Depois de passar pela primeira fase, a hora é de expectativa para a próxima etapa do concurso que mobilizou milhares de pessoas ontem em Belo Horizonte ontem. Nas próximas horas, todas as atenções estarão voltadas para a divulgação do gabarito dos testes, que pode ocorrer ainda hoje. 

Os mais bem classificados entre os 84 mil candidatos a um posto na Guarda Municipal farão prova de títulos e de capacidade física, sindicância social e avaliação psicológica em data ainda não marcada. O certame teve disputa de 168 candidatos para cada vaga. A assessoria da Guarda Municipal não divulgou números do comparecimento e desistências nos testes de ontem.
 
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Os candidatos tiveram quatro horas para responder a 50 questões objetivas, em 122 locais espalhados pelas nove regionais. Num dos maiores, no Centro Universitário UNA, na Rua Guajajaras, Centro de BH, os portões foram abertos com atraso, às 12h07, e a multidão teve apenas 23 minutos para entrar no local. São 500 vagas garantidas, sendo 100 delas reservadas para mulheres.
 
Os requisitos básicos incluem ter o ensino médio completo, idade mínima de 18 anos, aptidão física e mental e estar em dia com as obrigações eleitorais. Depois da prova objetiva, haverá ainda prova de títulos e de capacidade física, sindicância social e avaliação psicológica. Outras 1,5 mil vagas serão para cadastro de reserva, com os classificados que podem ser convocados em até quatro anos, caso haja necessidade.
 
A remuneração inicial do cargo é de R$ 1.851,20, acrescido de gratificação de disponibilidade integral, no valor de R$ 277,68, e adicional de risco de R$ 740,48. Os candidatos empossados ainda vão usufruir de benefícios como vale-transporte, vale-refeição e vale-lanche, totalizando uma remuneração aproximada de R$ 3,4 mil. A Guarda Municipal oferece também bonificação por cumprimento de metas, resultados e indicadores. A jornada de trabalho é de 40 horas semanais, que podem ser desempenhadas em períodos diurnos e noturnos, inclusive em fins de semana e feriados, de acordo com a necessidade do órgão.
 
Atualmente, a Guarda Municipal de Belo Horizonte tem 2.049 agentes, sendo 1.978 homens e 71 mulheres. Nos processos seletivos anteriores, eram destinadas apenas 5% de vagas ao público feminino. A mudança ocorreu em virtude da Lei 11.153, de janeiro de 2019. O texto alterou a composição do efetivo feminino para no mínimo 10% do quantitativo total da corporação.

Estabilidade. Foi com foco nessa palavra que o operador de logística Thiago Alves, de 21, saiu às 7h30 do Bairro Buganvile, em Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, para chegar às 10h à Rua Guajajaras. Há um ano e meio e preparando para o concurso da Guarda Municipal, estava fora de questão qualquer imprevisto. Fez cursinho, estudou em casa. Não poupou esforços para o grande dia, que podia definir sua vida. "O setor público é mais seguro e tem mais benefícios na comparação com o privado. Entrou, é só se esforçar para crescer. E no mercado fora nem sempre isso é suficiente."
 
Formada em direito em 2017, a jovem Tamires Lemos Santos, de 25 anos, foca os concursos públicos para corporações militares. "Fiz estágio no Tribunal de Justiça, mas me identifico mesmo é com a área militar. A Guarda, mesmo sendo civil, tem hoje funções semelhantes às da polícia", disse, enquanto revisava as fichas de estudo. Ela estudou sozinha em casa com a ajuda de apostilas e fez um aulão na véspera da prova para repassar os principais pontos do conteúdo programático. Com quase metade da prova (20 questões) sobre legislação, Tamires avaliou esse como o principal dificultador.
 
A auxiliar de escritório Thaís da Silva Leão, de 26, também estudou em casa por meio de videoaulas. Enquanto esperava a abertura dos portões, ela ainda aproveitou o tempo para passar o olho nas anotações e memorizar conteúdos. "Estou lendo para pincelar e não correr o risco de dar nenhum branco", disse. Moradora do Bairro Lagoa, em Venda Nova, ela já prestou outros concursos e continuará focada no serviço público caso não consiga a aprovação desta vez. "Tem que abraçar concurso em busca de uma carreira estável."

Já o auxiliar de produção Thiago Marques, de 25, não teve sorte. Fez cursinho durante um mês, mas, na hora “H”, não conseguiu chegar a tempo. Com caneta, o comprovante de inscrição em mãos e o semblante incrédulo, ele deu de cara com as portas trancadas. Morador do Bairro Tropical, em Contagem, ele contou que saiu de casa às 10h10 e, como o ônibus não passava, pegou carona até o bairro vizinho para entrar em outro coletivo. Só às 11h30 conseguiu pegar o ônibus e, chegando ao Centro, ainda errou o local de prova. “Fica para a próxima vez.”
 
TRÂNSITO Desde cedo, as interdições de trânsito para o concursos e uma série de outros eventos de porte na cidade começaram a provocar lentidão no tráfego. Longas filas se formaram no Centro de Belo Horizonte por causa da Maratona e Meia Maratona das Gerais. Na Pampulha, a orla da lagoa foi fechada para outra corrida. Longas filas já se formaram no Centro de Belo Horizonte. Um trecho da Avenida dos Andradas foi fechado em frente à Praça da Estação. Os motoristas tiveram que pegar um desvio passando pela Rua da Bahia. Por causa da interdição, a fila de veículos chegou ao Complexo da Lagoinha.