A queda de Roberto Alvim após parafrasear o ministro de Hitler, Joseph Goebbels, em um vídeo em que anuncia um programa de apoio às artes foi encarada de muitas maneiras na internet nesta sexta-feira (17). Do deboche à preocupação com novas manifestações de totalitarismo, políticos, jornalistas e internautas famosos e comuns usaram as redes para pedir a reformulação do edital do Prêmio Nacional da Artes, exigir punição severa ao agora ex-secretário de Cultura do governo Bolsonaro e até para conspirar sobre uma “armadilha” contra Alvim. Muitos lembraram que apesar da demissão, o projeto do fascismo do governo é mantido.

“A pressão ampla e forte derrubou o nazista Roberto Alvim. É igualmente necessário derrubar o edital que pretende moldar sob inspiração nazista a produção artística e cultural do Brasil. Pressão, mais pressão! O Brasil precisa!”, defendeu o vice-líder do PCdoB, deputado federal Márcio Jerry (MA).

"Demitiram o nazista mas o projeto existe. Bolsonaro prometeu eliminar ideologia de esquerda para substituí-la pela sua. Ele só tirou o secretário porque integrantes da elite que o apoia reclamaram. Muitos dessa elite silenciaram quando ele foi à Hebraica humilhar os negros", lembrou a jornalista Carla Jimenez.

O jornalista Reinaldo Azevedo reforçou o pensamento: "Roberto Alvim protagonizou o disparate final. Caiu quem jamais deveria ter ascendido não estivéssemos num hospício ideológico. Pergunta óbvia: ele se vai, mas as intenções e os valores do governo que o conduziu à secretaria de Cultura mudaram? Resposta igualmente óbvia: não!". 

A deputada Sâmia Bomfim (PSOL-SP) também exigiu medidas severas para o ex-secretário e a reformulação de todo o conteúdo das ações na área cultural. “Alvim caiu, mas precisa responder judicialmente por seu discurso. Exigimos que seu programa de incentivo às artes seja substituído por outro que respeite valores democráticos e a diversidade cultural do nosso país. O fascismo incrustado no governo Bolsonaro tem que ser derrotado”, exigiu. 

"Curioso pra saber a opinião da Regina Duarte, do Carlos Vereza e do Márcio Garcia sobre o agora ex-secretário da Cultura, “discípulo” de Goebbels. Quando ele ofendeu a Fernanda Montenegro, o silêncio deles lembrou o dos artistas colaboracionistas da época do nazismo", cobrou o jornalista Florestan Fernandes Jr. 


"Só queria entender os critérios que norteiam qual nazista pode e qual não pode ficar no governo Bolsonaro", completou. Não muito depois da postagem de Florestan, a atriz da Globo Regina Duarte foi convidada a assumir o lugar de Alvim. Ela prometeu resposta até este sábado 18.

A deputada Margarida Salomão (PT) lembrou que as revelações feitas pela jornalista Mônica Bergamo aclararam a ‘verdadeira’ razão pela qual o presidente Jair Bolsonaro teria optado pela demissão de seu aliado. “CONFIRMADO: PRESIDENTE LAMBE-BOTAS. Durante a manhã, a apuração dava conta de que Bolsonaro não queria demitir Roberto Alvim da secretaria de Cultura. O mistério foi solucionado pela jornalista Mônica Bergamo: Bolsonaro só demitiu Alvim em 'obediência' a Israel”, explicou a deputada mineira. 

Apoio a Bolsonaro


Deputada federal eleita pelo PSL, Alê Silva (MG) tratou de tentar colocar panos quentes no mais novo escândalo protagonizado pelo Governo. “Pronto, é assim que se resolve um problema. Ninguém precisa fazer tempestade num copo d’água e nem querer usar o tal discurso para atacar o nosso Governo”, escreveu, anexando à mensagem o tuíte de Bolsonaro que comunica o afastamento de Alvim. 

Caso vira meme

Internautas menos conhecidos recorreram a piadas para comentar o caso. “Alvim vai chegar em casa e chorar muito assistindo ‘A Queda! As Últimas Horas de Hitler’ (2004)”, ironizou uma seguidora, citando o filme que retrata o fim do nacional socialismo vivido pela Alemanha. Outro preferiu comentar a postura da oposição. “Fato é que a queda do ministro Alvim entristeceu os opositores do governo. Queriam que o presidente o protegesse para terem motivo para atacar, já estão cansados de atacar sem motivo”, defendeu. 

Outra apontou o risco inserido na decisão de Jair Bolsonaro. “Aos que celebram a demissão de Alvim como se vitória fosse: não é. Ao contrário: mesmo sendo responsável direto por tudo o que está acontecendo, Bolsonaro corre o risco de ser visto como virtuoso por demiti-lo. Nada além da queda de Bolsonaro é vitória de agora em diante. Nada”, afirmou temerosa. “Um artista da alta qualidade de Alvim sabe que a Arte é universal e atemporal, jamais cometeria tal erro conscientemente. Para mim foi armadilha, infiltração inimiga dentro de casa”, disse um internauta, respondendo a uma possível teoria da conspiração contra o secretário com propensões nazistas.