Banda norte-americana lançou obra prima no dia 10 de fevereiro de 1978. O disco mostrou para o mundo a genialidade de Eddie Van Halen

Fonte: R7 DIVERSÃO

Neste sábado (10), o primeiro disco do Van Halen fe 40 anos. Inovador para época, a estreia fonográfica foi um marco para a guitarra moderna através do virtuoso Eddie Van Halen. Não é exagero dizer que o rock mudou no dia 10 de fevereiro de 1978.

O Van Halen foi formado pelos irmãos Eddie e Alex Van Halen, na ensolarada Califórnia (EUA), na metade dos anos 70. Aliados ao vocalista ensandecido David Lee Roth e o baixista Michael Antony, a banda fez barulho no circuíto de bares e festas universitárias de Los Angeles. Tal fama underground chamou a atenção de Gene Simmons, baixista e vocalista do Kiss, que bancou uma fita de demontração do grupo. E o incentivo do amigo deu certo, pois mais tarde eles foram contratados por uma grande gravadora.

A formação clássica em 78

A formação clássica em 78

Reprodução/CD

Na estreia fonográfica, o Van Halen não só registrou um som poderoso, como mostrou a genialidade de Eddie. Se Jimi Hendrix abalou o mundo no anos 60, o jovem guitarrista conseguiu fazer algo que parecia impossível. Ele mostrou técnicas inovadoras e reinventou parte do que mestres do instrumento já haviam feito até então.

Registrado praticamente ao vivo em estúdio para captar a fúria da banda nos palcos, o LP homônimo traz músicas incríveis como Runnin' with the Devil, Jamie's Cryin, Ain't Talkin' Bout Love e uma releitura turbinada de You Really Got Me, dos Kinks.

A integração do quarteto também chama atenção. Enquanto David Lee Roth festeja o rock´n´roll em vocais etílicos, a "cozinha" matadora entrega o serviço perfeito por meio do baixista Michael Anthony e o baterista Alex Van Halen.

Já Eddie é um show à parte. O jovem talento de 23 anos debulha suas seis cordas em I'm the One, On Fire, Atomic Punk e, principalmente, no solo histórico da faixa instrumental, Eruption.

A partir desse disco, o mundo da música virou de ponta cabeça.

Para saber mais sobre essa obra prima, o R7 pediu a opinião de talentos brasileiros da guitarra de vários estilos. Veja abaixo.

Robertinho levou técnicas de EVH para o rock e MPB

Robertinho levou técnicas de EVH para o rock e MPB

Reprodução/Facebook

Robertinho de Recife (Yahoo, Fagner, Zé Ramalho e muitos outros. Atualmente, ele é líder do Metalmania)

— O Eddie Van Halen é divisor de águas na guitarra. Assim como Jimi Hendrix, ele deu um "upgrade" na técnica do instrumento. No auge do Van Halen, todos nós tocávamos, soávamos ou, pelo menos, tentávamos ultrapassar o seu recorde. Indiscutívelmente, ele era o herói máximo e seu sucesso era estrondoso, não só entre os músicos, mas nas paradas populares de sucesso. Destaco o solo de Beat It, com Michael Jackson, que definitivamente deu a Eddie a maior exposição de sua carreira.

Andreas Kisser viu a ressurreição do rock no VH

Andreas Kisser viu a ressurreição do rock no VH

Andre Muzell/AgNews

Andreas Kisser (Sepultura)

— Eddie é a segunda grande revolução na guitarra depois de Jimi Hendrix. O primeiro disco do VH traz um som completamente novo, que também ajudou na ressurreição do rock num momento de crescimento da disco e do punk. A faixa Eruption representa a origem da guitarra moderna. O som da guitarra do álbum é surreal! Acordes gigantes, bom gosto e técnica pioneira... não têm comparação, pois é uma obra prima. Van Halen é o equilibrio dos extremos, com quatro "maestros de buteco" que levaram o big rock para as arenas do mundo.

Armandinho toca VH na guitarra baiana

Armandinho toca VH na guitarra baiana

Divulgação/Lara Lins

Armandinho (Trio Elétrico Armandinho, Dodô & Osmar, A Cor do Som e solo)

— É engraçado, porque eu só fui conhecer o som do Van Halen através de clipes na TV, nos anos 80. E fiquei impressionado com uma técnica de guitarra que eu não conhecia até aquele momento. Também fiz uma associação do visual colorido e alegre deles comigo na Cor do Som. Na época, eu perguntei pro Pepeu (Gomes) se ele já tinha ouvido aquilo. E ele me disse: "Esse cara é manhoso". (risos) Absorvi o Van Halen por osmose, pois o som veio naturalmente pra mim. Nunca estudei guitarra, mas aprendi ouvindo. Até hoje eu toco Beat It na guitarra baiana, com a minha linguagem... Eu gosto quando o guitarrista foge do clássico, rompe barreiras. Se o Eddie pegasse uma guitarra baiana creio que ele tocaria muito. Iria curtir.

Hudson levou o estilo de EVH para o sertanejo

Hudson levou o estilo de EVH para o sertanejo

Divulgação/Fernando Hiro

Hudson Cadorini (Edson & Hudson)

— A importancia deles na música é enorme. Se o rock já era bom na época, ficou ainda melhor com a chegada do Van Halen. E, a partir da estreia deles, todos os guitarristas passaram a imitar o Eddie. Nomes famosos como Steve Vai e Yngwie Malmsteen são fãs dele e aprenderam boa parte das técnicas ouvindo o Eddie. E ao vivo eles também são impressionantes. São quatro integrantes que acabam soando como 30! Esse aniversário dos 40 anos do disco de estreia devem ser comemorados, pois é um momento épico. Parabéns pro Van Halen!

Beto Lee ficou chocado com o Van Halen

Beto Lee ficou chocado com o Van Halen

Reprodução/Instagram

Beto Lee (Titãs)

— O primeiro disco catapultou o Van Halen dos bares de Los Angeles para o mundo e Eddie foi ao topo do Olimpo da noite pro dia. Na minha humilde opinião, o guitarrista é um punk, por dois motivos que acho incontestáveis. Ele construiu sua própria guitarra, a famosa Frankenstrat. E ele, depois de Hendrix, mudou o "jogo" para sempre. Seu estilo de tocar é inconfundível, basta apenas uma nota. Nenhum outro guitarrista influenciou uma geração como o Eddie nos anos 80. A cereja no bolo é que ele faz tudo isso sorrindo! A primeira vez que ouvi o VH, foi num K7 que achei na casa dos meus pais (Rita Lee e Roberto de Carvalho), quando eu tinha 10 anos, em 1987. Quase "borrei" as calças quando ouvi Eruption pela primeira vez. Foi incrivelmente impactante. Um choque.

Xando Zupo e a guitarra da linha EVH

Xando Zupo e a guitarra da linha EVH

Divulgação/Grace Lagôa

Xando Zupo (Harppia, Patrulha do Espaço, Big Balls, Pedra e atualmente, nas palavras dele, "por aí")

— Em 1981, eu conheci o Van Halen através de um brother, quando ouvi o primeiro álbum deles. Nenhuma guitarra havia soado daquela maneira aos meus ouvidos. E ainda que até ali, Ritchie Blackmore (Deep Purple) fosse minha maior referência, Eddie imediatamente se colocou ao lado dele, dividindo meu dia em dois períodos de 12 horas de puro delírio guitarrístico. O disco de estreia vinha carregado de uma sensação de festa, sem nenhum compromisso com nada que não fosse diversão. Algo que seria a grande tônica para adolescentes, assim como eu, entrando nos anos 80.

O bluseiro Nuno reconhece a importância do VH

O bluseiro Nuno reconhece a importância do VH

Divulgação

Nuno Mindelis

— Quando esse disco saiu, eu estava na fase mais dolorida do começo do meu tortuoso (e longo ) exílio. Tinha acabado de perder tudo, morava emprestado, tentava sobreviver em outro País, separação de família etc. Não ouvia música como sempre tinha ouvido até então. Posteriormente, pude analisar melhor (e receber) o impacto desse lançamento e, claro, situá-lo entre um dos mais importantes da década. A inovação na guitarra foi clara e, se formos ver bem, foi pouco tempo depois de Hendrix, cuja revolução colossal poderia impedir qualquer coisa que viesse depois. Da mesma forma, a banda veio pouco depois de Led e Sabbath. E nada impediu, no entanto, a mesma renovação vinda do Van Halen.

Fausto Celestino: punk rock e Van Halen

Fausto Celestino: punk rock e Van Halen

Divulgação

Fausto Celestino (ex-Centúrias e atual AI-5)

— O primeiro disco foi responsável por eu ter começado a me dedicar de outra forma na guitarra, pois eu vinha da escola punk. Eu passava meses tocando o vinil numa vitrola antiga. Acho que a faixa Eruption deve ter ficado mais funda que o resto... (risos) Eu não tenho formação musical alguma, toco de ouvido desde sempre, então tirava as notas com o LP rodando em baixa rotação, pois o Eddie solava na velocidade da luz... (risos) Ele inventou ou desenvolveu uma forma completamente inovadora de tocar o instrumento. O tapping (two hands), foi apresentada a ele por um amigo que teve aulas com um cara chamado Harvey Mandel, que já fazia o tapping, embora de forma diferente. E, para gravar o álbum, o produtor captou a energia da banda ao vivo. Essa sonoridade “tapa na cara”, sem overdubs, como todos tocando juntos, é uma das coisas mais legais do álbum de estreia.

Rubens: o Van Halen mudou seu estilo

Rubens: o Van Halen mudou seu estilo

Divulgação/Bolivia e Cátia Rock

Rubens Gioia (Santa Gang, Chave do Sol, Patrulha do Espaço e atualmente no projeto 6I6)

— Quando eu ouvi a banda, tudo mudou! A matadora Eruption, de certa forma, revolucionou a maneira de tocar guitarra. São riffs pesados, técnicos à maneira bluesy, aliados a uma performance ao vivo inacreditável. E o Eddie ainda usava as duas mãos na digitação, com seus hammer on e pull of... Isso realmente me transformou. Na época, eu mostrava o som para meus amigos e ninguém acreditava no que ouvia! Bela estreia para esse holandezinho invocado (risos)