Pela terceira vez em quase um ano, a tarifa do metrô de Belo Horizonte deve ir a R$ 3,40. Desde maio de 2018, o reajuste passa a vigorar e, por força de liminar, é suspenso, voltando a custar R$ 1,80. Porém, na última segunda-feira (22), a Justiça Federal derrubou a decisão de novembro que proibia a cobrança 88% mais alta nas passagens do modal na metrópole.
O novo valor pode valer a qualquer momento. A Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) na capital mineira informou que as orientações partiriam da sede nacional e, até o fechamento desta edição, não havia definição de quando os usuários pagariam mais caro.
A determinação também é válida para Natal, Maceió, João Pessoa e Recife. As capitais tiveram aumento nos preços, mas também estavam com o reajuste suspenso.
Reclamações não faltaram nas estações do metrô de BH. Desempregada, Daniela Rodrigues, de 41 anos, terá que encontrar alguém para ajudá-la a pagar as mensalidades da faculdade, uma vez que o impacto do aumento da tarifa no orçamento será bem grande. “A R$ 1,80 já está pesada, mas indo para o valor que estão falando vai ficar ainda mais”, afirma.
Apesar de avaliar o aumento como necessário para melhorias no transporte, o funcionário público Marco Antônio Galvão, de 53, diz que o acréscimo deveria ser escalonado. “Quase 100% de uma vez só é difícil. Tinha que passar para R$ 2, depois de uns três meses para R$ 2,40”, sugere.
“É muito expressivo, não tem explicação. Como dobra o valor assim? Vou repensar muito o uso do metrô”, complementa o autônomo Flávio Ratts, de 24 anos.
Alegações
De acordo com a CBTU, o reajuste é essencial para o reequilíbrio tarifário do sistema, uma vez que, em BH, não há acréscimo no preço da passagem desde 2006.
O argumento foi acatado pelo desembargador Carlos Moreira Alves, do Tribunal Regional Federal de Minas Gerais (TRF-MG). Na decisão que derrubou a liminar, na última segunda-feira, ele classificou a decisão anterior como “grave lesão à ordem pública”, já que a companhia responsável pelo metrô apontou potencial risco de dano à coletividade devido ao comprometimento do serviço prestado por falta de verba para investimentos.
Como nos anúncios anteriores, o Sindicato dos Empregados em Transportes Metroviários e Conexos de Minas Gerais (Sindimetro-MG) se posicionou contra a medida, segundo o diretor jurídico da entidade, Robson Zeferino.
Nesta quarta-feira (24), às 14h, a categoria fará um protesto em frente à sede da Justiça Federal, no bairro Santo Agostinho, região Centro-Sul da metrópole.