Brasília - Em sua coluna no Estado de S.Paulo nesta domingo (17), Eliane Cantanhêde acena para uma militarização ainda maior do governo. "A queda estrondosa do ministro Gustavo Bebianno e a confirmação de que o Brasil vive a era da "filhocracia" reforçam uma tendência clara: quanto mais o presidente Jair Bolsonaro tropeça nos próprios pés, mais os militares se aprumam, ganham poder e se infiltram em todos os setores do governo, não mais apenas em áreas fortes do Exército, como a infraestrutura, mas até em política externa, educação e meio ambiente".
A colunista cita o episódio do fim da Superintendência do Ibama no DF, ocorrido nesta semana, e a substituição de todos os demais 26 superintendentes estaduais, anunciada pelo ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, que tem como objetivo substituir pelo menos 20 deles por militares.
Na educação, pode haver uma experiência-piloto começando no Distrito Federal, "onde o governador Ibaneis Rocha criou por portaria a 'gestão compartilhada' das escolas, entre as secretarias da Educação e da Segurança, e assim empurrar policiais militares e bombeiros da reserva para 40 escolas até o fim do ano. Isso implica 'mais disciplina', com Hino Nacional todo dia, alunos de fardas e marchando", diz a colunista.
Segundo Eliane, os generais também agem para colocar um fim nas "maluquices" do chanceler Ernesto Araújo. "Enquanto recebiam representantes da China e do mundo árabe para amenizar o mal-estar causado pelo novo governo, também amansavam o próprio Araújo, que foi escolhido por Eduardo Bolsonaro, o 02 do presidente, e agora parou de escrever aquelas excentricidades", disse.