, alvo frequente de ataques de Trump e Bolsonaro, tenha errado. A militância bolsonarista, por sua vez, segue reproduzindo que há fraude no processo eleitoral, o que não tem respaldo das autoridades americanas.
O silêncio de Bolsonaro contrasta com o estilo do presidente, que costuma usar as redes sociais para rebater ou felicitar adversários. Foi o que ocorreu, por exemplo, em 30 de setembro, quando Biden fez críticas à preservação da Amazônia e ameaçou sanções econômicas sobre o governo brasileiro. Bolsonaro não demorou a rebater o democrata nas redes.
O Estadão entrou em contato com o Ministério das Relações Exteriores e o Palácio do Planalto sobre o resultado das eleições nos EUA, mas o governo não se pronunciou.
As primeiras autoridades do Brasil a reconhecerem o triunfo do democrata foram o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e o vice, Marcos Pereira (Republicanos-SP), num indicativo de que o caminho para aproximação entre os países pode ser o parlamento.
"A vitória de Joe Biden restaura os valores da democracia verdadeiramente liberal, que preza pelos direitos humanos, individuais e das minorias. Parabenizo o presidente eleito e, em nome da Câmara dos Deputados, reforço os laços de amizade e cooperação entre as duas nações", publicou Maia, minutos após o anúncio pela imprensa dos EUA.
"Parabenizo Joe Biden pela vitória. O democrata é o 46º presidente dos Estados Unidos da América. Faço votos que seu mandato seja frutífero e benéfico para todos. A beleza da democracia é a alternância no poder", escreveu Pereira.
É comum que chefes de governo se manifestem logo após um país chegar ao resultado das eleições presidenciais. Alguns dos primeiros foram os primeiros-ministros do Canadá, Justin Trudeau, da Alemanha, Angela Merkel, e das Ilhas Fiji, Frank Bainimarama, que parabenizou Biden antecipadamente, nas primeiras horas deste sábado, dia 7, antes mesmo da projeção do resultado. Adversário de Bolsonaro, o presidente da França, Emmanuel Macron, também felicitou Biden. Todos usaram suas redes sociais.
O momento de falar é uma decisão de política externa do Palácio do Planalto. E costuma variar de presidente para presidente. Em 2000, quando a eleição americana também passou por contestação na Justiça e recontagem de votos, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) só enviou carta ao republicano George W. Bush, vencedor, 36 dias após a votação, em dezembro. Bush derrotara Al Gore, democrata na sucessão de Bill Clinton, de quem FHC era amigo.
Agora, o tucano já abriu uma exceção e se manifestou porque, segundo ele, "vivemos nestes últimos dias um momento decisivo para a democracia". Ele fez crítica incisiva aos últimos pronunciamentos de Trump, que cita insistentemente ilegalidades na votação sem apresentar provas.
"Em dois séculos e meio, nenhum presidente americano havia buscado deslegitimar o processo eleitoral, um dos alicerces fundamentais da democracia. O atual o fez sistemática e deliberadamente. Sua reeleição representaria, portanto, um grave risco à democracia, e não só nos Estados Unidos. Por isso, pelo que não aconteceu, vivemos um momento histórico, que merece ser celebrado", afirmou FHC, em comunicado.
A missão da Organização dos Estados Americanos (OEA), que acompanha o pleito, divulgou não ter encontrado irregularidades graves na votação. Neste sábado, o presidente da OEA, Luís Almagro, parabenizou Biden e a vide Kamala Harris em publicação no Twitter. "Esperamos continuar trabalhando em estreita colaboração com os Estados Unidos pela democracia, direitos humanos, desenvolvimento e segurança no hemisfério", escreveu.
Segundo o Estadão apurou, assim que Bolsonaro decidir, a Presidência está pronta para fazer contato com o vencedor. Porém, não está descartado que Bolsonaro se manifeste apenas pelo Twitter. O chefe do Executivo também pode determinar que o contato seja feito pelo embaixador brasileiro nos Estados Unidos, Nestor Foster.
Já Luiz Inácio Lula da Silva, em 2008, telefonou para Barack Obama no mesmo dia do anúncio do resultado. O presidente eleito americano retornou dias depois e eles conversaram por 15 minutos Por sua vez, Michel Temer, em 2016, preferiu parabenizar com um telegrama.
"
["author"]=>
string(35) " FELIPE FRAZÃO- ESTADÃO CONTEÚDO"
["user"]=>
NULL
["image"]=>
array(6) {
["id"]=>
int(572150)
["filename"]=>
string(15) "doistoletes.jpg"
["size"]=>
string(5) "28679"
["mime_type"]=>
string(10) "image/jpeg"
["anchor"]=>
NULL
["path"]=>
string(6) "posts/"
}
["image_caption"]=>
string(92) " Presidentes trocaram camisas das seleções de seus países /Foto: BRENDAN SMIALOWSKI / AFP"
["categories_posts"]=>
NULL
["tags_posts"]=>
array(0) {
}
["active"]=>
bool(true)
["description"]=>
string(167) "Mais de uma hora depois de divulgado o resultado, nem o Palácio do Planalto nem o Ministério das Relações Exteriores se pronunciaram
"
["author_slug"]=>
string(30) "felipe-frazao-estadao-conteudo"
["views"]=>
int(71)
["images"]=>
NULL
["alternative_title"]=>
string(0) ""
["featured"]=>
bool(false)
["position"]=>
int(0)
["featured_position"]=>
int(452)
["users"]=>
NULL
["groups"]=>
NULL
["author_image"]=>
NULL
["thumbnail"]=>
NULL
["slug"]=>
string(79) "bolsonaro-silencia-e-planalto-ve-manifestacao-de-vitoria-de-biden-como-afobacao"
["categories"]=>
array(1) {
[0]=>
array(9) {
["id"]=>
int(431)
["name"]=>
string(9) "Política"
["description"]=>
NULL
["image"]=>
NULL
["color"]=>
string(7) "#a80000"
["active"]=>
bool(true)
["category_modules"]=>
NULL
["category_models"]=>
NULL
["slug"]=>
string(8) "politica"
}
}
["category"]=>
array(9) {
["id"]=>
int(431)
["name"]=>
string(9) "Política"
["description"]=>
NULL
["image"]=>
NULL
["color"]=>
string(7) "#a80000"
["active"]=>
bool(true)
["category_modules"]=>
NULL
["category_models"]=>
NULL
["slug"]=>
string(8) "politica"
}
["tags"]=>
NULL
["created_at"]=>
object(DateTime)#539 (3) {
["date"]=>
string(26) "2020-11-07 17:57:16.000000"
["timezone_type"]=>
int(3)
["timezone"]=>
string(13) "America/Bahia"
}
["updated_at"]=>
object(DateTime)#546 (3) {
["date"]=>
string(26) "2021-01-19 23:15:43.000000"
["timezone_type"]=>
int(3)
["timezone"]=>
string(13) "America/Bahia"
}
["published_at"]=>
string(25) "2020-11-07T18:00:00-03:00"
["group_permissions"]=>
array(4) {
[0]=>
int(1)
[1]=>
int(4)
[2]=>
int(2)
[3]=>
int(3)
}
["image_path"]=>
string(21) "posts/doistoletes.jpg"
}
POSTURA
O presidente Jair Bolsonaro silenciou sobre a eleição do democrata Joe Biden à presidência dos EUA, resultado projetado pela imprensa norte-americana. Mais de uma hora depois de divulgado o resultado, nem o Palácio do Planalto nem o Ministério das Relações Exteriores se pronunciaram. A decisão isola o Brasil no plano internacional, depois que outros chefes de Estado e governo já reconheceram a vitória de Biden e o congratularam nas redes sociais.
De acordo com fontes do Planalto, Bolsonaro reagiu com "tranquilidade" ao resultado e reforçou que vai esperar um "quadro concreto" para se pronunciar. Ainda segundo integrantes do governo, o presidente considera qualquer pronunciamento uma afobação e vai aguardar o término dos processos judiciais movidos por Trump, que não reconhece a derrota e contesta o resultado alegando, sem provas, que há fraude no processo judicial.
A postura de Bolsonaro segue recomendações de sua assessoria para um dos cenários previstos, uma vitória com margem apertada de votos e a contestação judicial por parte do aliado, o republicano Donald Trump. Esse era o conselho dado ao presidente nessa hipótese para que não se precipitasse na comunicação virtual, como antecipou o Estadão na manhã da última segunda-feira (2).
Integrantes do Planalto argumentam que nenhum Estado encerrou oficialmente a apuração, e, portanto, a vitória do democrata está sendo declarada pela imprensa. O silêncio de Bolsonaro, porém, não está atrelado a uma expectativa de reviravolta nas urnas, mas a uma "prudência" de que a imprensa, alvo frequente de ataques de Trump e Bolsonaro, tenha errado. A militância bolsonarista, por sua vez, segue reproduzindo que há fraude no processo eleitoral, o que não tem respaldo das autoridades americanas.
O silêncio de Bolsonaro contrasta com o estilo do presidente, que costuma usar as redes sociais para rebater ou felicitar adversários. Foi o que ocorreu, por exemplo, em 30 de setembro, quando Biden fez críticas à preservação da Amazônia e ameaçou sanções econômicas sobre o governo brasileiro. Bolsonaro não demorou a rebater o democrata nas redes.
O Estadão entrou em contato com o Ministério das Relações Exteriores e o Palácio do Planalto sobre o resultado das eleições nos EUA, mas o governo não se pronunciou.
As primeiras autoridades do Brasil a reconhecerem o triunfo do democrata foram o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e o vice, Marcos Pereira (Republicanos-SP), num indicativo de que o caminho para aproximação entre os países pode ser o parlamento.
"A vitória de Joe Biden restaura os valores da democracia verdadeiramente liberal, que preza pelos direitos humanos, individuais e das minorias. Parabenizo o presidente eleito e, em nome da Câmara dos Deputados, reforço os laços de amizade e cooperação entre as duas nações", publicou Maia, minutos após o anúncio pela imprensa dos EUA.
"Parabenizo Joe Biden pela vitória. O democrata é o 46º presidente dos Estados Unidos da América. Faço votos que seu mandato seja frutífero e benéfico para todos. A beleza da democracia é a alternância no poder", escreveu Pereira.
É comum que chefes de governo se manifestem logo após um país chegar ao resultado das eleições presidenciais. Alguns dos primeiros foram os primeiros-ministros do Canadá, Justin Trudeau, da Alemanha, Angela Merkel, e das Ilhas Fiji, Frank Bainimarama, que parabenizou Biden antecipadamente, nas primeiras horas deste sábado, dia 7, antes mesmo da projeção do resultado. Adversário de Bolsonaro, o presidente da França, Emmanuel Macron, também felicitou Biden. Todos usaram suas redes sociais.
O momento de falar é uma decisão de política externa do Palácio do Planalto. E costuma variar de presidente para presidente. Em 2000, quando a eleição americana também passou por contestação na Justiça e recontagem de votos, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) só enviou carta ao republicano George W. Bush, vencedor, 36 dias após a votação, em dezembro. Bush derrotara Al Gore, democrata na sucessão de Bill Clinton, de quem FHC era amigo.
Agora, o tucano já abriu uma exceção e se manifestou porque, segundo ele, "vivemos nestes últimos dias um momento decisivo para a democracia". Ele fez crítica incisiva aos últimos pronunciamentos de Trump, que cita insistentemente ilegalidades na votação sem apresentar provas.
"Em dois séculos e meio, nenhum presidente americano havia buscado deslegitimar o processo eleitoral, um dos alicerces fundamentais da democracia. O atual o fez sistemática e deliberadamente. Sua reeleição representaria, portanto, um grave risco à democracia, e não só nos Estados Unidos. Por isso, pelo que não aconteceu, vivemos um momento histórico, que merece ser celebrado", afirmou FHC, em comunicado.
A missão da Organização dos Estados Americanos (OEA), que acompanha o pleito, divulgou não ter encontrado irregularidades graves na votação. Neste sábado, o presidente da OEA, Luís Almagro, parabenizou Biden e a vide Kamala Harris em publicação no Twitter. "Esperamos continuar trabalhando em estreita colaboração com os Estados Unidos pela democracia, direitos humanos, desenvolvimento e segurança no hemisfério", escreveu.
Segundo o Estadão apurou, assim que Bolsonaro decidir, a Presidência está pronta para fazer contato com o vencedor. Porém, não está descartado que Bolsonaro se manifeste apenas pelo Twitter. O chefe do Executivo também pode determinar que o contato seja feito pelo embaixador brasileiro nos Estados Unidos, Nestor Foster.
Já Luiz Inácio Lula da Silva, em 2008, telefonou para Barack Obama no mesmo dia do anúncio do resultado. O presidente eleito americano retornou dias depois e eles conversaram por 15 minutos Por sua vez, Michel Temer, em 2016, preferiu parabenizar com um telegrama.