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Tira-teima de exame de direção é suspenso por 90 dias em Minas

10/05/2018 00h00 - Atualizado em 21/03/2019 12h34 por Admin


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Ana Júlia Goulart
agoulart@hojeemdia.com.br

O sistema que prometia dar mais transparência às aulas e exames de direção em Minas Gerais foi suspenso pelo Departamento de Trânsito (Detran) por pelo menos três meses. O motivo que levou ao adiamento da medida não foi detalhado pelo órgão.

Conforme portaria publicada em dezembro do ano passado, até agosto todos os Centros de Formação de Condutores (CFCs) do Estado teriam que implantar câmeras, biometria, tablets e telemetria nos carros. A previsão era de que a capital adotasse a novidade ainda neste mês.

A aposta do Detran era aumentar o controle no processo de obtenção da carteira de habilitação. A norma, inclusive, permitiria ao candidato pedir uma reavaliação do exame, por meio das imagens gravadas, caso não concordasse com o resultado do teste.

Procurado, o órgão de trânsito não forneceu fonte para comentar a paralisação. Em nota, a assessoria informou apenas que a decisão foi tomada para que seja feita uma “reanálise técnica”.

A Polícia Civil disse que uma publicação foi feita no Diário Oficial do Estado de Minas Gerais, indicando as suspensões do credenciamento de empresas para atuar no novo sistema e o prazo para que os centros de formação apresentassem os contratos firmados.

Mudanças têm gerado insatisfação por parte dos donos de autoescolas; empresas alegam que sistema vai encarecer o processo de habilitação

Reação

A mudança prevista tem gerado insatisfação por parte dos proprietários de autoescolas. Segundo eles, a implantação do sistema vai encarecer o processo de obtenção da carteira de motorista. As empresas temem pela fuga de alunos.

Inconformados, alguns donos de centros de formação chegaram a acionar a Justiça para barrar a obrigatoriedade das câmeras, como conta Fernanda da Costa Ferreira Gonçalves, diretora de ensino de um CFC na região Noroeste de Belo Horizonte.

Segundo Fernanda, a autoescola em que ela trabalha faz parte de uma associação de aproximadamente 50 empresas do ramo. O grupo entrou com uma ação coletiva na Justiça. A diretora conta ter orçado a instalação do equipamento, e o custo final para o candidato seria elevado em cerca de R$ 200. “O valor onera muito o interessado em uma habilitação”.

Dono de um centro de formação na mesma região, Moacir Moreira Júnior engrossa o coro. “O mercado está em declínio há anos e esse acréscimo poderia agravar ainda mais essa situação. Várias autoescolas já estão com problemas financeiros”, afirma.

Perda

Já o especialista em trânsito e transporte Frederico Rodrigues avalia que a suspensão da portaria vai atrasar uma mudança positiva. Ele acredita que sistema pode contribuir para um processo mais transparente. “E isso seria benéfico, inclusive, para o aluno”.

Ainda segundo Rodrigues, é preciso rever a forma de se avaliar quem está em busca da habilitação. “Percebe-se cada vez mais que eles vão, de fato, aprender a dirigir só depois que já passaram pelo exame”.