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O fim de semana será marcado por manifestações pelo fim da violência contra a mulher e por justiça pelas mortes da jovem Clara Maria Venancio Rodrigues, de 21 anos, e da biomédica Miquéias Nunes de Oliveira, de 33, vítimas de feminicídio nesta semana. Os casos provocaram comoção e revolta e se somam ao de outras cinco mulheres brutalmente assassinadas em Minas Gerais nos primeiros 10 dias de março, o mês da mulher, segundo levantamento do Estado de Minas, com base em reportagens publicadas sobre feminicídios. Em 2024, foram registrados 161 feminicídios e 248 tentativas, segundo dados da Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp).
Hoje, movimentos sociais, estudantil e sindicatos se concentram na Praça Sete, no Centro de BH, às 10h, para pedir justiça por Clara Maria morta por enforcamento no domingo (9/3). Seu corpo foi encontrado concretado na casa de um dos suspeitos. O ato está sendo organizado pelo 8M Unificado e o movimento estudantil Faísca UFMG, além de outras entidades e sindicatos. Nas redes sociais, internautas reforçam a importância do ato e clamam pelo fim do feminicídio.
“A Clara foi vítima de um feminicídio movido pelo ódio neonazista às mulheres. Iremos às ruas. Arrancaremos justiça por ela com a destruição desse sistema nojento! Clara Maria Venancio Rodrigues, presente!”, disse uma mulher nos comentários da postagem, nas redes sociais.
Já em Uberlândia, no Triângulo Mineiro, cidade natal da jovem morta, a manifestação acontece em frente ao Teatro Municipal, na Avenida Rondon Pacheco, no Bairro Tibery. Amanhã, às 9h, moradores de Ibirité, na Grande BH, organizam uma manifestação em frente ao Fórum da cidade para homenagear as mulheres vítimas de violência e exigir justiça. Esse será o segundo ato em protesto pela morte de mulheres na cidade. Ontem, representantes da Polícia Civil de Minas Gerais, da Assembleia Legislativa estadual, organizações não governamentais e representantes da Igreja Católica e de igrejas evangélicas, se reuniram na Praça do Fórum para discutir sobre o enfrentamento à violência contra a mulher.
Os atos tiveram como gatilho o feminicídio da biomédica Miquéias Nunes de Oliveira, de 33 anos, conhecida como "Dra. Kéia Oliveira", assassinada a golpes de canivete na última segunda-feira (10/3), enquanto trabalhava em uma clínica de estética no Bairro Várzea, em Ibirité. O ex-companheiro dela, Renê Teixeira, de 42 anos, tentou tirar a própria vida após o ataque. Ele foi preso e confessou o crime. Segundo a polícia, ele não aceitava o fim do relacionamento. Familiares da biomédica são esperados na manifestação.
RETROCESSO
Elizabeth Fleury, doutora em sociologia e uma das fundadoras do movimento Quem Ama Não Mata, afirma que, apesar de avanços no tratamento às vítimas de violência desde a criação da Lei Maria da Penha, a falta de investimento em equipamentos públicos e em grupos financiados pela União durante a última gestão federal representou um retrocesso nessa luta. Por isso, para a pesquisadora, há muito a ser retomado.
“É importante reforçar a educação adequada de garotos e garotas no ensino fundamental e de rapazes e moças no ensino médio como política de prevenção à violência. Existem pesquisas que mostram o quanto a violência já se manifesta durante a fase do namoro entre os jovens e que, muitas vezes, não é identificada adequadamente nem tratada. Então, isso tudo tem que ser muito trabalhado na educação das crianças e dos jovens”, diz Elizabeth.
PRISÃO PREVENTIVA
Na tarde de ontem, o corpo de Clara Maria foi liberado do Instituto Médico-Legal (IML) de Belo Horizonte e retirado pelos familiares da jovem, visivelmente abalados. Clara será sepultada em Uberlândia. A data e o local do velório e do sepultamento ainda não foram informados. Uma irmã da jovem, muito abalada, disse ao Estado de Minas que a família tem interesse em se manifestar, mas, naquele momento, a prioridade era cuidar do traslado do corpo para a cidade do Triângulo.
Mais cedo, os dois suspeitos da morte da jovem, Thiago Schafer Sampaio, de 27 anos, e Lucas Rodrigues Pimentel, de 29, passaram por audiência de custódia. A juíza Alessandra de Souza Nascimento Gregório converteu a prisão em flagrante de ambos em preventiva. Na decisão, a magistrada classificou a conduta dos suspeitos como “extremamente grave, cometida com o emprego de violência real contra a pessoa”. Após a audiência de custódia, os depoimentos dos suspeitos à polícia foram divulgados pela Justiça.
VERSÕES DIFERENTES
Thiago Sampaio estava sozinho em casa quando os policiais chegaram à casa dele, no Bairro Ouro Preto, na Região da Pampulha, na quarta-feira (12/3). Os investigadores relatam que, ao se aproximar do imóvel, já era possível sentir um forte odor.
Um dos investigadores percebeu que, logo na entrada do local, havia uma área de jardim com cimento recente. E, ao se aproximar, o odor teria ficado ainda pior. O mesmo investigador teria raspado o local de cimento com uma faca, e logo uma parte do corpo da jovem ficou aparente. O suspeito recebeu voz de prisão naquele momento.
Ele confessou a autoria do crime. Em seu depoimento, disse que a jovem foi morta por estrangulamento, e o motivo seria uma dívida de R$ 400 que tinha com ela, quando trabalharam juntos em uma padaria no Bairro Ouro Preto. O suspeito relatou ainda aos investigadores que, cinco dias antes do crime, se encontrou com o outro suspeito, Lucas Pimentel, desafeto de Clara.
Os dois teriam planejado a morte da jovem, já que, assim, Thiago não precisaria pagar a dívida, além de poderem tirar mais dinheiro dela. Lucas ainda se vingaria da jovem, por causa de um atrito anterior.
Thiago, então, mandou mensagem para Clara dizendo que pagaria a dívida, mas teria que ser pessoalmente, pois o débito seria quitado em espécie. O encontro para o pagamento seria em uma padaria localizada nas proximidades da casa dele. Ao se encontrar com a jovem, Thiago disse que o dinheiro estava na casa dele, e os dois foram até o imóvel.
Quando chegaram, Lucas já estava no local, escondido no quarto. Ele teria abordado a vítima com uma “gravata”, enquanto Thiago colocou um pano na boca da jovem para sufocá-la, pois ela estava se debatendo.
Ao perceber que Clara estava morta, deixaram o corpo na sala e permaneceram no local planejando o que fariam com ele. No dia seguinte, segunda-feira (10/3), eles cavaram um buraco no jardim da entrada e enterraram lá.
Segundo o depoimento de Thiago, Lucas teria ido embora logo depois. Na terça-feira (11/3), o corpo da vítima começou a inchar e aparecer sob a terra. Thiago relata que pegou alguns entulhos de uma obra próxima, colocou sobre a terra e começou a concretá-la.
Lucas Pimentel também confessou participação no crime. Em depoimento aos investigadores, o suspeito disse que, no domingo, Thiago entrou em contato com ele, convidando-o para tomar uma cerveja. Depois, os dois foram para a casa de Thiago, que disse esperar pela jovem para saldar a dívida.
Lucas disse também que, quando Clara chegou ao local, foi Thiago que teria dado um “mata-leão” na jovem até que ela perdeu os sentidos. Segundo Lucas, eles deixaram o corpo na sala e foram para a cozinha a fim de decidir o que fazer. Ele disse que voltou no dia seguinte e, por não conseguirem transporte para o corpo, decidiram cavar um buraco no jardim e enterrá-lo. Lucas alega que Thiago despiu a vítima e queria jogar as roupas da jovem fora, mas foi Lucas quem descartou as vestimentas em Ribeirão das Neves, na Grande BH.
O aparelho celular de Clara teria ficado em posse de Thiago. Lucas alegou que o crime foi motivado pela dívida que o comparsa tinha com a jovem, mas relatou o desentendimento que teve com Clara, quando fez uma piada de humor ácido, que a vítima não gostou.
INVESTIGAÇÕES
Na tarde de quinta-feira (13/3), delegados da Polícia Civil concederam uma coletiva para detalhar o caso Clara Maria. Eles disseram que as investigações continuam para determinar a motivação para a morte da jovem, já que os suspeitos deram declarações diferentes. Entre as hipóteses, estão ciúmes de Thiago e o ódio que Lucas nutria pela jovem.
Os delegados disseram que, apesar de Thiago sustentar a dívida como motivação, os investigadores acreditam que ele teria ficado com ciúmes ao encontrar Clara com o namorado, dias antes, em uma cervejaria. Amigos da jovem disseram que Thiago tinha um interesse por Clara, mas não era correspondido.
Já Lucas, segundo os delegados, nutria ódio da jovem depois de ter sido repreendido por ela em público por ter feito apologia ao nazismo. Desde então, ele teria dito a amigos que queria ver Clara morta.
O delegado Alexandre Oliveira disse que conversou com um amigo em comum dos suspeitos que teria relatado que Lucas teria confessado a vontade de praticar necrofilia. Segundo os delegados, ainda não é possível afirmar que o corpo da jovem tenha sido violentado, mas não descartam essa possibilidade.
(Com informações de Melissa Souza e Quéren Hapuque – estagiária)
MARÇO SANGRENTO
2 de março – Mulher de 29 anos morre enforcada no Bairro Glória, na Região Noroeste de Belo Horizonte. O companheiro dela, de 46, é suspeito do feminicídio
3 de março – Mulher de 30 anos é morta pelo ex-marido, de 34, após voltar de festa de carnaval em Alfenas, no Sul de Minas
5 de março – Corpo de Kellen Salles Silva, de 37 anos, é encontrado em um matagal em Ituiutaba, no Triângulo Mineiro
6 de março – Mulher de 56 anos é encontrada morta com três cortes no pescoço em Três Corações, no Sul de Minas. O companheiro da vítima, de 39, é o principal suspeito do crime.
8 de março – Dia Internacional da Mulher – Yara Karoline Martins Neves, de 10 anos, é encontrada morta em São Pedro do Suaçuí, no Vale do Rio Doce. Um homem, de 56, foi preso suspeito de sequestrar e matar a menina
9 de março – Clara Maria Venancio Venâncio Rodrigues, de 21 anos, é morta estrangulada. Seu corpo foi encontrado somente na quarta-feira (12/3), concretado, na casa de um dos suspeitos.
10 de março – Miquéias Nunes de Oliveira, conhecida como Kéia Oliveira, de 33 anos, foi morta pelo ex-companheiro Renê Teixeira (foto), de 42, em Ibirité, na Grande BH. O homem a assassinou com golpes de canivete e, em seguida, tentou se matar.
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Hoje, movimentos sociais, estudantil e sindicatos se concentram na Praça Sete, no Centro de BH, às 10h, para pedir justiça por Clara Maria morta por enforcamento no domingo (9/3). Seu corpo foi encontrado concretado na casa de um dos suspeitos. O ato está sendo organizado pelo 8M Unificado e o movimento estudantil Faísca UFMG, além de outras entidades e sindicatos. Nas redes sociais, internautas reforçam a importância do ato e clamam pelo fim do feminicídio.
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Já em Uberlândia, no Triângulo Mineiro, cidade natal da jovem morta, a manifestação acontece em frente ao Teatro Municipal, na Avenida Rondon Pacheco, no Bairro Tibery. Amanhã, às 9h, moradores de Ibirité, na Grande BH, organizam uma manifestação em frente ao Fórum da cidade para homenagear as mulheres vítimas de violência e exigir justiça. Esse será o segundo ato em protesto pela morte de mulheres na cidade. Ontem, representantes da Polícia Civil de Minas Gerais, da Assembleia Legislativa estadual, organizações não governamentais e representantes da Igreja Católica e de igrejas evangélicas, se reuniram na Praça do Fórum para discutir sobre o enfrentamento à violência contra a mulher.
Os atos tiveram como gatilho o feminicídio da biomédica Miquéias Nunes de Oliveira, de 33 anos, conhecida como "Dra. Kéia Oliveira", assassinada a golpes de canivete na última segunda-feira (10/3), enquanto trabalhava em uma clínica de estética no Bairro Várzea, em Ibirité. O ex-companheiro dela, Renê Teixeira, de 42 anos, tentou tirar a própria vida após o ataque. Ele foi preso e confessou o crime. Segundo a polícia, ele não aceitava o fim do relacionamento. Familiares da biomédica são esperados na manifestação.
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Elizabeth Fleury, doutora em sociologia e uma das fundadoras do movimento Quem Ama Não Mata, afirma que, apesar de avanços no tratamento às vítimas de violência desde a criação da Lei Maria da Penha, a falta de investimento em equipamentos públicos e em grupos financiados pela União durante a última gestão federal representou um retrocesso nessa luta. Por isso, para a pesquisadora, há muito a ser retomado.
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PRISÃO PREVENTIVA
Na tarde de ontem, o corpo de Clara Maria foi liberado do Instituto Médico-Legal (IML) de Belo Horizonte e retirado pelos familiares da jovem, visivelmente abalados. Clara será sepultada em Uberlândia. A data e o local do velório e do sepultamento ainda não foram informados. Uma irmã da jovem, muito abalada, disse ao Estado de Minas que a família tem interesse em se manifestar, mas, naquele momento, a prioridade era cuidar do traslado do corpo para a cidade do Triângulo.
Mais cedo, os dois suspeitos da morte da jovem, Thiago Schafer Sampaio, de 27 anos, e Lucas Rodrigues Pimentel, de 29, passaram por audiência de custódia. A juíza Alessandra de Souza Nascimento Gregório converteu a prisão em flagrante de ambos em preventiva. Na decisão, a magistrada classificou a conduta dos suspeitos como “extremamente grave, cometida com o emprego de violência real contra a pessoa”. Após a audiência de custódia, os depoimentos dos suspeitos à polícia foram divulgados pela Justiça.
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Thiago Sampaio estava sozinho em casa quando os policiais chegaram à casa dele, no Bairro Ouro Preto, na Região da Pampulha, na quarta-feira (12/3). Os investigadores relatam que, ao se aproximar do imóvel, já era possível sentir um forte odor.
Um dos investigadores percebeu que, logo na entrada do local, havia uma área de jardim com cimento recente. E, ao se aproximar, o odor teria ficado ainda pior. O mesmo investigador teria raspado o local de cimento com uma faca, e logo uma parte do corpo da jovem ficou aparente. O suspeito recebeu voz de prisão naquele momento.
Ele confessou a autoria do crime. Em seu depoimento, disse que a jovem foi morta por estrangulamento, e o motivo seria uma dívida de R$ 400 que tinha com ela, quando trabalharam juntos em uma padaria no Bairro Ouro Preto. O suspeito relatou ainda aos investigadores que, cinco dias antes do crime, se encontrou com o outro suspeito, Lucas Pimentel, desafeto de Clara.
Os dois teriam planejado a morte da jovem, já que, assim, Thiago não precisaria pagar a dívida, além de poderem tirar mais dinheiro dela. Lucas ainda se vingaria da jovem, por causa de um atrito anterior.
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Na tarde de quinta-feira (13/3), delegados da Polícia Civil concederam uma coletiva para detalhar o caso Clara Maria. Eles disseram que as investigações continuam para determinar a motivação para a morte da jovem, já que os suspeitos deram declarações diferentes. Entre as hipóteses, estão ciúmes de Thiago e o ódio que Lucas nutria pela jovem.
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Já Lucas, segundo os delegados, nutria ódio da jovem depois de ter sido repreendido por ela em público por ter feito apologia ao nazismo. Desde então, ele teria dito a amigos que queria ver Clara morta.
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2 de março – Mulher de 29 anos morre enforcada no Bairro Glória, na Região Noroeste de Belo Horizonte. O companheiro dela, de 46, é suspeito do feminicídio
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5 de março – Corpo de Kellen Salles Silva, de 37 anos, é encontrado em um matagal em Ituiutaba, no Triângulo Mineiro
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