Animais sofrem com barulhos como fogos de artifício e trovões. Isso porque eles têm a audição mais sensível, e sons altos podem provocar medo e desorientação.

“Uma explosão próxima ao pet pode causar o rompimento dos tímpanos e perda auditiva. O estresse a que o animal é submetido pode provocar tremores, taquicardia, vocalização com choros e latidos e, em casos extremos, convulsões, paradas cardiorrespiratórias e morte”, diz a médica Nathália Melo, do Centro Veterinário Seres, da Petz.

Segundo Fernanda Fragata, do Hospital Veterinário Sena Madureira, os animais têm capacidade auditiva quatro vezes maior que a nossa.

Por isso, o risco de acidentes é maior em festas de fim de ano, juninas ou comemorações em dias de partidas de futebol. Assustado, o animal pode tentar se esconder ou fugir. E, assim, pode pular janelas, correr para o meio da rua ou se machucar com objetos mesmo dentro de casa.

O especialista em comportamento canino Ricardo Tamborini afirma que o medo não é o comportamento natural de um animal. Segundo ele, tanto medo como agressividade são comportamentos aprendidos. Por isso, a postura do tutor é fundamental para o bem-estar.

Tamborini afirma que o trabalho para dessensibilizar um pet com medo de fogos de Réveillon deve começar em janeiro. Perto das comemorações, há truques para amenizar o sofrimento.

O QUE FAZER?

Cães e gatos com problemas de saúde devem ter atenção especial, principalmente aqueles com doenças cardíacas. Caso o animal apresente alguma alteração ou se machuque, deve ser levado imediatamente ao veterinário.

– Segundo Tamborini, entre os principais erros do tutor estão pegar o animal medroso no colo e fazer carinho, o que reforça para o animal que está sendo recompensado por ter medo. “Por mais dó que dê, o certo seria ignorar esse comportamento para o cão ver que nesse momento de fogos, de chuva, nada de ruim acontece.”

– Deixar o animal em um cômodo escuro, onde o som seja mais abafado. De acordo com o especialista, ao contrário do ser humano, os pets se sentem mais confortáveis em um cantinho com pouca luz quando estão com medo. Colocar uma música tranquila, em volume baixo, pode ajudar.

– O ideal é agir de forma natural, brincar com o pet, entretê-lo com seu brinquedo favorito, fazer festa, como se nada estivesse acontecendo, diz a veterinária Nathália Melo.

– Se o pet preferir se esconder sob algum móvel, essa pode ser melhor maneira para ele. Não force situações desconfortáveis.

 
– No caso dos gatos é comum que sumam da vista dos donos. Se o ambiente for seguro, com redes nas janelas e portões fechados, evite ficar chamando para não estressá-lo mais, diz Nathália.

– Colocar algodão no ouvido do animal. Mas atenção: ele deve ser removido assim que diminuir o barulho. Alguns animais podem ficar ainda mais incomodados com o algodão. Fique atento ao comportamento.

– Manter o animal com plaquinha de identificação, com nome do animal, do tutor e telefone para contato. Isso ajuda —e muito— em caso de fuga do pet.

– Para a veterinária, é importante que os animais fiquem sem as guias. Na tentativa de se esconder ou fugir, cães e gatos podem ficar rodando em círculos e há risco de enforcamento.

– Manter janelas e portas fechadas, para o pet não escapar. Orientar familiares e visitas para que não deixem frestas que permitam a saída do animal. O tutor também deve manter fechado o acesso a piscinas.

Alguns tutores optam por medicamentos ou florais para acalmar os animais. Ambos devem ser usados apenas sob orientação do veterinário.

Para Tomborini, os dois casos não são indicados. “Quando o animal tem um pico algo de ansiedade, a adrenalina bloqueia o efeito do remédio”, diz. Segundo ele, medicamentos servem para maquiar o problema, já que o animal pode reagir bem naquele momento, mas ter fobia em um dia de trovões, por exemplo, quando estiver sozinho em casa.

TÉCNICA DA FAIXA?

A técnica da faixa, difundida nas redes, também não é recomendado por especialistas. Nela, o animal tem parte do corpo comprimida por um pano, supostamente para supostamente acalmar o animal.

De acordo com Tamborini, além de não haver estudos que comprovem a eficácia, há risco de desconforto para o animal já estressado e até de enforcamento. “Se fugir, pode se enroscar em algum lugar e até se enforcar”, alerta.