Envolvido em uma polêmica relacionada a empresas de marketing digital, que podem ter cometido crime eleitoral, o deputado federal Miguel Corrêa (PT) tem sofrido pressões internas cada vez menos tímidas para desistir de sua candidatura ao Senado. O parlamentar, por outro lado, afirma que resistirá e que continua candidato.
Nessa sexta-feira (31), o primeiro programa eleitoral de Corrêa foi boicotado por dirigentes do PT mineiro e não foi ao ar. As campanhas de deputados federais e estaduais também foram orientadas e não dar espaço ao parlamentar nos materiais gráficos. Em conversa com a reportagem, Corrêa disse não saber por que o programa não foi veiculado e afirmou ter sido pego de surpresa.
A presidente do diretório estadual do PT, Cida de Jesus, suplente de Miguel Corrêa no pleito ao Senado, negou que tenha se tratado de um boicote. “O erro foi na produtora, um erro técnico. Por isso que não foi para a televisão, mas já está tudo resolvido”, disse, garantindo ainda que não há possibilidades de o deputado deixar a candidatura.
Segundo interlocutores, no entanto, o programa de Corrêa,
“O grupo de Reginaldo decidiu sozinho, sem comunicar a mais ninguém. O acordo previsto era que Miguel teria 45 segundos de propaganda e o resto seria para Dilma Rousseff. Só que mandaram apenas materiais dela”, contou um petista. Nos 45 segundos que seriam destinados ao programa de Corrêa, o PT exibiu outro clipe, com falas e filmagens da ex-presidente.
>Reginaldo Lopes nega veementemente a situação. “Não tem nada disso, não coordeno nada de programa. Estou cuidando apenas da candidatura Lula-Haddad em Minas”, pontuou. Questionado se apoia a manutenção da candidatura de Corrêa, Lopes foi enfático. “Isso não é problema meu, quem vai decidir é o partido”.
Dilma também tem defendido com afinco que Corrêa deixe a candidatura. Ela tem discutido, de forma ríspida, com lideranças do partido em Minas por conta do deputado. A presença do parlamentar no ato político da última terça-feira, que contou com todos os candidatos do PT a cargos no Legislativo, foi vetada pela ex-presidente.
O governador Fernando Pimentel, porém, tem mantido apoio a Corrêa. O petista tem tentado contornar a situação junto a Dilma e a outros interlocutores do partido. Segundo a legislação, após o registro das chapas no TRE-MG, somente o candidato pode desistir – o que deixa o PT de mãos atadas nesse caso.
Apuração. O Ministério Público Federal em Minas já abriu investigação acerca das agências digitais de Miguel Corrêa. Há a suspeita de campanha irregular e até mesmo de uso de caixa 2.