INVESTIGAÇÃO

O presidente em exercício, Geraldo Alckmin (PSB), adotou uma postura discreta em relação à homologação da delação premiada de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes.

Em uma entrevista à Rádio Gaúcha, Alckmin não fez menção direta ao ex-presidente ou a Cid, limitando-se a enfatizar o valor da democracia e a importância do direito à defesa e da justiça.

"A democracia é um valor importantíssimo (...) O que queremos é que haja direito de defesa e que haja justiça", afirmou, sem expandir sobre o assunto.

Cid deixou a prisão em Brasília (DF) neste sábado (9), após decisão de Moraes, que homologou a delação premiada e a sua liberdade provisória, mas com medidas cautelares.

Cid deixou o prédio do Batalhão da Polícia do Exército, aproximadamente às 14h30. Ele estava acompanhado de seu advogado, Cezar Bitencourt. Eles não falaram com os jornalistas.

Ele terá que usar tornozeleira eletrônica e terá limitações nos horários em que poderá sair de casa, como à noite e aos fins de semana. Além disso, será afastado de todas as funções do Exército. O acordo já tinha sido aceito pela Polícia Federal, mas precisava da autorização do STF para se concretizar.

Na última quarta-feira (6), Mauro Cid foi pessoalmente ao Supremo, por livre e espontânea vontade, para confirmar a delação. Em uma audiência com um juiz auxiliar de Moraes, ele reforçou a intenção de fechar o acordo.

Entre as investigações relacionadas a Mauro Cid, estão um suposto esquema de venda e revenda ilegal de joias no exterior, que teriam sido presentes dados a Bolsonaro por delegações estrangeiras durante o seu mandato à frente do Planalto. A PF suspeita que o ex-presidente teria sido o mandante da organização.

Outras investigações que envolvem Cid dizem respeito a uma suposta falsificação dos cartões de vacina dele, de Bolsonaro e de outras pessoas próximas, além de uma suposta tentativa de invadir o sistema das urnas eletrônicas nas eleições de 2022.

O advogado de Bolsonaro,Fabio Wajngarten, que foi secretário de comunicação durante seu governo, afirmou na última quinta (7) que “não há o que delatar”.