Gustavo Werneck

Um dia antes do previsto, foi retirado neste domingo (8) em Pirapora, na Região Norte do estado, o legendário vapor Benjamim Guimarães do leito do Rio São Francisco. O objetivo é começar em seguida o restauro da embarcação histórica. Segundo informou na tarde deste domingo (8) o secretário estadual de Cultura e Turismo, Leônidas Oliveira, o nível baixo das águas dificultou o trabalho inicial de puxar para a margem o barco datado de 1913 e tombado desde 1985 pelo Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (Iepha).

 
Nesta segunda-feira (9), o vapor será colocado na doca para restauração. "Não ocorreu nenhum dano durante o processo a não ser uma pequena cisão no casco, mas de acordo com o projeto, todo o casco será substituído, condição inclusive para a liberação da embarcação para voltar a navegar. Tudo previsto apesar das dificuldades inerentes a todo o processo", explicou Leônidas na tarde deste domingo (9).


A empresa vencedora — INC Indústria Naval Catarinense — foi conhecida em 30 de setembro, depois de anos de expectativa para começo da intervenção no Benjamim Guimarães. O valor total que será investido na recuperação, do governo federal, via Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), é de R$ 3,7 milhões, dos quais R$74.000,00 devem ser aportados pelo título de contrapartida. Leônidas ressaltou que a empresa trouxe equipamentos e profissionais de Santa Catarina e "segue o cronograma de trabalho de um projeto complexo que levou dois anos para ser concluído". 
 
OBRA A execução da obra está prevista para ocorrer no prazo de seis a oito meses, conforme cronograma do convênio e do projeto executivo contratado pelo Iepha contados a partir da conclusão do processo licitatório e assinatura do contrato. 
 
Embarcação histórica com sistema de propulsão a vapor que usa lenha como combustível, o Benjamim Guimarães receberá serviços como a recuperação e substituição da estrutura do casco, das estruturas em madeira, incluindo pisos, divisórias, esquadrias e escadas. Também serão feitas novas instalações elétricas, hidrossanitárias e de prevenção e combate a incêndio e pânico, além de recuperação dos sistema de governo, telégrafo e das máquinas alternativas de propulsão.
 
“A ação de reforma e restauração do Vapor Benjamim Guimarães é um marco para o turismo e a cultura não só da região, mas de Minas e do Brasil. A história desta embarcação é relacionada diretamente com o processo de implantação da navegação comercial no Rio São Francisco entre a segunda metade do século 19 e meados do século 20, participando como referência fundamental na paisagem do rio e na memória cultural coletiva local, regional e nacional”, destacou Leônidas Oliveira.

A ação de reforma e restauração da embarcação incluída no âmbito do Projeto Estratégico Minas Cultural, do governo de Minas, teve seus recursos viabilizados a partir de convênio firmado com a União, por intermédio do Iphan.

 
HISTÓRIA - A embarcação foi construída em 1913, pelo estaleiro norte-americano James Rees e Sons e navegou alguns anos no Rio Amazonas sendo transferido para o Rio São Francisco a partir de 1920.
Transportou turistas pelo rio, sendo o único em funcionamento. Com capacidade para transportar até 140 pessoas, entre tripulantes e passageiros, ao vapor é permitido navegar em rio, lago e correnteza que não tenham ondas ou ventos fortes.
 
Como características construtivas, o bem cultural é uma embarcação fluvial de popa quadrada, com máquina à vapor de 60 cavalos de potência alimentada por lenha, e com uma capacidade máxima de estocagem de 28 toneladas de combustível.
 
O sistema de propulsão é o de roda de pás localizado na popa, capaz de atingir até 6,5 nós de velocidade máxima. O peso descarregado é de 243,42 toneladas, podendo ainda ser acrescido de mais de 66 toneladas, possui 43,85 metros de comprimento total e 7,96 metros de largura.
 
Benjamim Guimarães é um dos últimos no mundo e tem sua história relacionada diretamente com o processo de implantação da navegação comercial no Rio São Francisco entre a segunda metade do século 19 e meados do século 20, participando como referência fundamental na paisagem do rio e na memória cultural coletiva local, regional e nacional.
 
Por recomendação da Capitania dos Portos teve suas atividades interrompidas em 2015, desde então aguarda recuperação de sua estrutura para retomar sua atividade.