Brasil247 - Depois de cancelar uma entrevista coletiva em Davos, onde seria questionado sobre a crise de seu governo e em especial sobre o agravamento da situação de seu filho Flávio Bolsonaro, e de chamar a imprensa de "antiprofissional", Bolsonaro chamou a TV Record do amigo Edir Macedo para uma conversa de amigos, sem questionamentos, na noite desta quarta-feira (23). Na entrevista, recuou da posição anunciada horas antes, na qual praticamente lançara o filho ao mar (aqui). De maneira espantosa, chamou seu filho de "garoto". A frase foi literalmente esta: "Não é justo atingir um garoto para tentar me atingir". O "garoto" tem 37 anos, é deputado estadual no Rio de Janeiro e foi eleito senador.
Bolsonaro estendeu uma rede de solidariedade ao filho, em cujo gabinete na Assembleia do Rio de Janeiro, ao que indicam as investigações em curso, funcionou uma sede do Escritório do Crime, um dos grupos de milicianos que aterrorizam a zona oeste da capital carioca e é suspeito de ter assassinado Marielle Franco e Anderson Gomes em março de 2018. As frases de Bolsonaro:
"Acredito nele. Há pressão enorme em cima dele e é pra tentar me atingir. Ele tem explicado tudo o que acontece com ele nessas acusações infundadas. Não é justo atingir um garoto, fazer o que estão fazendo com ele, para tentar me atingir. (...) Ao meu filho aquele abraço, fé em Deus que tudo será esclarecido"
A declaração tem um altíssimo risco para a sobrevida do governo Bolsonaro. Ao afirmar que alguém (não se sabe quem) atinge seu filho para atingi-lo, e defender Flávio abertamente, o presidente de 24 dias joga por terra todo o esforço da cúpula do governo de afastá-lo da crise e novamente se coloca no olho do furacão.
Na manhã desta quinta-feira, Guilherme Boulos, ex-candidato do PSOL à Presidência e líder dos sem teto do país, indicou o potencial explosivo das declarações, e ironizou, em um tweet: