O ex-chanceler dos governos Lula, embaixador Celso Amorim, avaliou que as Forças Armadas estão divididas quanto ao apoio a Jair Bolsonaro. Ele ressaltou, no entanto, que a divergência nos quartéis pode até mesmo fazer parte de uma estratégia golpista. 

Em entrevista à TV 247, Amorim destacou que um eventual golpe em 2022, caso Bolsonaro seja derrotado nas urnas, contaria mais com o apoio de milícias. O presidente tem ligação estreita com os grupos armados e vem flertando com a possibilidade de não aceitar o resultado eleitoral.

Desta forma, as revelações que vêm emergindo da CPI da Covid sobre o envolvimento de militares na corrupção no Ministério da Saúde pode ter sido premeditada, uma vez que membros do alto comando das Forças Armadas, como o general Santos Cruz, negam estar aliados a Bolsonaro. 

 

“Sem querer fazer uma interpretação abusiva, acredito que isso [a divisão nas Forças Armadas] possa ser proposital. Porque, para um eventual golpe, que espero que não ocorra, o Bolsonaro conta mais com elementos da polícia, com a milícia. Ele precisa que as Forças Armadas sejam neutralizadas. Acredito que essa seja a expectativa dele”, disse o embaixador.

“Porque o que eu temo numa eventual situação extrema é até uma divisão. Conflitos internos nas Forças Armadas, porque o alto comando pode pender para um lado e escalões inferiores para o outro. Isso pode se refletir em algum comandante também. Então, de certa maneira, talvez até a desmoralização das Forças Armadas faça parte. Quando se diz que é o ‘meu Exército’, está desmoralizando. Não é só uma visão equivocada”, completou.