Tese defendida por economista na UFMG relaciona uso da droga ao baixo desempenho acadêmico e revela que estudantes de alto poder aquisitivo têm 120% mais chances de consumir maconha


Uma tese defendida na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) relaciona o uso de maconha ao baixo desempenho de universitários. Os índices de aprovação em todas as disciplinas são maiores entre os não fumantes e, entre os usuários, diminuem à medida que aumenta a frequência do consumo.
A tese Ensaios sobre as associações do consumo de “Cannabis com o índice CCEB, as preferências sobre a legalização e o desempenho universitário dos estudantes efetivamente matriculados” foi defendida pelo economista e professor Alvaro Alberto Ferreira Mendes Júnior no Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional (Cedeplar), da Faculdade de Ciências Econômicas (Face). Ele leciona na Universidade Cândido Mendes, no Rio de Janeiro. Ele utilizou parâmetros do Critério de Classificação Econômica Brasil (CCEB).
O pesquisador apoiou o nos levantamentos nacionais da Universidade de São Paulo (USP), em parceria com a Secretaria Nacional Antidrogas (Senad), do Ministério da Justiça, e do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia para Políticas Públicas sobre Álcool e outras Drogas, sediado na Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Os dados da tese vieram de entrevistas feitas em 2009 com 12.711 estudantes de 100 universidades públicas e privadas.
O trabalho mostra que, entre os universitários brasileiros, a demanda é maior quanto mais alta é a renda. Segundo a UFMG, Mendes Júnior salienta que a melhor estimativa indica, por exemplo, que os alunos que pertencem às classes A e B têm 120% mais chances de consumir a maconha quando comparados aos das classes C, D e E. No entanto, uma vez iniciado o consumo, muitos estudantes de menor poder aquisitivo progridem para o consumo de risco. Dez por cento dos usuários oriundos da classe C apresentam risco alto de dependência para a Cannabis. Entre os classificados na classe A, são apenas 3,1%
O pesquisador escolheu o público universitário por constituir o recorte que conta com a melhor base de dados disponível no Brasil. Os dados mais significativos mostram que apenas 50,7% dos estudantes que fumam maconha passaram direto em todas as disciplinas, enquanto entre os não usuários a proporção foi de 66,1%. E só 49,6% dos usuários com risco alto ou moderado de dependência tiveram esse desempenho. A proporção foi de 66,1% para aqueles com risco baixo ou nulo.