Gravado em abril em São Paulo, o concerto reúne 25 músicas inéditas e narra os abusos de três mulheres. “Queríamos fazer um álbum diferente do que a gente fez a vida toda”, conta Branco ao Correio. “(O formato de ópera rock) tem a ver com nossa vontade de renovação. Tínhamos vontade de explorar uma linguagem diferente da que vínhamos fazendo e estimular nosso público com alternativas”, conta o artista.
Pouco exploradas no Brasil, as óperas rock foram consagradas por grupos como The Who (em Tommy) e Pink Floyd (em The wall). “Fizemos uma mistura de show, cinema e teatro”, resume o músico paulista.
A escolha da banda pelo formato vai na contramão da tendência atual. Cada vez mais artistas optam por lançar singles em plataformas de streaming no lugar de álbuns. Nas óperas rock, todas as faixas pertencem a um mesmo universo, já que são interligadas por uma narrativa em comum, com início, meio e fim. Para se ter a experiência completa e compreender toda a história, faz-se necessário ouvir faixa após faixa, respeitando a sequência dos atos.
Doze flores amarelas é dividido em três partes e conta as histórias de três jovens que usam um aplicativo de relacionamento chamado Facilitador para irem a uma festa. O que era para ser diversão torna-se pesadelo e elas acabam violentadas por cinco rapazes.
O grupo, que nunca teve uma integrante mulher nas quase quatro décadas de formação, contou com três cantoras no espetáculo: Corina Sabbas, Cyntia Mendes e Yas Werneck estão no vocais e interpretam as três Marias. Além de Branco Mello, estão no grupo desde o início Tony Bellotto e Sérgio Britto. Beto Lee assumiu o posto de Paulo Miklos toca a guitarra. A mãe dele, Rita Lee, narra os interlúdios do espetáculo. Mario Fabre completa o time na bateria.
Com apenas poucas apresentações da ópera rock, o grupo se prepara para rodar com o espetáculo no início de 2019. “Queremos viajar o Brasil o ano que vem. É um espetáculo mais complexo, com uma estrutura diferente, que queremos mostrar para o público.”
DUAS perguntas/Branco Mello
Você passou o intervalo entre a gravação e o lançamento tratando de câncer na laringe. Como foi esse período?
O tratamento é forte e puxado e fiquei muito muito mal, mas agora estou bem melhor. Me sinto apto a voltar a me apresentar e a fazer o lançamento do DVD com o grupo. Fui a programas de tevê de lá para cá e me sinto com saúde estável. É um diagnóstico muito forte. Foi difícil de lidar, apesar de que o tumor estava em fase inicial.Fiz uma projeção de tempo para poder voltar a me apresentar e eles me disseram que mais ou menos em outubro eu estaria bem.
Por que vocês decidiram fazer uma ópera rock?
Tem a ver com nossa vontade de renovação. Tínhamos vontade de explorar uma linguagem diferente da que vínhamos fazendo e estimular nosso público com alternativas. Pensamos há alguns anos em fazer um projeto diferente, que nos estimulasse a fazer tudo do início. Queríamos fazer um álbum diferente do que a gente fez a vida toda. Vimos na ópera rock a possibilidade de contar uma história do zero.