'Bom Sucesso', trama das sete, usa criações clássicas como Peter Pan e Alice como metáfora para definir condição dos protagonistas. Trama inclui dono de editora e muitas referências a livros
array(31) {
["id"]=>
int(111905)
["title"]=>
string(68) "Novela global recorre à literatura para dar densidade a personagens"
["content"]=>
string(17099) "
Paloma (Grazi Massafera) é uma costureira de origem humilde que vive no bairro de Bom Sucesso, no subúrbio carioca, e sempre teve paixão pelos livros. Tanto é assim que ela batizou seus três filhos com nomes de personagens literárias: Alice (Bruna Inocêncio), Gabriela (Giovanna Coimbra) e Peter (João Bravo). Até que, um dia, sua vida vira de cabeça para baixo, quando recebe a notícia de quem tem apenas seis meses de vida. Pouco tempo depois, ela descobre que seu exame foi trocado com o de Alberto (Antonio Fagundes), dono de uma editora que está em crise. Paloma decide conhecê-lo e percebe que a literatura é um elo importante entre os dois.
Bom Sucesso, atual novela das 19h da Globo, escrita por Rosane Svartman e Paulo Halm, tem nos livros um de seus eixos temáticos. “Uma das inspirações veio há dois anos, quando trabalhei como curadora da Bienal do Livro e fiquei muito entusiasmada com aquele ambiente, unindo milhares de pessoas em torno do universo dos livros. Achamos que trazer o mundo da literatura era uma inspiração e uma homenagem ao que a gente faz, que é contar histórias. Além disso, a gente queria falar sobre o quão preciosa e única é a vida. A morte é a única certeza que a gente tem, e não precisa ser um tabu falar disso, especialmente porque, com a consciência de que nossos dias são finitos, podemos valorizar mais cada momento”, afirma Rosane.
Uma obra específica, A morte é um dia que vale a pena viver, da médica Ana Claudia Quintana Arantes, ajudou a nortear o folhetim. Paulo Halm afirma que o texto do folhetim “tem um diálogo contínuo com esse livro, que fala da mesma coisa que levantamos na novela: aproveitar ao máximo a vida. Aparentemente, é uma temática densa, mas trazemos uma abordagem leve e alto astral”. O autor diz que ele e Rosane são “leitores vorazes” e gostam de “dialogar com várias narrativas dentro do audiovisual”. Como exemplo, ele cita “Em Malhação - Sonhos (2014/2015), trouxemos o teatro e a música. Em Totalmente demais (2015/2016), o cinema e a poesia. Agora é a vez da literatura. Esse universo é muito rico e tem tudo a ver com a história da Paloma, uma mulher sonhadora e que tem a fantasia de viver suas próprias histórias”.
Não é de hoje que a teledramaturgia se apropria da literatura. O doutorando em comunicação social pela UFMG Rafael Barbosa Fialho Martins afirma que essa relação é profunda e contínua, lembrando que o gênero telenovela é originário dos folhetins franceses. “No Brasil, desde os seus primórdios, a televisão sempre se apropriou das obras literárias para criar seus produtos. Essas transposições geram modificações nos textos originais, mas é natural, porque cada meio tem suas especificidades. Mas, de uma maneira geral, as adaptações têm sido muito bem-feitas”, diz.
Três tramas no ar atualmente na TV brasileira são baseadas em clássicos nacionais ou estrangeiros: Éramos seis, na Globo, As aventuras de Poliana, no SBT/Alterosa, e A escrava Isaura, na Record. Mas Bom Sucesso traz algo diferente, que é ter a literatura presente nos diálogos e servindo como guia e referência para os personagens e situações. Além da editora Prado Monteiro, de propriedade do personagem de Fagundes, outros cenários remetem aos livros. Peter Pan, bar localizado em Búzios do bon vivant Marcos (Rômulo Estrela), e Chapeleiro Maluco (uma alusão à Alice no País das Maravilhas), restaurante frequentado pelos funcionários da editora.
METÁFORAS “Peter Pan e Alice são mais presentes porque são os livros que servem de metáforas para Marcos, o garoto que não quer crescer (e amar de verdade), e Paloma, a garota que é transportada para um mundo totalmente diferente do seu. Nesse sentido, as referências acabam se multiplicando. Pessoalmente, nem são livros tão marcantes para mim. Mas achamos que, até pelas adaptações para filmes e, principalmente, desenhos animados, esses textos acabaram virando histórias muito populares, muito conhecidas de um público mais amplo e, por isso, de fácil identificação e reconhecimento por parte do nosso espectador”, comenta Paulo Halm.
Desde que estreou, em julho, a novela tem reverenciado obras importantes da literatura. O autor diz que a escolha dos títulos abordados dialoga com o momento vivido pelos personagens. Boa parte das obras que Paloma lê, por exemplo, diz respeito aos seus conflitos e dúvidas, particularmente àqueles que se referem ao triângulo amoroso com Marcos e Ramon (David Junior): Otelo, Dom Casmurro, Primo Basílio, todos de alguma forma falam de uma mulher que está dividida entre seus sentimentos.
E os livros também ajudam a compreender a essência dos personagens, como cita o novelista. “Nana (Fabíula Nascimento) revive com seu pai, Alberto (Fagundes), o drama de A bela e a fera. Já Alberto tem como seu companheiro inseparável o Dom Quixote de La Mancha, de Cervantes. Mas nem sempre a gente consegue utilizar todos os livros que gostaríamos, por conta de direitos autorais, que nos impedem de citar autores mais recentes, brasileiros em sua grande maioria. Assim, acabamos nos restringindo aos clássicos da literatura mundial, que são ótimos, mas sentimos falta de usar livros e autores nacionais mais contemporâneos. Também citamos poemas, trechos de músicas, filmes... Isso é uma coisa que fazemos desde Malhação”, afirma o autor.
Um dos pontos altos da novela são as cenas dos sonhos ou de imaginação, em que há uma interpretação de clássicos da literatura pelos próprios personagens da novela. Paloma (Grazi Massafera) já foi Alice, Roxana, de Cyrano de Bergerac, e Desdêmona, de Otelo. O diretor Luiz Henrique Rios diz que, para criar as cenas, imaginam essa fantasia numa textura muito diferente daquela da novela. “Uma textura que não fosse realista, que fosse mais teatral, mais operística, mais simbólica, que permitisse que o lugar da imaginação do público acontecesse. Assim como a imaginação da personagem acontece. A gente mostra algo que acha belo e aponta alguns pequenos caminhos desse universo, permitindo que o público preencha com sua própria imaginação esse lugar pensado, sentido, vivido e narrado”, afirma.
PONTE Parceiro de Rosane Svartman e Paulo Halm em outros trabalhos, o diretor avalia que uma das razões de êxito de Bom Sucesso, que tem tido bons índices de audiência, é sua estratégia de fazer uma “ponte entre mundos”. Ele explica: “Nesse caso, a gente usa a literatura como essa ponte e consegue aproximar pessoas de experiências e universos tão distintos para um lugar de encontro, que é o lugar da cultura. Quando usamos a literatura, estamos contando as histórias do mundo, as histórias das histórias. Isso é totalmente universal, é capaz de unir qualquer um”.
Na opinião do diretor, “a TV também tem uma função de divulgar e transformar um sonho em algo possível. Quem já lidou com pessoas com dificuldade de leitura sabe que elas sonham poder ler mais, ser mais fluidas. A leitura é um lugar mágico, é um lugar que traz a possibilidade de entender o mundo diferente do meu. Acho que, quando a novela mostra a literatura, mostra o lugar da universalidade, de poder ver além de si próprio e se entender por meio de outras experiências. Como ocorre na própria novela.”
Rosane Svartman compara as apostas que uma novela faz ao ato de atirar “cartas ao vento”. “Não temos certeza quais vão voltar, para onde elas vão. De qualquer forma, falar de literatura é trazer para a novela as grandes histórias, as grandes narrativas. Isso só enriquece a nossa trama. Jamais subestimamos o espectador e é muito bom perceber que a audiência gosta de ter contato com a literatura por meio da novela.”
Num cenário de revolução digital, Paulo Halm não teme pelo futuro do livro. “A arte de contar histórias existe antes mesmo da escrita e acreditamos que vai sobreviver, mesmo que em formatos novos, pós-livro. Acreditamos e muito no poder das histórias e das narrativas, quaisquer que sejam seus suportes, inclusive – e por que não? – os livros como os conhecemos.”
OS BEST-SELLER DE BOM SUCESSO
1 – Alice no País das Maravilhas
O clássico de Lewis Carroll é uma das mais célebres obras do gênero nonsense. Além de ser citado em vários momentos, o livro inspira o nome da primogênita de Paloma (Grazi Massafera) e também o restaurante Chapeleiro Maluco.
2 – Gabriela, cravo e canela
O romance de Jorge Amado inspirou a protagonista na hora de escolher o nome da filha do meio. A obra narra o caso de amor entre o árabe Nacib e a sertaneja Gabriela e se passa na região cacaueira da Bahia.
3 – Peter Pan
O caçula de Paloma, interpretado por João Bravo, se chama Peter. É também a história de fundo do personagem Marcos (Rômulo Estrela), um garotão que leva uma boa vida e, no fundo, não quer crescer.
4 – Cyrano de Bergerac
Os autores buscavam um livro sobre um personagem que se sacrificava por amor. E Antônio Fagundes sugeriu a peça de teatro escrita em 1897 por Edmond Rostand, baseada na vida de Hector Savinien de Cyrano de Bergerac, escritor francês.
5 – Sherlock Holmes
O investigador mais famoso da literatura britânica criado pelo médico e escritor Arthur Conan Doyle é a todo momento lembrado pelos funcionários da editora Prado Monteiro, sobretudo quando têm que resolver algum mistério.
6 – O mágico de Oz
Um dos livros preferidos de Sofia (Valentina Vieira), neta de Alberto (Antonio Fagundes). É a partir da leitura desse clássico de L. Frank Baum ao lado da pequena que Alberto revê sua atitude em relação à vida e decide ir atrás de Paloma. A história é sobre Dorothy e seu cachorro Totó, que são levados para a terra mágica de Oz quando um ciclone passa pela fazenda de seus avós no Kansas.
7 – Otelo
A tragédia de Shakespeare é citada por Alberto em uma conversa com Paloma quando ela está cismada com os ciúmes doentios do noivo, Ramon (David Junior).
8 – Dom Casmurro
Clássico de Machado de Assis também lembrado por Alberto quando Paloma se queixa do seu relacionamento. Na história, Bentinho pensa o tempo inteiro que foi traído pela mulher, Capitu, e pelo seu melhor amigo, Escobar.
9 – A letra escarlate
Alberto recomenda a Paloma o livro publicado em 1850 pelo norte-americano Nathaniel Hawthorne. Ambientada numa colônia puritana nos EUA do século 17, a história é centrada em Hester Prynne, que, como a personagem de Grazi, é costureira. Ao dar à luz a um bebê cujo pai ela não pode revelar, Hester é exposta à humilhação pública e obrigada a usar uma letra "A" (de adúltera) em suas vestes.
10 - Dom Quixote de La Mancha
O clássico de Cervantes sobre o pequeno fidalgo castelhano que perdeu a razão por muita leitura de romances de cavalaria é um dos preferidos de Alberto, que, assim como o Triste Figura, é um idealista apaixonado pela leitura. Ambos se recusam a aceitar a decadência de suas atividades: enquanto Dom Quixote valoriza a honra da cavalaria, Alberto luta por sua editora.
'Bom Sucesso', trama das sete, usa criações clássicas como Peter Pan e Alice como metáfora para definir condição dos protagonistas. Trama inclui dono de editora e muitas referências a livros
Paloma (Grazi Massafera) é uma costureira de origem humilde que vive no bairro de Bom Sucesso, no subúrbio carioca, e sempre teve paixão pelos livros. Tanto é assim que ela batizou seus três filhos com nomes de personagens literárias: Alice (Bruna Inocêncio), Gabriela (Giovanna Coimbra) e Peter (João Bravo). Até que, um dia, sua vida vira de cabeça para baixo, quando recebe a notícia de quem tem apenas seis meses de vida. Pouco tempo depois, ela descobre que seu exame foi trocado com o de Alberto (Antonio Fagundes), dono de uma editora que está em crise. Paloma decide conhecê-lo e percebe que a literatura é um elo importante entre os dois.
Bom Sucesso, atual novela das 19h da Globo, escrita por Rosane Svartman e Paulo Halm, tem nos livros um de seus eixos temáticos. “Uma das inspirações veio há dois anos, quando trabalhei como curadora da Bienal do Livro e fiquei muito entusiasmada com aquele ambiente, unindo milhares de pessoas em torno do universo dos livros. Achamos que trazer o mundo da literatura era uma inspiração e uma homenagem ao que a gente faz, que é contar histórias. Além disso, a gente queria falar sobre o quão preciosa e única é a vida. A morte é a única certeza que a gente tem, e não precisa ser um tabu falar disso, especialmente porque, com a consciência de que nossos dias são finitos, podemos valorizar mais cada momento”, afirma Rosane.
Uma obra específica, A morte é um dia que vale a pena viver, da médica Ana Claudia Quintana Arantes, ajudou a nortear o folhetim. Paulo Halm afirma que o texto do folhetim “tem um diálogo contínuo com esse livro, que fala da mesma coisa que levantamos na novela: aproveitar ao máximo a vida. Aparentemente, é uma temática densa, mas trazemos uma abordagem leve e alto astral”. O autor diz que ele e Rosane são “leitores vorazes” e gostam de “dialogar com várias narrativas dentro do audiovisual”. Como exemplo, ele cita “Em Malhação - Sonhos (2014/2015), trouxemos o teatro e a música. Em Totalmente demais (2015/2016), o cinema e a poesia. Agora é a vez da literatura. Esse universo é muito rico e tem tudo a ver com a história da Paloma, uma mulher sonhadora e que tem a fantasia de viver suas próprias histórias”.
Não é de hoje que a teledramaturgia se apropria da literatura. O doutorando em comunicação social pela UFMG Rafael Barbosa Fialho Martins afirma que essa relação é profunda e contínua, lembrando que o gênero telenovela é originário dos folhetins franceses. “No Brasil, desde os seus primórdios, a televisão sempre se apropriou das obras literárias para criar seus produtos. Essas transposições geram modificações nos textos originais, mas é natural, porque cada meio tem suas especificidades. Mas, de uma maneira geral, as adaptações têm sido muito bem-feitas”, diz.
Três tramas no ar atualmente na TV brasileira são baseadas em clássicos nacionais ou estrangeiros: Éramos seis, na Globo, As aventuras de Poliana, no SBT/Alterosa, e A escrava Isaura, na Record. Mas Bom Sucesso traz algo diferente, que é ter a literatura presente nos diálogos e servindo como guia e referência para os personagens e situações. Além da editora Prado Monteiro, de propriedade do personagem de Fagundes, outros cenários remetem aos livros. Peter Pan, bar localizado em Búzios do bon vivant Marcos (Rômulo Estrela), e Chapeleiro Maluco (uma alusão à Alice no País das Maravilhas), restaurante frequentado pelos funcionários da editora.
METÁFORAS “Peter Pan e Alice são mais presentes porque são os livros que servem de metáforas para Marcos, o garoto que não quer crescer (e amar de verdade), e Paloma, a garota que é transportada para um mundo totalmente diferente do seu. Nesse sentido, as referências acabam se multiplicando. Pessoalmente, nem são livros tão marcantes para mim. Mas achamos que, até pelas adaptações para filmes e, principalmente, desenhos animados, esses textos acabaram virando histórias muito populares, muito conhecidas de um público mais amplo e, por isso, de fácil identificação e reconhecimento por parte do nosso espectador”, comenta Paulo Halm.
Desde que estreou, em julho, a novela tem reverenciado obras importantes da literatura. O autor diz que a escolha dos títulos abordados dialoga com o momento vivido pelos personagens. Boa parte das obras que Paloma lê, por exemplo, diz respeito aos seus conflitos e dúvidas, particularmente àqueles que se referem ao triângulo amoroso com Marcos e Ramon (David Junior): Otelo, Dom Casmurro, Primo Basílio, todos de alguma forma falam de uma mulher que está dividida entre seus sentimentos.
E os livros também ajudam a compreender a essência dos personagens, como cita o novelista. “Nana (Fabíula Nascimento) revive com seu pai, Alberto (Fagundes), o drama de A bela e a fera. Já Alberto tem como seu companheiro inseparável o Dom Quixote de La Mancha, de Cervantes. Mas nem sempre a gente consegue utilizar todos os livros que gostaríamos, por conta de direitos autorais, que nos impedem de citar autores mais recentes, brasileiros em sua grande maioria. Assim, acabamos nos restringindo aos clássicos da literatura mundial, que são ótimos, mas sentimos falta de usar livros e autores nacionais mais contemporâneos. Também citamos poemas, trechos de músicas, filmes... Isso é uma coisa que fazemos desde Malhação”, afirma o autor.
Um dos pontos altos da novela são as cenas dos sonhos ou de imaginação, em que há uma interpretação de clássicos da literatura pelos próprios personagens da novela. Paloma (Grazi Massafera) já foi Alice, Roxana, de Cyrano de Bergerac, e Desdêmona, de Otelo. O diretor Luiz Henrique Rios diz que, para criar as cenas, imaginam essa fantasia numa textura muito diferente daquela da novela. “Uma textura que não fosse realista, que fosse mais teatral, mais operística, mais simbólica, que permitisse que o lugar da imaginação do público acontecesse. Assim como a imaginação da personagem acontece. A gente mostra algo que acha belo e aponta alguns pequenos caminhos desse universo, permitindo que o público preencha com sua própria imaginação esse lugar pensado, sentido, vivido e narrado”, afirma.
PONTE Parceiro de Rosane Svartman e Paulo Halm em outros trabalhos, o diretor avalia que uma das razões de êxito de Bom Sucesso, que tem tido bons índices de audiência, é sua estratégia de fazer uma “ponte entre mundos”. Ele explica: “Nesse caso, a gente usa a literatura como essa ponte e consegue aproximar pessoas de experiências e universos tão distintos para um lugar de encontro, que é o lugar da cultura. Quando usamos a literatura, estamos contando as histórias do mundo, as histórias das histórias. Isso é totalmente universal, é capaz de unir qualquer um”.
Na opinião do diretor, “a TV também tem uma função de divulgar e transformar um sonho em algo possível. Quem já lidou com pessoas com dificuldade de leitura sabe que elas sonham poder ler mais, ser mais fluidas. A leitura é um lugar mágico, é um lugar que traz a possibilidade de entender o mundo diferente do meu. Acho que, quando a novela mostra a literatura, mostra o lugar da universalidade, de poder ver além de si próprio e se entender por meio de outras experiências. Como ocorre na própria novela.”
Rosane Svartman compara as apostas que uma novela faz ao ato de atirar “cartas ao vento”. “Não temos certeza quais vão voltar, para onde elas vão. De qualquer forma, falar de literatura é trazer para a novela as grandes histórias, as grandes narrativas. Isso só enriquece a nossa trama. Jamais subestimamos o espectador e é muito bom perceber que a audiência gosta de ter contato com a literatura por meio da novela.”
Num cenário de revolução digital, Paulo Halm não teme pelo futuro do livro. “A arte de contar histórias existe antes mesmo da escrita e acreditamos que vai sobreviver, mesmo que em formatos novos, pós-livro. Acreditamos e muito no poder das histórias e das narrativas, quaisquer que sejam seus suportes, inclusive – e por que não? – os livros como os conhecemos.”
OS BEST-SELLER DE BOM SUCESSO
1 – Alice no País das Maravilhas
O clássico de Lewis Carroll é uma das mais célebres obras do gênero nonsense. Além de ser citado em vários momentos, o livro inspira o nome da primogênita de Paloma (Grazi Massafera) e também o restaurante Chapeleiro Maluco.
2 – Gabriela, cravo e canela
O romance de Jorge Amado inspirou a protagonista na hora de escolher o nome da filha do meio. A obra narra o caso de amor entre o árabe Nacib e a sertaneja Gabriela e se passa na região cacaueira da Bahia.
3 – Peter Pan
O caçula de Paloma, interpretado por João Bravo, se chama Peter. É também a história de fundo do personagem Marcos (Rômulo Estrela), um garotão que leva uma boa vida e, no fundo, não quer crescer.
4 – Cyrano de Bergerac
Os autores buscavam um livro sobre um personagem que se sacrificava por amor. E Antônio Fagundes sugeriu a peça de teatro escrita em 1897 por Edmond Rostand, baseada na vida de Hector Savinien de Cyrano de Bergerac, escritor francês.
5 – Sherlock Holmes
O investigador mais famoso da literatura britânica criado pelo médico e escritor Arthur Conan Doyle é a todo momento lembrado pelos funcionários da editora Prado Monteiro, sobretudo quando têm que resolver algum mistério.
6 – O mágico de Oz
Um dos livros preferidos de Sofia (Valentina Vieira), neta de Alberto (Antonio Fagundes). É a partir da leitura desse clássico de L. Frank Baum ao lado da pequena que Alberto revê sua atitude em relação à vida e decide ir atrás de Paloma. A história é sobre Dorothy e seu cachorro Totó, que são levados para a terra mágica de Oz quando um ciclone passa pela fazenda de seus avós no Kansas.
7 – Otelo
A tragédia de Shakespeare é citada por Alberto em uma conversa com Paloma quando ela está cismada com os ciúmes doentios do noivo, Ramon (David Junior).
8 – Dom Casmurro
Clássico de Machado de Assis também lembrado por Alberto quando Paloma se queixa do seu relacionamento. Na história, Bentinho pensa o tempo inteiro que foi traído pela mulher, Capitu, e pelo seu melhor amigo, Escobar.
9 – A letra escarlate
Alberto recomenda a Paloma o livro publicado em 1850 pelo norte-americano Nathaniel Hawthorne. Ambientada numa colônia puritana nos EUA do século 17, a história é centrada em Hester Prynne, que, como a personagem de Grazi, é costureira. Ao dar à luz a um bebê cujo pai ela não pode revelar, Hester é exposta à humilhação pública e obrigada a usar uma letra "A" (de adúltera) em suas vestes.
10 - Dom Quixote de La Mancha
O clássico de Cervantes sobre o pequeno fidalgo castelhano que perdeu a razão por muita leitura de romances de cavalaria é um dos preferidos de Alberto, que, assim como o Triste Figura, é um idealista apaixonado pela leitura. Ambos se recusam a aceitar a decadência de suas atividades: enquanto Dom Quixote valoriza a honra da cavalaria, Alberto luta por sua editora.