Desde 2003 valorizando o melhor da música instrumental, o Savassi Festival traz agora uma novidade: o Clube de Jazz. “Há muito tempo pensava em fazer algo assim. O clube, que funciona na Salumeria Central, tem o mesmo formato das casas do gênero ao redor do mundo, com agenda até 10 de agosto. É um ponto de encontro para ouvir o melhor do jazz em BH. Estou impressionado com a receptividade. É um piloto, mas quem sabe o projeto não se torna fixo?”, diz Bruno Golgher, idealizador do evento.
 
Nesta segunda-feira (5), começa a 17ª edição do Savassi Festival. Além do clube dedicado ao jazz, há outras novidades, como o palco só para mulheres instrumentistas. Uma das atrações será a pianista Luísa Mitre e seu quinteto, que reúne Natália Mitre (vibrafone), Marcela Nunes (flauta), Camila Rocha (baixo) e Paulo Froes (bateria). A apresentação de sábado (10), em frente ao Café com Letras Savassi, terá o repertório do disco Oferenda, lançado há um ano pelo selo Savassi Festival Records.
 
“Muitos eventos e produtores já têm a preocupação de inserir mais mulheres na programação. Sobretudo instrumentistas, cujo espaço é bem menor. É uma questão de representatividade, ações assim trazem visibilidade e valorização, estimulando as artistas”, comemora Luísa.
 
A formação da pianista mescla erudito e popular, sobretudo MPB. O jazz também a influenciou, até porque, há tempos, faz parte da cena brasileira. “Nossa música é a mistura de muitas coisas. O jazz, claro, está nesse caldeirão, seja pela estética, sonoridade, instrumentação, concepção de arranjos e harmonias. Ainda mais no caso do meu instrumento, o piano”, afirma ela.
 
Outro participante do Savassi Festival que tem forte relação com o jazz é o baixista, guitarrista, compositor e arranjador Frederico Heliodoro. Nesta segunda-feira (5), ele se apresentará no CCBB com Deangelo Silva (piano), Felipe Vilas Boas (guitarra) e Antonio Loureiro (bateria). Seu próximo disco, Savassi futuro, foi idealizado a partir do projeto Música Nova, que estimula a criação de obras instrumentais inéditas. “Vou lançar em breve esse álbum instrumental e outro de canções que dá continuidade ao Acordar, de 2015”, conta o baixista.
 
Hariane Alves/Divulgação
Clube de jazz está funcionando na Salumeria, na Floresta (foto: Hariane Alves/Divulgação)
 
Estimulado pelos pais, Fred cresceu ouvindo o melhor do jazz, blues, rock e MPB. “O jazz está muito presente não só na bossa nova, mas na música mineira e na música universal. Não diria tanto a pegada jazzística norte-americana, mas o jazz enquanto conceito de improvisação”, analisa. Heliodoro observa que o estilo, que sempre foi forte na cena de BH, vem conquistando os jovens músicos.
 
Trompetista da Happy Feet Jazz Band, Marcelo Costa diz que a expressiva cena jazzística de BH é fruto de um trabalho de muitos anos. “Antigamente, só músicos ou quem era do meio acompanhava o gênero. O público passou a ouvir, a gostar e a consumir mais. Por isso temos tantos artistas, inclusive da nova geração, que está se sobressaindo. Sem contar que aumentou sensivelmente o número de bares e restaurantes com programação semanal dedicada ao jazz”, afirma.
 
Costa está à frente do I Love Jazz, festival que chegará à 11ª edição em 14 e 15 de setembro. Com entrada franca, o evento reúne várias bandas, cantores e bailarinos na Praça do Papa. Formado em 2008, o grupo de Marcelo se dedica, sobretudo, à vertente mais dançante do jazz, surgida na primeira metade do século 20.
 
ACADEMIA Em 2009, a criação do bacharelado em música popular na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) representou um marco. A academia vem formando artistas, além de valorizar vários gêneros musicais – incluindo o jazz – na capital e no estado.
 
“Essa foi a grande sacada, pois o curso passou a fomentar músicos de qualidade. Não que eu esteja desprezando quem era da noite, mas os alunos ganharam um espaço para pesquisa, diálogo, troca de experiências. Essa nova geração de instrumentistas mineiros supertalentosos, incluindo o jazz, é toda da Federal. Na minha época não tinha isso. Tanto que fui estudar na Alemanha, onde havia um departamento de jazz no curso de música erudita”, afirma Cléber Alves, saxofonista, compositor e arranjador.
 
Professor de saxofone e improvisação na UFMG, Cléber coordena a Gerais Big Band em parceria com o pianista Rafael Martini. De acordo com ele, a cena jazzística mineira surgiu há alguns anos graças a instrumentistas importantes como Toninho Horta, Nivaldo Ornellas e Juarez Moreira.
 
“Durante uma época, BH passou a ter muitos eventos de música financiados pela lei de incentivo. Cheguei a contabilizar, em um único ano, 11 só de jazz. Como não havia cantores de grande porte, o pessoal daqui passou a fazer muita música instrumental. O mercado foi se desenvolvendo e hoje temos artistas talentosos de várias gerações”, observa.
 
Cléber fez graduação e mestrado em jazz e música popular na Universidade de Música de Stuttgart, na Alemanha. Agora, está concluindo o doutorado dedicado à obra do saxofonista e clarinetista Paulo Moura (1932-2010). Ele pesquisa dois discos focados no samba-jazz, ou na bossa nova instrumental, como Moura preferia.
 
O saxofonista tem se apresentado com um hepteto para reverenciar Paulo Moura. “Na sexta-feira, fizemos um show no Clube de Jazz que lembrou muito a atmosfera do clube lá de Stuttgart. Era um espaço pequeno, aconchegante, com plateia mais próxima e atenta. É uma proposta muito interessante”, elogia.
 
NINA SIMONE
 
Ícone do jazz, a pianista, cantora e compositora norte-americana Nina Simone (1933-2003) será homenageada no Savassi Festival. Sábado (10), às 21h, o Centro Cultural Minas Tênis Clube receberá Alma Thomas, cantora e compositora nova-iorquina radicada no Brasil, e a brasiliense Ellen Oléria, que farão tributo a Nina. Os ingressos custam R$ 25 (inteira) e R$ 12,50 (meia). Domingo (11), as duas repetirão o show, às 18h15, no palco montado na Savassi.

SAVASSI FESTIVAL
 
» HOJE (5)
 
DEANGELO SILVA E FREDERICO HELIODORO
CCBB. Praça da Liberdade, 450, Funcionários, (31) 3431-9400. 
Às 21h30. R$ 25 (inteira).
 
DUCHOWNY, MEGARO E SOUZA TRIO
Café com Letras Liberdade. Praça da Liberdade, 450, Savassi, 
(31) 3267-9929. Às 20h. R$ 15.
 
ORQUESTRA DE CÂMARA SESC
Anfiteatro do Pátio Savassi. Av. do Contorno, 6.061, São Pedro. Às 20h. R$ 10 (inteira).
 
TULIO ARAUJO E DANIEL GRAJEW
CCBB. Às 20h. Show Quantum. Pandeiro e piano. R$ 25 (inteira).
 
» QUARTA (7)
 
 
SERGIO SANTOS, ANDRÉ MEHMARI E NEILOR PROVETA
CCBB. Às 20h30. R$ 25 (inteira).
 
CLIFF KORMAN
Clube de Jazz. Salumeria Central. Rua Sapucaí, 527, Floresta.
Às 20h30.
 
» QUINTA (8)
 
ANTÔNIO ADOLFO QUINTETO
CCBB. Às 20h30. R$ 25 (inteira).
 
»  SEXTA (9)
 
SEAMUS BLAKE
CCBB. Às 20h30. R$ 25 (inteira).
 
SÉRGIO SANTOS, RAFAEL MARTINI E SINFÔNICA DE MG
Palácio das Artes. Av. Afonso Pena, 1.537, Centro. Às 20h30.
R$ 25 (inteira).
 
JAZZ EXPLORER TRIO
Clube de Jazz. Salumeria Central. Às 21h.
 
» SÁBADO (10)
 
LETIERES LEITE E BIG BAND UFMG
CCBB. Às 20h30. R$ 25 (inteira).
 
LUÍSA MITRE, CAROL PANESI E ILESI
Rua Antônio de Albuquerque, entre as ruas Sergipe e Alagoas, Savassi. A partir das 14h. Entrada franca.
 
VINICIUS GOMES QUINTETO
Clube de Jazz. Salumeria Central. Às 21h.
 
» DOMINGO (11)
 
LUCAS TELLES, SEAMUS BLAKE, ELLEN OLÉRIA E ALMA THOMAS
Rua Antônio de Albuquerque, entre as ruas Sergipe e Alagoas, Savassi. A partir das 14h. Entrada franca.
 
Programação completa: www.savassifestival.com.br