Um levantamento feito pelo Sebrae Minas em parceria com a Fundação Getúlio Vargas (FGV), divulgado na terça-feira (29), mostra que seis a cada dez empreendedores do Estado não faturam o suficiente para pagar as contas de casa. E o impacto da crise econômica desencadeada pela pandemia do novo coronavírus, no segmento dos micro e pequenos, não para por aí: segundo os dados, 74% dos donos de negócios em Minas têm a atividade empresarial como principal fonte de renda, mas 78% do total de entrevistados ainda registram queda no faturamento mensal em relação ao período pré-pandemia.
A pesquisa ouviu 627 microempreendedores individuais (MEI) e proprietários de micro e pequenas empresas entre 27 de maio e 1º de junho. De acordo com o estudo, com as vendas menores, o número de empreendedores endividados também subiu, saltando de 31% para 35% entre fevereiro e maio.
Reabertura gradual de atividades ainda não foi suficiente para que pequenos resgatassem níveis de faturamento pré-pandemia
Segundo o superintendente do Sebrae Minas, Afonso Maria Rocha, é preciso ampliar o acesso ao crédito aos pequenos empreendedores até que o volume de vendas volte à normalidade, o que é esperado que ocorra com a elevação dos atuais índices de vacinação.
“Os pequenos negócios ainda não conseguiram recuperar o faturamento anterior à pandemia, mesmo com a reabertura gradual das atividades em todo o Estado e o avanço do segmento na adoção de estratégias das vendas-online. É preciso garantir ao empreendedor o suporte gerencial necessário para que o empréstimo seja, de fato, uma solução para suas necessidades, e não um novo problema”, afirma Rocha.
Sem dinheiro
A forte crise econômica tem feito com que os sonhos de muitos pequenos empreendedores naufraguem em meio a incertezas. A maquiadora Ana Paula Nunes, de 45 anos, da capital, que, desde 2019, tem em um ateliê de maquiagem a principal fonte de renda, está no grupo dos que praticamente não dão mais conta de tocar a vida só com o próprio negócio. Com a chegada da pandemia, ela conta que viu as clientes – noivas e formandas, em sua maioria – simplesmente desaparecerem. “O faturamento caiu 70% com a fuga da clientela e hoje o que entra aqui não dá para pagar sequer as despesas do meu ateliê”, lamenta a maquiadora.