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Em sua jornada digital e midiática para se tornar conhecido nacionalmente, Romeu Zema (Novo) tem conseguido espaço significativo fora do estado que governa e aproveita o momento de tensão diplomática para dar seus pitacos sobre questões internacionais. A última colaboração do governador mineiro para o repertório de alternativas ao tarifaço chantageador e predatório de Donald Trump ao Brasil foi a defesa da saída do Brasil do Brics, grupo formado originalmente junto a Rússia, China, Índia e África do Sul e que hoje simboliza mais de 40% da população mundial. Na sugestão publicada por ele em artigo na Folha de S. Paulo, reforça-se a percepção do governador como figura política com profunda aversão a qualquer possibilidade de autonomia.
Se antes ele se limitava a entrevistas e vídeos nas redes sociais para fazer discursos com palavras-chave que ativam o eleitorado bolsonarista sem apresentar qualquer embasamento para as críticas e muito menos propostas para soluções, ele agora mostrou que é capaz do mesmo também em forma de texto. Polivalente!
Nesse aspecto destaca-se o incômodo de os países do Brics não serem cristãos, por exemplo. Mas o maior destaque fica para a única alternativa apresentada ao bloco de emergentes: ingressar na Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). O governador trata como se fosse ação correlata a participação em duas organizações de natureza e função completamente distintas. Como se deixar o Brics e entrar na OCDE fosse algo como saltar fora do Regime de Recuperação Fiscal (RRF) e aderir ao Programa de Pleno Pagamento de Dívidas dos Estados (Propag), para ficarmos em termos mais conhecidos de nossa política doméstica.
Acima de tudo, o que o artigo escrito por Zema explicita é uma visão de política de quem tem verdadeira repulsa pelos movimentos de altivez e tentativa de autonomia. O Brics foi criado como uma organização política capaz de alinhar potências emergentes excluídas do cenário em que meia dúzia de países decide os rumos do planeta. O governador defende o alinhamento cego e servil aos Estados Unidos da mesma maneira que se comporta desesperadamente como um dependente do eleitorado do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Com suas renúncias fiscais de centenas de bilhões de reais, Zema quer Minas Gerais refém do empresariado. Busca também ser politicamente refém do bolsonarismo. Isso é grave quando se está à frente do segundo estado mais populoso do Brasil e com longa trajetória de protagonismo na política nacional.
A súplica pela saída do Brics ocorre, por exemplo, concomitantemente a uma negociação do Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG) para conseguir US$ 200 milhões junto ao banco do próprio grupo. O artigo pode sabotar uma negociação importante para expandir os contatos financeiros do estado e, obviamente, garantir recursos aos seus 853 municípios. Mais que isso, uma negociação da qual o governador não faz parte e é tocada pelo senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG) juntamente ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), e à instituição financeira internacional presidida por Dilma Rousseff (PT).
Antes disso, quando Pacheco capitaneou um amplo grupo político nas discussões para elaborar alternativa ao RRF que culminou no Propag, Zema também optou pela omissão. A possibilidade de pagar a dívida e render autonomia a Minas Gerais não parecia importante para o governador. Mesmo com o programa de refinanciamento já criado e pronto para a adesão, o Executivo estadual participa das negociações mais para fazer críticas ao governo federal e tentar impor neste contexto sua agenda privatista do que para oferecer alternativas de solução para o débito de R$ 170 bilhões que assombra os cofres mineiros.
Zema também baseia sua argumentação na saída do grupo de economias emergentes pela fragilidade democrática dos países integrantes. Este é um ponto inegável: há no Brics nações com governos autocratas que se perpetuam indefinidamente. Mas esse apreço à democracia não foi percebido quando o mineiro questionou a ocorrência da ditadura militar no Brasil ou quando defende reiteradamente anistia aos condenados do 8 de janeiro e muito menos quando visitou El Salvador de Nayib Bukele, recentemente agraciado por seus congressistas com a dádiva de reeleições eternas.
Por fim, é importante ressaltar que a China, principal parceiro comercial de Minas Gerais, foi o país mais visitado pelo governador durante seus sete anos de mandato. A manutenção da compra de fertilizantes russos, tão caros ao exaltado agro brasileiro, foi a mais celebrada incursão internacional do então presidente Bolsonaro, mesmo com Putin invadindo (mais uma vez) a Ucrânia. A Índia é uma parceira de primeira hora para um investimento bilionário de produção de insulina em parques industriais dentro de Minas Gerais. Vale a pena sabotar o Brics?
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Se antes ele se limitava a entrevistas e vídeos nas redes sociais para fazer discursos com palavras-chave que ativam o eleitorado bolsonarista sem apresentar qualquer embasamento para as críticas e muito menos propostas para soluções, ele agora mostrou que é capaz do mesmo também em forma de texto. Polivalente!
Nesse aspecto destaca-se o incômodo de os países do Brics não serem cristãos, por exemplo. Mas o maior destaque fica para a única alternativa apresentada ao bloco de emergentes: ingressar na Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). O governador trata como se fosse ação correlata a participação em duas organizações de natureza e função completamente distintas. Como se deixar o Brics e entrar na OCDE fosse algo como saltar fora do Regime de Recuperação Fiscal (RRF) e aderir ao Programa de Pleno Pagamento de Dívidas dos Estados (Propag), para ficarmos em termos mais conhecidos de nossa política doméstica.
Acima de tudo, o que o artigo escrito por Zema explicita é uma visão de política de quem tem verdadeira repulsa pelos movimentos de altivez e tentativa de autonomia. O Brics foi criado como uma organização política capaz de alinhar potências emergentes excluídas do cenário em que meia dúzia de países decide os rumos do planeta. O governador defende o alinhamento cego e servil aos Estados Unidos da mesma maneira que se comporta desesperadamente como um dependente do eleitorado do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
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A súplica pela saída do Brics ocorre, por exemplo, concomitantemente a uma negociação do Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG) para conseguir US$ 200 milhões junto ao banco do próprio grupo. O artigo pode sabotar uma negociação importante para expandir os contatos financeiros do estado e, obviamente, garantir recursos aos seus 853 municípios. Mais que isso, uma negociação da qual o governador não faz parte e é tocada pelo senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG) juntamente ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), e à instituição financeira internacional presidida por Dilma Rousseff (PT).
Antes disso, quando Pacheco capitaneou um amplo grupo político nas discussões para elaborar alternativa ao RRF que culminou no Propag, Zema também optou pela omissão. A possibilidade de pagar a dívida e render autonomia a Minas Gerais não parecia importante para o governador. Mesmo com o programa de refinanciamento já criado e pronto para a adesão, o Executivo estadual participa das negociações mais para fazer críticas ao governo federal e tentar impor neste contexto sua agenda privatista do que para oferecer alternativas de solução para o débito de R$ 170 bilhões que assombra os cofres mineiros.
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