LUTO

Morreu nesta sexta-feira (8/8), aos 66 anos, o sambista Arlindo Cruz. Ele havia sofrido um AVC isquêmico em 2017 e lidava com sequelas graves desde então. A morte foi confirmada pela esposa Barbara (Babi) Cruz.

Arlindo estava internado desde 25 de março, após ser diagnosticado com pneumonia. Em março de 2017, o arista sofreu um AVC isquêmico que o deixou com sequelas na fala e na mobilidade. Desde então, enfrentou um longo processo de recuperação, com internações e tratamentos, mas manteve-se próximo da música e da família. Nas últimas semanas, seu estado de saúde se agravou.

Nascido em 14 de setembro de 1958, no Rio de Janeiro, Arlindo Domingos da Cruz Filho começou a tocar cavaquinho aos sete anos. Participou de rodas de samba com nomes como Candeia e integrou, a partir da década de 1980, o grupo Fundo de Quintal, referência do pagode. Em 1993, deixou a formação para seguir carreira solo, firmando-se como um dos maiores compositores e intérpretes do gênero.

Arlindo Cruz sempre reconheceu Candeia como seu padrinho musical, responsável por apresentá-lo profissionalmente ao universo do samba quando tinha apenas 13 anos. Aos 15 anos, no entanto, mudou-se para Barbacena para cursar a Escola Preparatória de Cadetes do Ar.

Livro "O sambista perfeito" conta a vida de Arlindo Cruz

Mesmo com a rotina intensa da formação militar, não se afastou da música: integrou o coral da instituição e chegou a vencer festivais na cidade e em Poços de Caldas. Ao deixar a Aeronáutica, voltou para op Rio de Janeiro e passou a frequentar, às quintas-feiras, as rodas de samba do Cacique de Ramos, tradicional reduto carioca.

Ali, conviveu com grandes nomes do gênero, entre eles Jorge Aragão, Almir Guineto, Beto Sem Braço, Beth Carvalho e Ubirani. O espaço também foi berço de talentos que despontavam na época, como Zeca Pagodinho e Sombrinha. A virada na carreira veio quando Jorge Aragão deixou o grupo Fundo de Quintal e Arlindo foi convidado a ocupar seu lugar.

Hitmaker do samba

Ao longo da carreira, teve mais de 550 músicas gravadas por ele e por diferentes intérpretes, como "Só pra contrariar", "Seja sambista também", "O mapa da mina" e "Castelo de cera". Também é autor de sucessos como "Meu lugar", "Será que é amor", "O show tem que continuar", "Meu poeta" e "O bem".  

Após deixar o Fundo de Quintal, firmou parceria musical com Sombrinha. Nessa época se casou com a porta-bandeira Babi Cruz, com quem teve dois filhos: Arlindinho e Flora Cruz. Nos anos 1990, passou a criar sambas-enredo para o Império Serrano, escola de seu coração, e, mais tarde, também colaborou com outras agremiações.

 A partir dos anos 2000, consolidou de vez sua carreira solo, lançando oito álbuns e alcançando o auge de sua popularidade. Nesse período, conquistou prêmios nacionais e recebeu quatro indicações ao Grammy Latino.

Reconhecido por sua voz calorosa e sua habilidade de transformar histórias do cotidiano em poesia cantada, Arlindo Cruz deixa um legado que atravessa gerações e marcou profundamente a história do samba brasileiro. Ele deixa os filhos Arlindinho e Flora Cruz, e a esposa Barbara Cruz, com quem era casado desde 2012.