'Migrações' traz 13 artistas, que percorreram Minas Gerais em busca de intercâmbios culturais

Entre os meses de julho e outubro de 2018, artistas mineiros ou radicados em Minas – como o piauiense Makely Ka e a norte-americana Elise Pittenger –, donos de estilos e formas diferentes de propagar sua música, desbravaram o Estado com um só propósito: trocar experiências com músicos de seis cidades do interior e da região metropolitana de BH.

A partir dessas aventuras migratórias, saiu do papel a segunda edição do projeto “Territórios de Invenção: Residências Musicais”. O resultado desse processo será exibido neste sábado (9), em um concerto, não à toa intitulado “Migrações”, às 20h, na Sala Sergio Magnani, pelo módico preço de R$ 2 a entrada. Também será lançado o livro “Territórios de Invenção: À Escuta”, coleção de textos sobre as experiências durante tal período.

No caso, os 13 artistas vão apresentar performances originadas de trabalhos estabelecidos em seis residências musicais, realizadas em centros culturais, conservatórios estaduais ou universidades federais de seis cidades – Contagem, Varginha, Juiz de Fora, São João del Rei, Araçuaí e Araguari.

Makely Ka, que esteve com Letícia Bertelli em Araçuaí, exalta essas “migrações” que ocorreram no interior de Minas e que também estão presentes no cerne de muitos artistas. “Entre outros sentidos, a migração diz respeito aos vários fluxos de pessoas em busca de oportunidade. Eu nasci por conta desse fluxo. Meu pai saiu do Piauí pra trabalhar em Brasília. De lá, veio para Minas e conheceu minha mãe. Tiveram cinco filhos e estão juntos até hoje. Através desses fluxos migratórios, as pessoas refazem vidas. E isso diz respeito ao convívio também com culturas diversas, como as que encontramos em diferentes regiões de Minas”, afirma.

O pianista e compositor Rafael Martini corrobora. “É um uma celebração, envolvendo o trabalho que fizemos em alguns conservatórios estaduais de música em Minas. Tivemos vários artistas realizando essas residências. No meu caso, estive com a Joana Queiroz em Varginha, com o objetivo de trabalhar coletivamente, com alunos do conservatório e músicos da cidade”, ressalta.

Uma das idealizadoras do projeto, a pesquisadora e musicóloga Lúcia Campos espera que o futuro do projeto seja promissor. “É preciso que a gente pense a música muito além da ideia de evento, ela também é objeto de pesquisa, é ciência e encontro”, diz.

Novos discos estão previstos para este ano

Os músicos do concerto “Migrações” estão com a agenda cheia em 2019. Que o diga Rafael Martini. “Vem vindo meu quinto disco em carreira solo. Vai se chamar ‘Rafael Martini Trio’, produzido por Chico Neves. Além disso, continuo realizando concertos como acordeonista no quarteto do Egberto Gismonti, temos algumas datas confirmadas, inclusive no festival de Montreal, no Canadá”, relata.

Outro atarefado é Makely Ka. “Estou finalizando a gravação do meu próximo disco, ‘Triste Entrópico’. Terá canções inéditas e várias participações. Estou preparando também um livro, além de um documentário, com Cao Guimarães, sobre personagens do sertão mineiro”, revela.

Serviço

Concerto “Migrações” e lançamento do livro “Territórios de Invenção: À Escuta”, sábado (9), às 20h, na Sala Sergio Magnani-FEA (rua Gonçalves Dias, 320, Funcionários). R$ 2