Há exatos 47 anos, em março de 1972, era lançado um dos trabalhos fonográficos mais importantes e marcantes da história da MPB. Não foi à toa que Clube da esquina, de Milton Nascimento e Lô Borges, foi eleito pela revista Rolling Stone como um dos 100 melhores discos de todos os tempos da música brasileira. Na noite desta quinta (28), Bituca revisitou aquele cancioneiro antológico num show no Palácio das Artes, em Belo Horizonte, cidade onde boa parte das composições do disco foi gestada e serviu de inspiração para o repertório.
A turnê oficial começou há duas semanas em Juiz de Fora - cidade onde Milton está morando desde 2016 -, mas BH teve um gostinho de estreia. O roteiro não fugiu muito do que foi apresentado na cidade da Zona da Mata mineira. O cantor lembrou os parceiros de toda vida como Lô e Márcio Borges, Fernando Brant e Ronaldo Bastos. 
 
O cenário trazia um lindíssimo painel de OSGEMEOS - os irmãos paulistas Gustavo e Otávio Pandolfo, - trazendo um menino branco e um menino negro com violões a tiracolo. O desenho apresentava ainda a icônica imagem das montanhas com o trenzinho criada por Milton para a capa do disco Geraes. Sem contar outros símbolos ligados ao cancioneiro do Clube, como o Sol, a igreja, uma nuvem e a Lua. O curioso é que Bituca usava um figurino - camiseta colorida e calça jeans - bem parecido com o do garoto do desenho que o representava. 
 
Na primeira das três apresentações que o cantor e compositor fará na capital mineira  - os próximos shows acontecem no sábado (30) e domingo (31) com ingressos esgotados -, o público se emocionou e cantou com ele quase todo o tempo. Milton Nascimento subiu ao palco ao som de Tudo o que você podia ser (Lô e Márcio Borges), faixa que abre o disco Clube da esquina 1. Aliás, das 25 canções do set list, 13 são desse álbum, como Nada será como antes, O trem azul e Paisagem da janela.  
 
Ao contrário do show de Juiz de Fora, que contou com a participação de  Samuel Rosa, a apresentação desta quinta não teve convidados especiais. A expectativa é de que Lô Borges - a quem Milton dedica a turnê - apareça no sábado no Palácio das  Artes. Se não teve parceiros no palco, eles não faltaram na plateia como Tavinho Moura e Flávio Venturini que fizeram parte do álbum Clube da esquina 2. Do repertório desse disco entraram faixas como Maria Maria, Paixão e fé, Nascente e Mistérios. 
 
Marcos Vieira/EM/D.A press
(foto: Marcos Vieira/EM/D.A press)
 
Um dos destaquesda noite foi Zé Ibarra, vocalista da banda Dônica, que não só cantou ao lado de Bituca como teve seu momento solo em San Vicente e Estrelas. A turnê tem direção artística de Augusto Nascimento, filho e empresário de Milton, e direção musical de Wilson Lopes. Além de Wilson, a banda conta com Alexandre Ito (baixo), Widor Santiago (metais), Lincoln Cheib (bateria), Ademir Fox (piano) e o percussionista Ronaldo Silva (filho de Robertinho Silva, que trabalhou com Milton por quase 30 anos e gravou, entre outros, o Clube 1).
 
 
Confira o repertório do show
 
>> Tudo o que você podia ser
>> Nada será como antes
>> Clube da esquina 1
>> Cais
>> Nascente
>> Mistérios
>> Cravo e canela
>> Casamiento de negros
>> Um girassol da cor do seu cabelo
>> Dos cruces
>> Para Lennon e McCartney
>> San Vicente
>> Estrelas
>> Clube da esquina 2
>> Nuvem cigana
>> Lilia
>> Paixão e fé
>> Um gosto de sol
>> Paisagem da janela
>> Maria Maria
>> O que foi feito deverá
>> O trem azul
>> Francisco
>> Ponta de Areia
>> Paula e Bebeto
 
MILTON NASCIMENTO – TURNÊ CLUBE DA ESQUINA
 
Shows sábado (30), às 21h, e domingo (31), às 19h, no Palácio das Artes, Avenida Afonso Pena, 1.537, Centro, (31) 3236-7400. Ingressos esgotados.