Ingrediente que foi essencial para Manoel vencer a hesitação em mergulhar n as memórias do amigo falecido há 15 anos. O resultado é  “Meu Amigo Bussunda”, série já disponível no GloboPlay, dirigida por Manoel, Micael Langer e Júlia Besserman, filha de Bussunda.


“Basicamente foi uma jornada afetiva, né? Sou parte  integrante dessa história, tem uma primeira pessoas nisso, mas esta ideia de  ‘meu amigo’ não pertence só a mim, mas a várias pessoas”, registra Manoel, que tirou qualquer receio quando Langer apresentou-lhe um documentário da HBO.

“Os Diários Zen de Garry Shandling” conta a vida de um comediante americano pelo olhar de Judd Aptow, amigo e redator de Garry.  “A primeira dúvida foi: você vai dar conta de fazer um produto legal, que não seja piegas?  Não tinha certeza como entrar e com o que iríamos sair disso”.

Apesar de assumir o lado afetivo, Manoel tem que a convicção de que não fez uma série “chapa branca”, “contando tudo que lembravam, sem freios”, sobre o amigo que faleceu de forma precoce, aos 43 anos, durante a cobertura da Copa do Mundo de 2006, na Alemanha, vítima de um ataque cardíaco.


“Claro que a gente nunca iria fazer algo chapa branca. Mas uma das coisas que me chamou a atenção foi o quanto acaba sendo quase chapa branca porque é um carinho tão grande que as pessoas tem, que é impossível achar alguém que diga algo que possa ir contra a imagem do Bussunda. As opiniões  são muito parecidas”, registra Langer.

Dividido em quatro episódios, os três primeiros fazem um arco cronológico da trajetória do comediante, desde o garoto que matava aula e não gostava de tomar banho até o sucesso obtido com o Casseta & Planeta, que transformou o humor no país com “TV Pirata” e “Casseta & Planeta, Urgente!”.

A certa altura, Manoel – que também narra os episódios – conta que, ao fecharem o primeiro contrato com a Rede Globo, ele e Bussunda saíram para comemorar e, por nunca terem dinheiro suficiente, se deram um presente: pedir uma sobremesa após o almoço.

O tempo foi muito importante, segundo Manoel, para costurar uma narrativa bem-humorada, “olhando com carinho e saudade e não com melancolia ou algo pesado, como foi na época em que morreu”. Uma perspectiva que se soma ao capítulo assinado pela filha Júlia.

“A Julia traz essa particularidade, da ideia do gênero, por ser uma jovem mulher. Ele traz uma temática interessante, sobre buscar conhecer o pai que não pôde ter. Aí vemos o Bussunda doméstico, pai, um outro tipo de intimidade, vendo-o em aniversário de criança e em férias”, analisa Manoel.

A série também busca reconstituir as últimas horas do humorista na Alemanha. Uma das produtoras do “Casseta & Planeta, Urgente!” foi fundamental para colocar a última peça do quebra-cabeça.  “Ela é uma pessoa central, ajudando a derrubar a parede que sempre esbarrávamos”, destaca Langer.