Discursos políticos, como representatividade feminina e inclusão social, marcam a programação, que anima a capital mineira nesta sexta (17) e sábado (18)

A cada ano, o Festival Transborda reúne bandas e artistas de destaque na cena brasileira de música autoral e alternativa. Em sua sexta edição, o evento amplia o olhar para a diversidade, lançando-se como um espaço de enfrentamento de atuais problemas sociopolíticos. Representatividade feminina, leis trabalhistas e inclusão social são algumas pautas da programação, que começa nesta sexta (17), na Savassi, e segue sábado (18), na Pampulha.
“Neste ano, nossa curadoria teve uma preocupação maior com os discursos políticos, trazendo atrações que reflitam o atual momento do país. Tentamos pensar nessas características, mas mantendo sempre o festival como uma vitrine da cena local e nacional, como ocorreu nos outros anos. A programação segue guiada por estéticas diferentes, buscando ser sempre eclética”, afirma Flavio Charchar, membro do Coletivo Pegada, responsável pelo Transborda.


O coordenador destaca a presença de Duda Beat, uma pernambucana radicada no Rio de Janeiro que, apesar de estar em início de carreira, já desponta por levantar questões pertinentes à mulher e à luta feminista. Em seu primeiro disco, Sinto muito, ela une sofrência, tecno brega, pop e axé.


O rapper carioca Sant, integrante do selo #VVAR, também foi convidado. Suas letras falam de questões pessoais, como a adolescência conturbada e problemas familiares, mas também carregam um viés coletivo. “Saint traz a voz da periferia, com um discurso político que chega às pessoas através da música. Ele pauta questões políticas oportunas, como a reforma trabalhista e o próprio golpe Temer”, opina Charchar.


INCLUSÃO O Festival Transborda é realizado com apoio da Lei Municipal de Incentivo à Cultura. “O fato de atuar com verba municipal acentua nosso compromisso de promover um evento inclusivo e interessante para toda a cidade. Todas as pautas são bem-vindas. Acreditamos que esse encontro poderá trazer à tona, de forma artística, diversas discussões”, defende Charchar.


A proposta se assemelha aos objetivos do grupo mineiro Lamparina e a Primavera. Segundo o vocalista e percussionista Hugo Zschaber, a participação no festival é a chance de se apresentar para além das casas de shows localizadas na região centro-sul de BH. A intenção dos integrantes, afinal, é levar música para todos os cantos da cidade, impedindo que o trabalho fique restrito ao mesmo nicho de pessoas.


“O Transborda coloca música na rua, de graça, o que já é um ato político muito importante. São poucos os festivais e movimentos culturais não governamentais com essa proposta de descentralização, que se dá de forma efetiva”, afirma Hugo.


GRITO Neste sábado (18), eles abrem a programação, ao ar livre, na Lagoa da Pampulha. O show será pré-lançamento do álbum Manda dizer, produzido por meio de financiamento coletivo. “Conseguimos imprimir bem nossas sensações e quereres dentro de cada música. Com esse título, Manda dizer, é como se déssemos um grito: estamos aqui e queremos mostrar o nosso trabalho”, afirma Hugo.

A banda Lamparina e a Primavera também é formada por Arthur Delamarque (guitarra e voz), Calvin Delamarque (baixo e voz), Chico Di Flora (guitarra), Fabiano Carvalho (percussão), Mariana Cavanellas (voz) e Thiago Oliveira (bateria).

6º FESTIVAL TRANSBORDA
. Sexta (17/8): às 20h, Larissa Conforto e Vitor Brauer, n'A Obra. Rua Rio Grande do Norte, 1.168, Funcionários. (31) 3215-8077. Às 22h, Fernando Motta e Posada e o Clã, n'A Autêntica. Rua Alagoas, 1.172, Savassi. (31) 3654-9251. R$ 20 (promocional, A Autêntica), R$ 25 (portaria, A Obra) e R$ 40 (passaporte).
. Sábado (18/8), das 14h às 22h: Lamparina e a Primavera, Alucinaciones em Familia, Confeitaria, Duda Beat, E a Terra Nunca me Pareceu Tão Distante, El Efecto, Mineiros da Lua e Sant. Lagoa da Pampulha, próximo ao Portal da Memória e Monumento à Iemanjá. Entrada franca.