Com a consciência do amadurecimento dos fãs 30 anos após a estreia, a dupla Sandy e Junior realizou, nesta sexta (12), um show adulto marcado pelo reencontro e nostalgia. A confirmação se via na plateia, com faixa etária entre 25 a 35 anos, entoando todas as músicas as letras românticas de um pop adolescente do início ao fim, resgatadas por lembranças entre amigos e irmãos que viveram o crescimento do fênomeno teen lado a lado. O último show no Recife foi realizado no dia 24 de agosto de 2007. O retorno celebra os 30 anos da primeira apresentação pública dos irmãos cantando Maria Chiquinha no programa Som Brasil, da Rede Globo, apresentado por Lima Duarte, em 1989.


A música Não dá pra não pensar, do álbum Sandy & Junior (2001), foi a escolhida pelos irmãos para abrir o espetáculo e, de mãos dadas, deram início ao primeiro show da turnê Nossa História, com duas horas de duração e mais de 30 músicas. Acompanhado pelos olhares atentos e emotivos dos pais Xororó e Noely, que estiveram presentes em um espaço isolado para mesa de som e projeção, Sandy e Junior fizeram o público imergir em um túnel do tempo, apresentando sucessos de todas as fases da carreira da dupla. Monica Benini, esposa de Junior e Lucas Lima, marido de Sandy e diretor musical do show também acompanharam tudo, ao lado do casal Fernanda Rodrigues e Raoni Carneiro, diretor do espetáculo, e a filha Luisa, de nove anos. Fã da dupla, o influencer Hugo Gloss também marcou presença na estreia.  
 
 
 
Hugo Gloss tieta Sandy e Junior. Foto: Tarciso Augusto/Esp.DP FOTO 
Hugo Gloss tieta Sandy e Junior. Foto: Tarciso Augusto/Esp.DP FOTO
"Eu não consigo falar o que está acontecendo aqui neste coração. Quanto tempo faz que vcs não viam isso aqui? Que a gente não via isso aqui? É muito bom ver esse reencontro e isso só está acontecendo por vocês", afirmou Sandy em sua primeira interação com o público. Com super produção e cenografia moderna, repleta de formas geométricas, misturando cores vivas com tons sóbrios, o palco recebeu, durante todo o show, imagens interativas e registros de arquivo da trajetória musical dos irmãos. Os figurinos, outro segredo aguardado pelos fãs, apostaram em brilhos e couro, retratando as influências do sertanejo e do pop na construção da carreira de Sandy e Junior.
 
No palco, os irmãos arriscaram alguns passos de coreografias que marcaram os antigos shows da infância e juventude. "17 anos dessa história. É muito louco reviver tudo isso. Sabe o que eu acho melhor? Construir novas lembranças e sair daqui dizendo 'a gente viveu isso juntos'", refletiu Sandy. A apresentação foi acompanhada pela banda formada por Marinho Lima (bateria), Gil Fonseca (guitarra), Erik Escobar (teclado), Milton Guedes (Sax), Dudinha (baixo) e Edu Tedeschi (guitarra).

Foto: Tarciso Augusto/Esp.DP FOTO 
Foto: Tarciso Augusto/Esp.DP FOTO
No meio do espetáculo, Sandy e Junior deixaram o palco e abriram espaço para a exibição de vídeo com os dois intercalando falas no telão, relatando a motivação e a expectativa com o retorno aos palcos. "A gente percebia o que esperavam de nós. Depois de 12 anos resolvemos mexer nessa história. É um amor de uma galera que a gente nem tinha noção do tamanho, toca o nosso coração. Esse show é para a gente, mas é principalmente para vocês, os nossos fãs, que não desligaram dessa história.Foi uma alegria poder exercer como profissão aquilo que na época era brincadeira. Hoje só topamos fazer essa apresentação como uma maneira de agradecer a todos vocês. Somos muito gratos. Quando nós precisamos fazer uma busca individual, seguir carreiras separadas, vocês souberam respeitar e continuaram aqui, próximos de nós. Agora a nossa história está marcada mais do que nunca". 
 
O show abriu mais espaço para Junior, que liderou Aprender a AmarLibertar, Super heró Enrosca, além de um longo solo de bateria antes de A gente dá certo. E por alguns minutos o nome dele ecoou na boca do público. Minutos antes de iniciar Acho que Pirei, uma conversa de WhatsApp entre personagens da série dominical da Rede Globo, Sandy e Junior, foi simulada no telão, com mensagens áudios, figurinhas e emojis, em uma tentativa de trazer a memória para a atualidade com participação de Fernanda Paes Leme (Patty), Paulinho Vilhena (Gustavo), Igor Cotrim (Boca), Douglas Aguillar (Mau), Wagner Santisteban (Basílio) e Karina Dohme (Bete). Durante a música, imagens da série foram mescladas com novos registros atuais dos atores cantando e dançando.
 
Foto: Tarciso Augusto/Esp.DP FOTO 
Foto: Tarciso Augusto/Esp.DP FOTO
 
Antes de cantar Com Você, Sandy revela uma curiosidade da pré adolescência dos dois. “Quando íamos fazer um show a gente sempre escolhia o repertório e ficava ensaiando, gravando as vozes. No meio disso, mudei de voz. Eu tinha 11 anos e os hormônios mexeram com as cordas vocais e o meu tom de voz mudou", revelou. "Eu tinha 10, minha voz não tinha mudado ainda então, pela primeira vez, eu fiquei com os agudos. Mas logo depois devolvi pra ela", relembra Junior, rindo da situação. De acordo com Sandy, que mais interagia com o público, o maior desafio da dupla foi escolher o repertório. "Imagina escolher essas musicas, contar 17 anos de história? Cada música que ficava de fora dava uma pontadinha no coração. Tentamos passar por todas as fases da carreira, queríamos deixar vocês felizes", contou. 
 
Em Inesquecível, Sandy não conseguiu controlar a emoção, que foi compartilhada por Junior em Super herói. Ao fim da sequência, visivelmente emocionados, os dois se abraçaram. A lenda, As quatro estações, Quando você passa (Turu Turu) foram as faixas que causaram maior êxtase entre os fãs que cantavam em conjunto sem precisar ser guiados pelas vozes da dupla. Na última, a plateia ergueu plaquinhas com desenhos representando as quatro estações do ano: neve, folhas, sol e flores. Em Cai a chuva, o público relembrou as coreografias, dividindo as brechas de espaço para repetir os passos. A despedida ficou com a efusividade e energia de Vamo pulá. 

Foto: Tarciso Augusto/Esp.DP FOTO 
Foto: Tarciso Augusto/Esp.DP FOTO
 
EXPECTATIVA
As filas começaram a ser organizadas a partir do meio-dia em frente ao Classic Hall, com muita cantoria e fãs ensaiando as coreografias que Sandy e Junior faziam nos palcos. "Eu estou muito emocionada, achava que esse dia nunca fosse chegar. Acho que vou sair daqui desidratada de tanto que vou chorar”, disse Isabela Luiza, segurando a foto que tirou quando conheceu a dupla em 2001. Karina Ribeiro veio de São Paulo para acompanhar a estreia da turnê "A expectativa é muito grande, a energia daqui é incrível", conta. Depois da apresentação no Recife, a fã ainda acompanha a dupla nos shows de Belo Horizonte (MG), Belém (PA) e nos quatro que vão rolar em São Paulo.

Às 17h30, os fãs que adquiriram os ingressos Gold puderam entrar e acompanhar a passagem de som. Três horas antes do início do espetáculo, na fila para entrar no show, já se vi muitos fãs com faixas com o nome da dupla e blusas com letras das músicas. Cambistas anunciavam ingressos para pista por R$ 400 a R$ 600, os únicos que estavam sendo comercializados. Quem conseguiu comprar com antecedência nos meios oficiais pagou entre R$ 80 e R$ 200 por uma entrada no mesmo setor. 

Uma hora antes do show começar as áreas da pista e o frontstage do espaço já estavam lotados. Para esquentar o clima, uma versão remix de Turu turu quebrou o silêncio do local e fez um a plateia cantar em um só timo. Em seguida, um câmera interagia com o público, revelando, em um telão, imagens filmadas ao vivo com a hashtag: deixe a química rolar”. Para ansiedade dos fãs, a contagem regressiva começou 30 minutos antes do início, revelando vídeos caseiros deles em 1987 cantando e dançando. Pensando na acessibilidade, algumas áreas próximas ao palco foram reservadas para cadeirantes e pessoas com dificuldade de locomoção.