ELEIÇÕES 2026

Em nova propaganda partidária do PSDB veiculada em Minas, o deputado federal Aécio Neves (PSDB) reapareceu no centro da cena política com críticas veladas ao governador Romeu Zema (Novo) e sinais de que pode voltar a disputar o Palácio Tiradentes em 2026.

“A verdade é que Minas parou. A verdade é que não participamos de nenhuma das grandes discussões nacionais e perdemos o essencial: nossa capacidade de investir em educação, saúde, segurança pública e infraestrutura, de investir em você. Isso tem que mudar rápido”, afirmou em vídeo publicado no Instagram.

Sem citar diretamente o nome de Zema, Aécio questiona a ausência de Minas no debate político nacional e faz comparações com os indicadores de seus dois mandatos como governador, entre 2003 e 2010. Na peça, ele resgata reportagens de jornais da época, como a que apontava Minas com o melhor ensino básico do país.

Ele também recorda levantamento do Datafolha de 2009, quando foi avaliado como o governador mais bem aprovado do Brasil.

Aécio evita dizer de forma explícita que será candidato, mas as mensagens de suas propagandas deixam no ar a sinalização de que pretende disputar novamente o governo de Minas. "O PSDB, você se lembra, já mostrou que sabe fazer. E quem já fez, pode fazer de novo”, disse nessa nova peça, publicada na quarta-feira (17/9).

Essa não é a primeira vez que o tucano mira o Executivo mineiro. Na semana passada, outra inserção do partido atacou a tentativa do governo Zema de privatizar estatais como Cemig, Copasa e Codemig. A propaganda foi exibida no mesmo dia em que a Assembleia Legislativa discutia projeto que elimina a exigência de referendo popular para a venda da Copasa.

“A Cemig, a Copasa e a Codemig eram motivo de orgulho dos mineiros, e seus resultados eram reinvestidos em programas sociais”, recordou Aécio em uma das peças.

PSDB tenta renascer com Aécio

A ofensiva do ex-governador ocorre em um momento em que o PSDB, reduzido a 13 deputados federais e três senadores, tenta recuperar espaço após perder seus últimos governadores e ver frustrada a fusão com o Podemos. Em Minas, o partido governou por 16 anos seguidos e, segundo a sigla, manteve a imagem de "defensor do patrimônio público". 

O próprio Aécio se movimenta para retomar a presidência nacional do PSDB e redesenhar seu papel em Brasília. Na última semana, o tucano promoveu um jantar com o ex-presidente Michel Temer (MDB), aproximou-se de Paulinho da Força (Solidariedade-SP) na discussão da anistia para condenados pelos atos de 8 de janeiro e se colocou contra a chamada PEC da Blindagem, que amplia a proteção de parlamentares contra investigações.

Inclusive, por meio de sua assessoria, Aécio fez questão de lembrar que, em 2001, ocupava a presidência da Câmara dos Deputados, justamente no momento em que foi revogada a exigência de aval do STF para abertura de processos contra parlamentares. A mudança, na época, foi conquistada sob intensa pressão popular contra a impunidade.

O retorno calculado de Aécio Neves

Uma eventual volta ao Palácio da Liberdade colocaria o tucano no páreo de uma disputa que já começa a ganhar contornos no segundo maior colégio eleitoral do país. Além dele, são cotados o vice-governador Mateus Simões (Novo), o senador Cleitinho Azevedo (Republicanos) e o ex-presidente do Senado Rodrigo Pacheco (PSD).Os movimentos de Aécio também coincidem com o desfecho de processos que antes limitavam sua atuação política. Em 2023, foi absolvido em segunda instância da acusação de corrupção passiva ligada ao caso JBS, e, no ano passado, o STF arquivou inquérito que apurava supostos repasses da OAS.