STF

FOLHAPRESS - O advogado do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) Paulo Amador Cunha Bueno negou ao Supremo Tribunal Federal (STF) que tenha atuado para conseguir detalhes da delação premiada do tenente-coronel Mauro Cid.

Na última quarta (25/6), Alexandre de Moraes determinou que a Polícia Federal ouvisse Cunha Bueno e Fábio Wajngarten sobre suposta tentativa de obter informações sobre a colaboração. Segundo o ministro, relatos enviados por Cid e familiares indicam a "suposta prática dos crimes de obstrução de investigação de infração penal que envolva organização criminosa".

Cunha Bueno é um dos advogados que compõem a equipe de defesa de Bolsonaro no STF. Wajngarten também foi advogado do ex-presidente e o assessorou até ser demitido no mês passado.

Segundo a defesa de Cid, a mãe dele, Agnes Barbosa Cid, foi abordada "em eventos realizados na Hípica de São Paulo" por Luiz Eduardo Kuntz, advogado que afirma ter recebido mensagens do tenente-coronel sobre a delação, e por Bueno.

Ainda de acordo com os advogados do militar, ambos "cercaram-na no sentido de demover a defesa então constituída por Mauro Cid".

Bueno confirmou ao STF ter sido apresentado a Agnes na Sociedade Hipica Paulista, mas negou o conteúdo da conversa relatado por Cid.

O advogado afirmou que "o encontro foi bastante breve, amistoso e absolutamente protocolar" e que, nele, elogiou o desempenho da neta de Agnes na equitação. "Nada para além disso", disse.

A defesa de Bueno afirma que ele e Cid se conheceram em março de 2023, pouco depois de o advogado ter assumido o caso das joias presenteadas pela Arábia Saudita.

De acordo com o advogado, o contato à época foi necessário porque parte "parte do processo de recebimento, catalogação e encaminhamento de presentes oficiais, era de atribuição da pasta da Ajudância de Ordens, função por ele liderada durante o governo Bolsonaro".

Trama golpista

Ainda segundo a petição, a partir daí, Bueno manteve contatos esporádicos com o militar até a prisão de Cid, em maio de 2023. Os dois teriam voltado a se encontrar apenas na sessão de interrogatórios da trama golpista, em junho deste ano -"ocasião em que se limitou a um breve cumprimento com gesto de cabeça", diz o advogado de Bueno.

O defensor diz que o tenente-coronel tenta impor outra narrativa diante de evidências de que violou seu acordo de colaboração.

No mesmo caso, o coronel da reserva Marcelo Câmara, ex-assessor do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e réu no processo sobre a trama golpista, foi preso pela Polícia Federal em 18 de junho.

A decisão ocorreu após o advogado do militar, Luiz Eduardo Kuntz, enviar ao Supremo mensagens e áudios que teriam sido trocados entre Câmara e o tenente-coronel Mauro Cid sobre conteúdo relacionado à delação premiada firmada pelo ex-ajudante de ordens de Bolsonaro.

Com base nas conversas, o defensor pediu que a colaboração fosse anulada.

Em sua decisão, Moraes afirma que Câmara cumpria medidas cautelares que o impossibilitavam de manter contato com os demais investigados da trama golpista, inclusive por meio de terceiros.