A decisão de dar fim à carreira nem sempre é definitiva. Seja para continuar de onde pararam, seja para turnês comemorativas, o retorno de artistas é uma prática muito usual no meio musical.
“É uma coisa comum na história da música. Até mesmo o Elvis (Presley) voltou depois de ter ido ao exército e de todo mundo achar que a carreira dele havia acabado. No mundo pop, isso é quase como uma estratégia”, pontua o jornalista Rodrigo James, do site mineiro Esquema Novo.
Prova do quão comum é este tipo de retorno, são os Jonas Brothers, que seis anos após anunciarem o fim da banda, voltaram no início do mês com o lançamento do single “Sucker” e o anúncio de planos para uma turnê e um documentário.
James observa que o movimento dos irmãos é justificável, já que apesar de terem rumado por trabalhos solo – Joe e Nick na música, e Kevin, principalmente, com reality shows na TV – o apelo dos Jonas está no conjunto. “É a metáfora dos boletos, eles nunca param. E, como juntos eles têm mais força, a chance de faturar é muito maior. Mas também não vou dizer que é só pelo dinheiro. É óbvio que eles acham que ainda têm alguma coisa para dizer”, afirma.
Nostalgia
Além da rentabilidade, a nostalgia é outro fator que corrobora com o retorno dos irmãos. Tendo vivido o auge entre os anos de 2008 e 2010, quando protagonizaram os filmes “Camp Rock” e “Camp Rock 2: The Final Jam”, em 2010, o trio volta com um público já adulto, mas ávido por lembranças. “Agora, os fãs vão ao show para relembrar a adolescência e esse é um dos principais motivos para que essas bandas voltem. O ser humano tem a necessidade da nostalgia. A gente sempre olha para trás e vê o que aconteceu como os principais momentos da vida. O momento em que eles se apaixonaram por uma boy band e só falavam disso está no imaginário. Eles crescem, estudam, trabalham e, mesmo depois disso, o retorno do artista desperta várias emoções”, observa.
Aliás, é no público já fiel que James vê o alvo potencial do retorno. “Pode existir o intuito e uma tentativa de renovar os fãs, mas se formos pela história, falando de boy bands e até mesmo bandas de rock, não conheço nenhuma que conquistou novos públicos depois disso. É sempre uma pessoa que gostava lá atrás e que vai levando a outra. O fã vem por osmose”, pontua o jornalista.
Fãs
O registro do amor pelos Jonas Brothers veio no ano passado, quando a paulista Natália Motta, de 22 anos, tatuou um trecho da canção “Hold On”. O anúncio do retorno ainda não tinha sido feito, mas Natália mantinha a admiração pelos irmãos. Agora, com a volta confirmada, ela celebra a oportunidade de ver novamente a banda em ação. “O fato de eles voltarem com músicas novas me dá esperança de que o retorno seja para valer. Sinto que eles estão mais felizes agora, mais maduros. Então, podem fazer músicas menos teen, diferente da época da Disney, quando eles tinham que fazer canções muito especificas e não podiam falar sobre assuntos mais adultos”, acredita.
Apesar de apostar na nova fase da carreira dos irmãos, ela não nega o desejo de ver novamente o grupo cantando os sucessos de antes. “Se tiver show no Brasil, espero que eles cantem as músicas antigas, porque era o que representava a adolescência, mas é super válido que eles também tenham músicas novas. Acho que eles têm tudo para fazer sucesso de fato, conquistarem um novo público e resgatarem quem gostava da banda quando eram mais novos”, aposta.
Quem também se agarra à nostalgia é a mineira Thaís Nunes, de 24 anos. Fã de longa data dos irmãos Jonas, ela destaca o novo trabalho, que mantém a identidade já construída pela banda. “Estava com medo de eles voltarem com uma pegada nova, mas ainda bem que ‘Sucker’ chegou com um estilo parecidíssimo com o de antes”, comemora.
Quantos aos motivos para o retorno, ela rechaça os rumores de que a volta seja motivada pelo pouco prestígio das empreitadas solo dos irmãos. “Eles são de uma família conhecida, fizeram filmes, uma série, se tem uma coisa é reconhecimento. Acredito que eles voltaram pela maturidade e pela vontade que todos eles têm de fazer o que gostam, que é tocar e cantar”.
No caso de grupos com o público mais jovem, como os Jonas Brothers, a dificuldade é ainda maior. “É uma carreira que costuma ser muito efêmera, que faz sentido quando eles são novinhos e aparecem para falar para aquela geração. Depois que eles acabaram, aquilo fica meio que congelado no tempo. O mundo mudou, vieram outras bandas que ocuparam esses espaços e outro público depois da geração deles, que já se interessa por outros artistas”, acrescenta.