FOLHAPRESS - O presidente do STF, ministro Luís Roberto Barroso, divulgou uma carta neste domingo (13/7) em que, sem citar nominalmente o governo Donald Trump, rebate os argumentos dados pelo republicano para impor uma taxa de 50% sobre os produtos brasileiros exportados aos EUA.

Barroso diz que democracia não dá o direito de "torcer a verdade ou negar fatos concretos". "A democracia tem lugar para conservadores, liberais e progressistas. A oposição e a alternância no poder são da essência do regime. Porém, a vida ética deve ser vivida com valores, boa-fé e a busca sincera pela verdade", escreveu o ministro (leia mais abaixo a carta na íntegra).

O ministro rebateu afirmação de Trump de que o ex-presidente Jair Bolsonaro sofreria uma "caça às bruxas". "O julgamento ainda está em curso. [...] Se houver provas, os culpados serão responsabilizados. Se não houver, serão absolvidos. [...] No Brasil de hoje, não se persegue ninguém. Realiza-se a justiça, com base nas provas e respeitado o contraditório", diz Barroso.

O presidente do STF relembra ataques contra a democracia ao longo dos anos e diz que esperou o governo Lula (PT) se posicionar primeiro. "Cabia ao Executivo e, particularmente, à Diplomacia - não ao Judiciário - conduzir as respostas políticas imediatas, ainda no calor dos acontecimentos".

Tarifaço de Trump

O presidente Donald Trump anunciou na quarta-feira a aplicação de tarifas de importação de 50% sobre todos os produtos brasileiros. As taxas entrarão em vigor no dia 1º de agosto.

No anúncio, o republicano escreveu que Bolsonaro sofre uma "caça às bruxas". "Esse julgamento [sobre a tentativa de golpe de Estado] não deveria estar ocorrendo. É uma caça às bruxas que deve terminar imediatamente!", argumentou Trump. Ele também citou uma suposta desigualdade na relação comercial com o Brasil.

No entanto, relatório publicado na sexta-feira pela Amcham Brasil revela que o superávit comercial dos EUA em relação ao Brasil alcançou US$ 1,7 bilhão. Isso representa um aumento de aproximadamente 500% em comparação com o mesmo período de 2024.

O tarifaço anunciado por Trump virou disputa de narrativa entre apoiadores e opositores de Lula. Em entrevista ao Jornal da Record na quinta-feira, o presidente brasileiro disse que Bolsonaro deveria assumir a responsabilidade pelas taxas. O deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) afirmou que o petista contribuiu para a crise, mas que o ministro Alexandre de Moraes, do STF, é o principal culpado.