Brasil247 - A ministra-chefe da Secretaria das Relações Institucionais (SRI), Gleisi Hoffmann, afirmou que “a Justiça está cumprindo seu papel” ao comentar a prisão preventiva do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), decretada neste sábado (22) pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Para ela, a medida demonstra que instituições seguiram rigorosamente os ritos legais diante da gravidade das acusações envolvendo a tentativa de golpe de Estado no Brasil.

Moraes baseou sua decisão no risco concreto de fuga. A tornozeleira eletrônica usada por Bolsonaro desde julho foi rompida às 0h08 de sábado (22), episódio registrado durante uma vigília convocada pelo senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) em frente ao condomínio do ex-presidente. Para o ministro, a confusão poderia ter servido como cobertura para uma tentativa de deixar o país.

No despacho, Moraes destacou: "O Centro de Integração de Monitoração Integrada do Distrito Federal comunicou a esta Suprema Corte a ocorrência de violação do equipamento de monitoramento eletrônico do réu Jair Messias Bolsonaro, às 0h08min do dia 22/11/2025". Ele acrescentou que "a informação constata a intenção do condenado de romper a tornozeleira eletrônica para garantir êxito em sua fuga, facilitada pela confusão causada pela manifestação convocada por seu filho".

Outro fator considerado pelo ministro foi a possibilidade de Bolsonaro buscar abrigo diplomático. Moraes ressaltou que o condomínio onde o ex-presidente estava localizado fica a cerca de 13 quilômetros da embaixada dos Estados Unidos — aproximadamente 15 minutos de carro — e registrou ainda que Bolsonaro teria cogitado uma “fuga para a embaixada da Argentina, por meio de solicitação de asilo político àquele país”.

Para Gleisi Hoffmann, o conjunto desses elementos justifica a medida. A ministra avaliou que a decisão do STF reforça a proteção do Estado Democrático de Direito e encerra um ciclo marcado por tentativas de pressionar e intimidar as instituições. Ela afirmou que o país vive um momento de afirmação da legalidade e que processos ligados aos ataques à democracia devem seguir “com firmeza e transparência”.

A Polícia Federal cumpriu o mandado de prisão preventiva nas primeiras horas da manhã de sábado, levando Bolsonaro da residência onde cumpria prisão domiciliar desde 4 de agosto para a Superintendência da PF em Brasília. O comboio, formado por ao menos cinco veículos, chegou ao local por volta das 6h. A corporação informou que atuou por determinação do STF no processo que investiga a organização golpista.