O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), tentou amenizar o tom golpista adotado pelo bolsonarismo contra o país e afirmou que a carta de Jair Bolsonaro, direcionada principalmente ao Supremo Tribunal Federal (STF), pode mudar a relação entre os poderes executivo e judiciário.

"Não é o momento para desarranjos institucionais. Que a carta do presidente seja uma oportunidade de recomeço de conversas para estabilização da política na vida do povo brasileiro", afirmou o parlamentar no Twitter. 

Na carta, Bolsonaro afirmou que suas "palavras, por vezes contundentes, decorreram do calor do momento". O documento foi redigido com a ajuda de Michel Temer, um dos responsáveis pelo golpe de 2016 e pela retomada de uma agenda que feriu direitos sociais, congelou investimentos públicos e entregou setores estratégicos para estrangeiros. 
 
No dia 7 de setembro, Bolsonaro disse para seus apoiadores que não acataria decisões do ministro do STF Alexandre de Moraes, relator do inquérito das fake news. Em agosto, o magistrado incluiu Bolsonaro no âmbito das investigações sobre a propagação de notícias falsas. 

O presidente do Supremo, Luiz Fux, disse na quarta-feira (8) que a declaração de Bolsonaro sobre não obedecer decisões da Corte "configura crime de responsabilidade, a ser analisado pelo Congresso Nacional".

O ministro do STF e presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Luís Roberto Barroso, disse nessa quinta-feira (9) que "o slogan para o momento brasileiro, ao contrário do propalado, parece ser: 'conhecerás a mentira e a mentira te aprisionará'".


Após o discurso do magistrado, Bolsonaro voltou a fazer ataques, ao dizer que Barroso "não convence ninguém".

Mais de cem pedidos de afastamento de Bolsonaro chegaram à Câmara dos Deputados. No dia 30 de junho, a Casa recebeu um superpedido de impeachment - a ideia de setores progressistas e da oposição foi unificar as mais de cem solicitações para que ele saia do cargo. 

Uma das acusações apontadas no documento foi o "crime contra o livre exercício dos Poderes. Ato: ameaças ao Congresso e STF, e interferência na PF". Outro crime citado foi "ameaça para constranger juiz. Ato: ataques ao Supremo". Também constou no superpedido a ilegalidade de "incitar militares à desobediência à lei ou infração à disciplina. Ato: ir a manifestação a favor da intervenção militar".