JOÃO XXIII

Parte dos servidores do Hospital de Pronto-Socorro João XXIII fizeram um protesto na manhã desta quarta-feira (15) após o governo do Estado ter concedido gratificação em dinheiro para médicos da Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig) que estão atuando no combate à pandemia do coronavírus, excluindo do bônus outros profissionais da saúde. A falta de equipamentos de proteção também foi alvo da manifestação desta quarta-feira. 

“Tem hospital que não está fornecendo máscara para todos os trabalhadores. No João XXIII, desde ontem (terça) não é fornecido avental descartável. Há falta de máscara no Odete Valadares”, disse Carlos Martins, diretor da Associação Sindical dos Trabalhadores em Hospitais de Minas Gerais (Asthemg). Com isso, profissionais têm reutilizado os equipamentos de proteção que, depois de um certo tempo, perdem a eficácia.

O diretor rebateu a fala do secretário de Estado de Saúde, Carlos Eduardo Amaral, à rádio Super 91,7 FM nesta manhã. O secretário disse que os enfermeiros do Estado recebem bem e, por isso, não precisariam da gratificação concedida aos médicos. “Isso, inclusive, ofende a categoria. Tanto é mentira que há sete anos não temos reajuste e, no ano passado, estávamos em greve pedindo aumento e não fomos atendidos. Quando ele fala que ganhamos bem, é afronta. O salário é menor que assessor do secretário. Ganhamos em média R$ 2.500 a R$ 3.000. O que estamos protestando e reclamando do secretário não é só de salário, é valorização da categoria de importância e risco que está correndo. É fácil ele dar essa declaração quando ele e os assessores estão todos em home office para não correrem riscos, enquanto esses que ganham R$ 2.500 estão na linha de frente sem saber se em algum momento vão ser contaminados, porque nem os exames são realizados”, retrucou.

A falta de testes para a categoria foi outra reivindicação levantada por Carlos Martins. Segundo ele, profissionais da saúde foram diagnosticados com a doença e afastados das atividades, mas o Estado rejeitou testar os outros profissionais. “A postura errada é que o governo não providenciou o teste dos demais funcionários. Se você tem um caso confirmado de um funcionário que está trabalhando, você teria que fazer o exame nos demais para ver quem mais está e afastar”, disse.

Durante o protesto, houve paralisação das atividades no João XXIII. A Asthemg informou que, na tarde desta quarta-feira, representantes de outros hospitais da Fhemig vão se reunir e decidir se haverá paralisação em outras unidades.

Governo

Em coletiva na manhã desta quarta-feira, o governador Romeu Zema (Novo) disse ver com estranheza e perplexidade algum profissional da saúde falar em greve. “É algo, no meu ponto de vista, incompreensível. Respeito todos os profissionais, vale lembrar que há alguns anos esses profissionais não tinham pagamento em dia, e neste mês tiveram. Parece que estão se esquecendo dessa questão. Há três anos, eles não recebiam o salário em dia. O último governo e mesmo o meu não tinham conseguido, e colocamos. Eu vejo isso como um avanço, um reconhecimento. E a questão de estar tendo pagamento para médico foi considerada prática de mercado, infelizmente nós temos que acompanhar, caso contrário, nós não teríamos disponibilidade”, disse.