Inspirado em Sagarana, obra de estreia do escritor João Guimarães Rosa (1908-1967), o cantor, compositor e violonista mineiro Celso Adolfo chega ao seu nono disco, Remanso de rio largo. O show de lançamento será nesta sexta-feira (7), às 19h30, durante o projeto Sempre um papo. O CD traz 16 músicas autorais, à exceção da faixa Capim dourado, em parceria com Júlio Santin.
As gravações foram feitas no ano passado. Ele lembra que os trabalhos do CD se iniciaram a partir do conto Duelo, em 13 de abril de 2012. Na verdade, esta é a data em que foi inaugurado o Museu Sagarana, na cidade de Itaguara, onde Rosa iniciou sua carreira de médico e de escritor. O músico conta que, além do que foi composto a partir dos contos do livro, a obra tem uma certa liberdade, que está presente em músicas como Milho no papo e Ê zueira! Ê poeira!.
As gravações foram feitas no ano passado. Ele lembra que os trabalhos do CD se iniciaram a partir do conto Duelo, em 13 de abril de 2012. Na verdade, esta é a data em que foi inaugurado o Museu Sagarana, na cidade de Itaguara, onde Rosa iniciou sua carreira de médico e de escritor. O músico conta que, além do que foi composto a partir dos contos do livro, a obra tem uma certa liberdade, que está presente em músicas como Milho no papo e Ê zueira! Ê poeira!.
“O fato de eu ter nascido em São Domingos do Prata, cidade da Região Central de Minas Gerais, me permitiu que criasse canções apoiadas no variado mundo interiorano mineiro, que guarda uma relação com Sagarana, mas que não é exatamente dele, e tomando-lhe preciosos empréstimos”, ressalta. “Outras canções nasceram a partir das quadrinhas ao longo do livro. “Criei melodias para elas, como Ralando coco e Amor doído, que foram as primeiras da série.”
Ele irá ao palco ao violão e com uma viola de 10 cordas. “Será um show de papo e cantoria. O repertório traz somente as músicas deste disco”, adianta. “A ideia de fazer este álbum começou quando estive em Itaguara, em 2012, durante a inauguração do Museu Sagarana. Fui convidado para me apresentar lá, não para tocar as minhas músicas, mas, sim, para cantar uma canção autoral que se chama Coração Brasileiro, composta por mim em 1983. Confesso que esta música já tem as marcas de Guimarães Rosa.”
Ele lembra que foi durante a apresentação que surgiu a ideia de fazer um disco inspirado no grande escritor. “Peguei o livro Sagarana (1946) porque sabia que um dos contos, Duelo, retratava um fato que ocorreu em Itaguara. Resultado, peguei o conto, recontei com minhas palavras, pegando quatro frases dele e colocando em minha música, com o objetivo de integrar ainda mais as coisas”, detalha.
Ele garante que foi um belo show, ao ar livre, com o museu lotado. “Eu me encontrei com Vilma Guimarães Rosa, filha do escritor, que me perguntou ‘Por que você não faz mais músicas com outros contos do livro?’. Fiquei com aquilo na cabeça. Quando voltei a BH, readaptei também Corpo fechado e Sarapalha. Senti que aquilo estava dando certo, mas pensei, ‘recontar todos os contos ficará muito estranho’. Aí, reuni as quadrinhas do livro, misturei e fui montando e fazendo músicas com elas.”
O artista conta que tudo foi feito dentro do espírito de Sagarana, mas que as composições tinham também princípio livre. “Assim, fiz várias canções e nelas coloquei frases soltas do livro, ou seja, a música é autoral e traz frases de Guimarães Rosa. Porém a canção Ê zoeira! Ê poeira! não é assunto do livro, mas tem algo em comum com ele, porque retrata os personagens do meu tempo, coisa que Guimarães Rosa gostava de fazer”.
E detalha: “Fiz somente para uma aproximação com o mundo dos personagens que o escritor tem e, nesta canção, resolvi tramar uma história”, revela. “E por falar em personagens rosianos, citei alguns dos meus, começando por Macaúba, sujeito alto, esguio, forte, quase imbatível, valentão, que está na minha música Ê zoeira! Ê poeira.! Já no conto São Marcos, que consta de Sagarana, Rosa escreveu: ‘A cafua – taipa e colmo, picumã e pau-a-pique – estava lá, bem na linha de queda da macaúba’.”
O músico mineiro diz que não pensa em outras edições e justifica. “Gastei sete anos fazendo este trabalho e só consegui dinheiro para fazer o CD, via Lei de Incentivo e os shows que estou fazendo são todos com entrada franca. Mas confesso que já tenho músicas prontas para fazer um outro disco meu, porém sem temáticas”. Remanso de rio largo foi gravado no Estúdio Verde e produzido por Robertinho Brant e coproduzido por Celso Adolfo.
REPERTÓRIO
1 – Um conto e cem
2 – Mariquinha
3 – Ralando o coco
4 – No vau da sarapalha
5 – Cego maluco
6 – Ê zoeira! Ê poeira!
7 – Grimpa do coqueiro
8 – Desejo
9 – Tim tatu
10 – Milho no papo
11 – Feitiço
12 – Duelo
13 – Amor doído
14 – Faquinha, quicé
15 – Capim dourado (Celso Adolfo/Júlio Santin)
16 – Samba-chula
REMANSO DE RIO LARGO
• Independente
• 16 faixas
• O CD não está à venda e será distribuído pelos museus Sagarana, em Itaguara, e Casa de Guimarães Rosa, em Cordisburgo
PROJETO SEMPRE UM PAPO
Nesta sexta-feira (7), 19h30, show e lançamento do disco Remanso de rio largo, de Celso Adolfo. Auditório da Cemig, na Avenida Barbacena, 1.200, Santo Agostinho. Entrada gratuita, mediante ordem de chegada.