Jornal GGN – Flávio Bolsonaro comprou e vendeu imóveis para encobrir o esquema de desvio de verbas conduzido na Assembleia do Rio pelo ex-assessor Fabrício Queiroz. É o que indica o Ministério Público estadual, no documento em que pede a quebra de sigilo de Flávio e mais de 90 pessoas que teriam alguma ligação com seu gabinete ou com a suposta rede de corrupção.
O documento foi vazado à revista Veja, que divulgou reportagem na noite desta quarta (15), informando que Flávio investiu R$ 9 milhões na compra de 19 imóveis, ao longo de 7 anos (2010 a 2017).
Há alguns dias, Jair Bolsonaro afirmou que esperava um “tsunami” contra o seu governo, mas não detalhou o tipo de ataque que esperava receber. A quebra de sigilo de Flávio e demais investigados foi autorizada pela 27ª Vara Criminal do Rio.
O MP do Rio afirmou no documento que Flávio pode ter recorrido à lavagem de dinheiro com transações imobiliárias para “simular ganhos de capital fictícios”, que encobririam “o enriquecimento ilícito decorrente dos desvios de recursos”. O filho do presidente teria lucrado pouco mais de R$ 3 milhões com esse esquema.
De acordo com os promotores, Flávio comprava os imóveis por valores subfaturados, e depois vendiam com uma “valorização excessiva”.
Em 2012, por exemplo, ele comporu um apartamento em Copacabana por R$ 140 mil, e vendeu 15 meses depois por R$ 550 mil, um lucro de quase 300%. O MP fez um levantamento e indicou que o imóvel naquela região deveria ter valorizado apenas 11% no período. No mesmo ano, outro apartamento, comprado por R$ 170 mil, e que deveria ter valorizado apenas 9%, foi vendido por R$ 573 mil (237% a mais).
Os dois apartamentos foram intermediados por um americano, Gleen Howard Dillard. O proprietário de um dos imóveis, Charles Eldering, acusou Dillard ao MP por não ter repassado a ele o valor da venda.
Entre dezembro de 2008 e setembro de 2010, Flávio adquiriu 10 salas comerciais na Barra da Tijuca, por R$ 2,6 milhões. “Em outubro de 2010, todos os imóveis foram vendidos para a empresa MCA Exportação e Participações por 3,167 milhões de reais. Os promotores ressaltam que o comprador tem, entre os sócios, a Listel S.A., sediada no Panamá, um paraíso fiscal”, divulgou a Veja.
O MP anotou que o COAF considera “sérios indícios da ocorrência de lavagem de dinheiro a realização de operações imobiliárias envolvendo pessoas jurídicos cujos sócios mantenham domicílio em países com tributação favorecida.”