Enfeitar a casa com plantas é missão cuidadosa para quem tem cachorro ou gato. Algumas espécies comuns em vasos ornamentais, semeadas também em jardins e canteiros, são tóxicas para eles. Mantê-las fora de alcance é tarefa obrigatória para evitar desde irritações na pele a problemas respiratórios, cardíacos e até a morte.
O alerta vale para tutores dos pets mais comuns entre os brasileiros – cães e gatos, que somam 74 milhões –, orienta o médico veterinário René Rodrigues Junior. Segundo o profissional, como não existem características comuns às espécies venenosas, o ideal é consultar um especialista antes de levá-las para casa ou, em último caso, mantê-las longe da curiosidade e do alcance dos bichos.
Dentre os sintomas frequentes após a ingestão de um exemplar tóxico estão vômito, diarreia, falta de coordenação motora, dor abdominal seguida de gemidos e pupilas dilatadas. Os animais também podem apresentar sonolência e letargia, hiperatividade, inconsciência, problemas cardíacos e respiratórios, inchaço e irritação da pele, enumera o veterinário da Magnus, fabricante de alimentos para cães e gatos.
Junior também chama a atenção para os socorros iniciais. Ao contrário do que muitos recomendam, é proibido dar leite ao pet. A bebida não só piora o quadro de intoxicação do animal como atrasa a recuperação. A orientação do veterinário é induzir o vômito do pet e levá-lo imediatamente a uma clínica.
Susto
Tutora de Cevado, de 2 anos e meio, a bancária Mirelly Santos Clébicar, de 39, levou um baita susto ao descobrir o motivo da prostração do bichano. O gatinho havia comido parte de um lírio da paz que ficava na cozinha. “O Cevado gosta de morder de vez em quando, mas não come (plantas). E eu não sabia do perigo. Percebemos que ele estava triste, como se estivesse com preguiça. No outro dia, estava pior, quase não andava e tinha febre. No petshop, contei o que havia acontecido e a veterinária concluiu que era intoxicação pela planta”, relembra Mirelly.
O saldo do descuido da bancária, ocasionado por falta de conhecimento, foi uma semana de internação e de soro intravenoso para promover a desintoxicação do organismo do pet. “Estamos em vigilância constante. Ele ainda está magro, comendo pouco e tentamos hidratá-lo de todas as formas. Sem contar os gastos. Não esperávamos por isso”, lamenta.
Grama para gatos
René Rodrigues Junior explica que gatos têm o hábito de comer mais grama que os cães. Ele orienta levar para casa plantas que tenham essa finalidade. As espécies podem ser encontradas em vasinhos ou em forma de sementes vendidas em lojas especializadas em produtos para pets.
“Esse consumo é importante para que eles se livrem dos pelos ingeridos durante os ‘banhos’, evitando, assim, a formação de bolas no estômago e no intestino”, explica o veterinário.
Algumas espécies são tóxicas não só quando ingeridas, mas quando entram em contato com boca e com a pele do pet
Além disso
Alguns tipos de plantas ajudam a aliviar desconfortos gástricos em cães e gatos e podem ser ingeridos sem medo de consequências desagradáveis para o pet, afirma o veterinário René Rodrigues Junior. Ingeridas instintivamente por cães, principalmente, as gramas, por exemplo, facilitam o trânsito intestinal e levam ao vômito.
“O consumo de grama é algo comum entre os cães, mas só pode ser visto como normal na espécie quando não ocorrer com frequência. Nesse caso, indicaria problemas gástricos”, alerta o profissional.
Outro detalhe importante a que os tutores devem ficar atentos é quanto à qualidade da grama ingerida pelo bichinho de estimação. O local deve estar limpo e livre de dejetos de outros animais, assim como de pesticidas, agrotóxicos e de venenos usados para repelir bichos.
Existem também espécies que podem ser cultivadas sem problema dentro de casa. Caso da grama natural, já mencionada, da erva-cidreira, da camomila, da erva de gato (erva medicinal da família da hortelã), do manjericão e da própria hortelã – as duas últimas funcionam, inclusive, como repelentes naturais.
A erva de gato contém uma substância que estimula o cérebro dos felinos. O ideal é oferecê-la uma vez por semana ao pet; o produto não vicia
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