Brasília - Gustavo Bebianno, ministro da Secretaria-Geral da Presidência, expressou com clareza o objetivo do governo Bolsonaro: arrancar todos os direitos conquistados pela população brasileira nos últimos anos. "A suposta manutenção dos direitos que existem hoje é uma fantasia, porque o avião está caindo. Vai morrer todo mundo. Não adianta a achar que o avião vai continuar a voar com esse peso". Bebianno usa o argumento para defender a reforma da Previdência, mas ele pode ser estendido a todos os direitos sociais e econômicos.
Na entrevista, aos jornalistas Jussara Soares e Paulo Celso Pereira de O Globo, o ministro não fez qualquer menção ao pagamento dos juros da dívida pública aos bancos e rentistas do país, que sangra as finanças do Estado. De acordo com dados do Banco Central (BC), entre os meses de janeiro de 2017 e 2018, o governo brasileiro gastou exatos R$ 392 bilhões de seu orçamento federal com o pagamento de juros. No mesmo período, segundo dados da Secretaria de Previdência, ligada ao extinto Ministério da Fazenda, o déficit da Previdência teria ficado em R$ 268,8 bilhões. Os críticos da contabilidade governamental contestam os números do déficit da Previdência, pois eles não levam em conta a brutal inadimplência dos empresários, que deixam de recolher o que devem aos cofres públicos, e a contribuição governamental estabelecida pela Constituição (leia aqui).
Na mesma entrevista, Bebianno informou que para o núcleo do governo Bolsonaro ligado aos interesses econômicos dos grandes grupos nacionais e estrangeiros, a "pauta de costumes" é secundária: "Em uma campanha, você expõe tudo aquilo que você tem vontade de implementar. Aqui no mundo real, ao longo de um governo, você tem nuances, as mais variadas possíveis, de natureza política, principalmente. Toda essa pauta conservadora é muito importante, ela é valiosa para nós, tem o seu lugar e será tratada ao longo do governo. No entanto, em curto prazo, o que nos interessa aprovar é a reforma da Previdência. Aprovada, o Brasil dará uma sinalização muito forte para os mercados interno e externo, será capaz de atrair investimentos, ampliar sua infraestrutura, e com isso ganhar musculatura para implementação de outras pautas".
Fonte: Brasil247