“Guaicurus, Caetés, Goitacazes, Tupinambás, Aimorés...” A primeira estrofe de Ruas da cidade, composição de Lô e Márcio Borges, no disco Clube da esquina 2 (1978), é um passeio pelo Centro de Belo Horizonte. As ruas e esquinas marcaram, na década anterior, o encontro da geração que participou da gestação e gravação de Clube da esquina, de Milton Nascimento e Lô Borges, álbum de 1972, que colocou uma geração talentosa de mineiros definitivamente no mapa da música popular brasileira. Quase meio século depois, Bituca revisita os dois álbuns em shows nesta quinta (28), sábado (30) e domingo (31), no Palácio das Artes, com ingressos esgotados.
É o retorno do Clube à cidade responsável por reunir cantores, compositores e instrumentistas de diversas partes de Minas Gerais: o carioca Milton, levado ainda na infância para Três Pontas, onde conheceu Wagner Tiso, com quem se apresentou ainda na adolescência em clubes em Alfenas e outras cidades do Sul de Minas; o montes-clarense Beto Guedes; e o compositor Fernando Brant (1946-2015), que nasceu em Caldas, também no Sul do estado, mas logo se mudou para Diamantina, entre outros.
“Belo Horizonte é a referência urbana, da influência do rock, do jazz. Mas o disco Clube da esquina traz também uma coisa primitiva, de interior, que contrasta com essa coisa urbana de capital”, comenta o jornalista e antropólogo Paulo Thiago de Mello, autor de Milton Nascimento e Lô Borges: Clube da esquina, da coleção O livro do Disco (editora Cobogó). “BH é a capital do interior do Brasil, é urbana, cosmopolita, mas tem esse vínculo quase comunitário, os valores, a lentidão do interior, a distância do mar. Quase toda a cultura brasileira musical está no litoral, e Minas vai trazer essa força dos tambores, das toadas, da viola caipira”, diz.
Milton mudou-se para Belo Horizonte no fim de 1962, instalando-se no Edifício Levy, na Avenida Amazonas com Rua Curitiba. Logo arrumou emprego de escriturário no escritório das Centrais Elétricas de Furnas, na Praça Sete, a poucas quadras do Levy, que também era endereço da família de Wagner Tiso e da família de Salomão Borges, Maricota e sua prole de 11 filhos – entre eles, o garoto Lô. Anos depois, o reencontro dos dois, em Santa Tereza, alçaria a música mineira, definitivamente, à prateleira de cima da MPB.
O Estado de Minas selecionou nove endereços da capital mineira importantes para a reunião dos músicos nos anos 1960. Confira.
É o retorno do Clube à cidade responsável por reunir cantores, compositores e instrumentistas de diversas partes de Minas Gerais: o carioca Milton, levado ainda na infância para Três Pontas, onde conheceu Wagner Tiso, com quem se apresentou ainda na adolescência em clubes em Alfenas e outras cidades do Sul de Minas; o montes-clarense Beto Guedes; e o compositor Fernando Brant (1946-2015), que nasceu em Caldas, também no Sul do estado, mas logo se mudou para Diamantina, entre outros.
“Belo Horizonte é a referência urbana, da influência do rock, do jazz. Mas o disco Clube da esquina traz também uma coisa primitiva, de interior, que contrasta com essa coisa urbana de capital”, comenta o jornalista e antropólogo Paulo Thiago de Mello, autor de Milton Nascimento e Lô Borges: Clube da esquina, da coleção O livro do Disco (editora Cobogó). “BH é a capital do interior do Brasil, é urbana, cosmopolita, mas tem esse vínculo quase comunitário, os valores, a lentidão do interior, a distância do mar. Quase toda a cultura brasileira musical está no litoral, e Minas vai trazer essa força dos tambores, das toadas, da viola caipira”, diz.
Milton mudou-se para Belo Horizonte no fim de 1962, instalando-se no Edifício Levy, na Avenida Amazonas com Rua Curitiba. Logo arrumou emprego de escriturário no escritório das Centrais Elétricas de Furnas, na Praça Sete, a poucas quadras do Levy, que também era endereço da família de Wagner Tiso e da família de Salomão Borges, Maricota e sua prole de 11 filhos – entre eles, o garoto Lô. Anos depois, o reencontro dos dois, em Santa Tereza, alçaria a música mineira, definitivamente, à prateleira de cima da MPB.
O Estado de Minas selecionou nove endereços da capital mineira importantes para a reunião dos músicos nos anos 1960. Confira.
Colégio Estadual Central
No colégio construído por JK, no Santo Antônio, estudaram Fernando Brant, Murilo Antunes, Márcio Borges, Nelson Ângelo e Toninho Horta – muitos deles iniciaram a carreira pelos contatos na escola
Edifício Arcângelo Maletta
Na sobreloja do edifício, na Rua da Bahia com Augusto de Lima, funcionava a boate Berimbau, que, em 1964, recebeu um show de Milton, Wagner e Paulinho Braga, o Berimbau Trio, com Bituca no contrabaixo
Edifício Levy
O prédio, no Centro, foi o primeiro endereço de Milton e Wagner Tiso em Belo Horizonte. Lá, conheceram a família Borges. (Na foto, Márcio Borges e Marisa deixam o edifício, em 1964)
O Ponto dos Músicos
Era na calçada na esquina da Avenida Afonso Pena com a Rua Tupinambás que Milton, Wagner, Paulo e Toninho Horta, Nivaldo Ornelas e Marilton Borges costumavam se reunir, na década de 1960
Casa dos Brant
Na sala da casa da Rua Grão Pará, no Funcionários, Milton e Fernando Brant compuseram Travessia. A música ficou em segundo lugar no Festival Internacional da Canção de 1967
Cine Tupi
Na sala na Rua Tupis, no Centro, que mais tarde passou a se chamar Cine Jacques, Milton e Márcio Borges assistiram ao filme Jules et Jim (1962), de François Truffaut, que os inspirou a escrever as primeiras parcerias
A esquina
Encontro das Ruas Divinópolis e Paraisópolis, onde garotos da geração de Lô passavam as tardes brincando ou tomando aulas de violão com Toninho Horta, ao lado de Beto Guedes
Casa dos Borges
A partir de 1966, é na casa de Salomão, Maricota e dos filhos (foto), na Rua Divinópolis, 136, o ponto de encontro de Lô, Milton e Márcio, que compuseram ali Clube da esquina
Teatro Francisco Nunes
Nos anos 1960, ainda pouco conhecido, Bituca se apresentou no show Opinião, de Zé Ketti. O teatro veio abaixo em aplausos. Entre os espectadores estava Fernando Brant, que o viu pela primeira vez naquela noite
No colégio construído por JK, no Santo Antônio, estudaram Fernando Brant, Murilo Antunes, Márcio Borges, Nelson Ângelo e Toninho Horta – muitos deles iniciaram a carreira pelos contatos na escola
Edifício Arcângelo Maletta
Na sobreloja do edifício, na Rua da Bahia com Augusto de Lima, funcionava a boate Berimbau, que, em 1964, recebeu um show de Milton, Wagner e Paulinho Braga, o Berimbau Trio, com Bituca no contrabaixo
Edifício Levy
O prédio, no Centro, foi o primeiro endereço de Milton e Wagner Tiso em Belo Horizonte. Lá, conheceram a família Borges. (Na foto, Márcio Borges e Marisa deixam o edifício, em 1964)
O Ponto dos Músicos
Era na calçada na esquina da Avenida Afonso Pena com a Rua Tupinambás que Milton, Wagner, Paulo e Toninho Horta, Nivaldo Ornelas e Marilton Borges costumavam se reunir, na década de 1960
Casa dos Brant
Na sala da casa da Rua Grão Pará, no Funcionários, Milton e Fernando Brant compuseram Travessia. A música ficou em segundo lugar no Festival Internacional da Canção de 1967
Cine Tupi
Na sala na Rua Tupis, no Centro, que mais tarde passou a se chamar Cine Jacques, Milton e Márcio Borges assistiram ao filme Jules et Jim (1962), de François Truffaut, que os inspirou a escrever as primeiras parcerias
A esquina
Encontro das Ruas Divinópolis e Paraisópolis, onde garotos da geração de Lô passavam as tardes brincando ou tomando aulas de violão com Toninho Horta, ao lado de Beto Guedes
Casa dos Borges
A partir de 1966, é na casa de Salomão, Maricota e dos filhos (foto), na Rua Divinópolis, 136, o ponto de encontro de Lô, Milton e Márcio, que compuseram ali Clube da esquina
Teatro Francisco Nunes
Nos anos 1960, ainda pouco conhecido, Bituca se apresentou no show Opinião, de Zé Ketti. O teatro veio abaixo em aplausos. Entre os espectadores estava Fernando Brant, que o viu pela primeira vez naquela noite