Governador apresentou aos políticos números do Estado e pediu ajuda para aprovar propostas na Casa
Precisando do apoio dos deputados para aprovar o projeto de reforma administrativa, o governador Romeu Zema (Novo) se reuniu ontem com parlamentares de um dos blocos independentes da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, o Minas tem História. O governador apresentou aos políticos números do Estado e pediu ajuda para aprovar propostas na Casa. Ao mesmo tempo, teve que ouvir reivindicações dos parlamentares, como as de que o Escritório de Representação do Governo em Brasília não seja extinto pela reforma e que os políticos não sejam “demonizados” pela gestão.
Os deputados contam que deixaram claro para Zema que o grupo vai ajudar Minas no que for preciso, mas ressaltaram que a forma efetiva de equilibrar as contas do Estado, que neste ano apresenta déficit de R$ 11,4 bilhões, é por meio de articulações de temas em Brasília. A principal delas é a compensação da Lei Kandir. A conta é que o Executivo mineiro deixou de arrecadar R$ 101 bilhões com essa legislação, que, em 1996, determinou a isenção de ICMS sobre exportações feitas pelos Estados.
A compensação de perdas da Lei Kandir agora depende do Congresso Nacional. Por isso, os deputados mineiros disseram a Zema que extinguir o escritório não representaria uma economia, mas sim perda política. Como O TEMPO mostrou em janeiro, desde que assumiu o posto, o governador rem ignorado a existência desse espaço, que foi criado no final da década de 80 para auxiliar a administração estadual na negociação de projetos de interesse de Minas.
O líder do bloco, Sávio Souza Cruz (MDB), afirmou que o governador foi receptivo às manifestações de cada político e que expressou interesse em que as reuniões sejam periódicas. “A visão que passamos para ele é que precisamos unir Minas para buscar uma reparação por parte da União por tudo que a Lei Kandir significou nas contas do Estado. Não é simplesmente um imposto que Minas deixou de recolher, mas é a interrupção de um projeto de desenvolvimento que estava em curso desde 1970”, declarou. O parlamentar ressaltou que também falou sobre a importância de não “demonizar” os políticos.
Segundo o emedebista, 16 dos 20 deputados que participam do bloco, formado por MDB, PDT, Podemos, PRB, PV e DC, estiveram presentes no encontro. Antes distante dos políticos, Zema fez essa aproximação visando aprovar textos na Casa. E, para isso, ele precisa mais do que o apoio do bloco da base, que tem 21 representantes. Pelo regimento interno, textos simples necessitam de, no mínimo, 39 dos 77 votos possíveis. Por isso, o governador vai precisar da ajuda dos dois blocos independentes do Legislativo, que, juntos, somam 40 representantes.
Em um texto divulgado pelo governo de Minas, Zema argumentou que, além da economia, o projeto da reforma vai modernizar e dar mais efetividade ao desenvolvimento de ações que beneficiem os mineiros. “Queremos deixar clara a nossa posição de proximidade, transparência e de que precisamos trabalhar juntos para tirar Minas desse abismo. Nestes 74 dias de governo, já conseguimos avançar em muitas coisas, mas sabemos que elas não acontecem do dia para noite e vai levar algum tempo para que tenhamos condições de resolver a situação do Estado”, disse.
O deputado Thiago Cota (MDB) disse que considerou a reunião propositiva e que foi possível mostrar ao chefe do Executivo que a boa política sempre tem vez em Minas. “A soma de deputados experientes e novatos que estão com vontade de trabalhar resulta no fato de que o nosso bloco é imprescindível para a governabilidade. E nós buscamos mostrar para ele que o interesse que nos une é Minas”, afirmou. Ainda segundo ele, o principal tema tratado foi a reforma administrativa, mas foi dito na reunião por membros do bloco que o projeto é importante, porém serão feitos aperfeiçoamentos na Casa.
“Foi uma reunião na qual os deputados tiveram a oportunidade de manifestar seus pensamentos e o que entendem que deve ser priorizado nesse novo governo, sempre respeitando as peculiaridades regionais para buscar o equilíbrio”, declarou outro participante do encontro, o deputado Glaycon Franco (PV).