BOYBAND


Um fã-clube chinês do fenômeno global BTS alugou dois anúncios no Metrô de São Paulo para comemorar o aniversário de Jungkook, integrante mais novo da boyband sul-coreana.

Quem passou, neste mês, pelas estações Faria Lima, da linha 4-Amarela, e Luz, da linha 11-Coral da CPTM, deve ter avistado um banner com a imagem do ídolo de k-pop, que completou 22 anos no dia 1º de setembro. Na Coreia do Sul, completou 23 – a tradição no país asiático considera que os bebês já nascem com um ano de idade.


Os painéis foram instalados no fim de agosto e permanecem até domingo (29) nas duas paradas. As imagens, porém, ficaram fora entre os dias 14 e 18, por um erro da No Alvo, empresa que fez a ponte entre a fã chinesa e o anunciante do Metrô.


O valor de tabela para alugar os painéis durante um mês é de R$ 40.829,00, segundo a Eletromidia, empresa que gerencia o aluguel de anúncios nas estações do Metrô. O banner na Faria Lima, de 7 m por 2.40 m, sai por R$ 8.285,00; já o da Luz (7.90 m x 1.90 m) custa mais caro: R$ 32.544,00.


A homenagem foi encomendada pela dona do fã-clube chinês @Jungkook_CHINA no Twitter, que não quis se identificar. Segundo ela, o valor foi arrecadado entre fãs do país asiático por meio de vaquinhas virtuais e eventos de arrecadação.


As armys (nome dado às fãs do BTS) chinesas planejaram homenagens em diversos países, como Estados Unidos, Japão e Coreia do Sul, com a ajuda de fã-clubes internacionais. As ações (ao todo, foram 24) incluíram anúncios na Times Square, em Nova York, fotos no metrô de Londres e vídeos exibidos na fachada da maior torre da Tailândia.


O Brasil entrou na mira do projeto pelo grande número de fãs de k-pop no país. "Escolhemos São Paulo porque o BTS já tinha feito shows na cidade várias vezes", explica a fã do grupo. Eles se apresentaram em maio deste ano no Allianz Parque, única parada da América do Sul da turnê mundial mais recente da boyband.


Um dos objetivos é promover o septeto coreano. "Queremos apresentar o Jungkook não apenas para as armys, mas também para quem ainda não conhece o BTS", diz. Locais de passagem, as estações viraram atração para as fãs –algumas vão até lá apenas para tirar fotos ao lado do pôster.


A estudante de ciências da computação Bruna Morita, 22, aproveitou o caminho entre o trabalho, na região da Faria Lima, e a faculdade na zona sul para conhecer os banners de perto. A parada da Luz também fica no seu trajeto: é onde faz baldeação para ir às aulas de coreano no bairro do Bom Retiro, aos sábados.


"Achei que ficou bem fofo e as fotos são bonitas. Nós vemos bastante desses projetos na Coreia, é legal a iniciativa de fazer aqui", conta Bruna. No último sábado, ela levou a prima que veio de Belo Horizonte à Luz para ver o painel do caçula do BTS.


Promover o aniversário de ídolos do k-pop com imagens e vídeos estampados em estações de metrô, ônibus, ruas e shoppings é comum na Coreia do Sul e na China. Não apenas dos integrantes do BTS, mas também de outros nomes do pop coreano. "Faz parte da nossa cultura criar eventos extravagantes para comemorar o aniversário de artistas", diz a fã chinesa.


No Brasil, é a segunda vez que um dos garotos do BTS ganha um banner no metrô paulistano. Em outubro do ano passado, Jimin apareceu em um painel na estação da Luz, da linha 4-Amarela. Foi encomendado, mais uma vez, por um fã-clube chinês.


A depender das fãs brasileiras e do patrocínio das asiáticas, a moda deve pegar por aqui. Não estranhe se encontrar o rosto de ídolos coreanos pelo metrô da cidade.


ANIVERSÁRIO TEVE ATÉ FESTA


As celebrações do aniversário do Jungkook na cidade não se restringiram ao banner. Teve até festa com salão decorado, bolo, doces e lembrancinhas. Só faltou o aniversariante.


Em 1º de setembro, um domingo chuvoso, cerca de 2.500 fãs se reuniram em uma cafeteria no Bom Retiro para curtir um espaço decorado com fotos e vídeos do artista e posar ao lado de um totem em tamanho real. Músicas do BTS montaram a trilha sonora.


O encontro também foi planejado por uma fã asiática, desta vez, da Coreia do Sul, e aconteceu simultaneamente em cafeterias de 12 países, como Estados Unidos, Canadá, Coreia do Sul e Japão.


Para distribuir entre as fãs que comparecessem, a jovem coreana por trás do perfil Made in 1997 (com 1,3 milhão de seguidores no Twitter), criou e despachou (com o dinheiro do próprio bolso) brindes como porta copos personalizados, cartões de "parabéns" e fotos do artista clicadas por ela.


Pelas redes sociais, entrou em contato com fã-clubes internacionais para fazer a organização local. No Brasil, teve a ajuda das armys da página Jeon Jungkook Brazil, que reúne 117 mil seguidores no Twitter. Elas ficaram a cargo de articular a parceria com uma cafeteria e decorar o espaço.


Do Pará, a estudante Bruna Neves, 26, uma das líderes da página, pesquisou endereços em São Paulo que topassem sediar a festa, sem custos. Descobriu, por fotos nas redes sociais, a Bonavinte, que já tinha relação com o k-pop. O local produz bebidas de inspiração coreana decoradas com o rosto de ídolos e costuma atrair fãs no gênero. Para o evento, reservaram os dois andares e criaram quitutes especiais.


Parte das armys esperou durante horas na fila para entrar no espaço, embaixo de tempo ruim. Quem não conseguiu, recorreu às redes sociais para lamentar. A estudante paraense afirma que participaram cerca de 2.500 pessoas –imaginavam que o número não passaria de 500.


"Acabaram vindo pai, mãe, tia, praticamente a família inteira dos fãs. Não pensei que iam ficar tão animados. Teve gente de outros estados e até do Paraguai", diz Bruna, que voou até a capital paulista para organizar o espaço com a colega de fã-clube, Karolayne Rodrigues, 22. Programado para começar às 10h, o encontro já reunia fila por volta 7h.


A comemoração, porém, foi atrapalhada pelos Correios. A instituição barrou as caixas enviadas da Coreia do Sul, em meados de agosto, que continham as lembrancinhas: 2.500 porta-copos e 2.500 cartões com fotos. O material teria caráter comercial e, por isso, deveria ser taxado, afirmaram.


Para não cancelar a festa, a dupla brasileira desembolsou cerca de R$ 1.600 para reproduzir parte das lembrancinhas planejadas. Mesmo com a intervenção dos Correios, a army coreana diz que pretende repetir a festa no ano que vem. Segundo ela, o Brasil entrou na rota do evento global após "ficar impressionada com a paixão do público" durante o show que o septeto fez em São Paulo.