Em 2010, o hoje senador Antonio Anastasia (PSDB) era alçado como candidato ao governo de Minas Gerais. Eleger um técnico sem experiência em cargos eletivos era uma missão fácil para a então maior liderança política do Estado, o ex-governador Aécio Neves (PSDB). Hoje, Anastasia volta a ser referendado como o candidato tucano ao Palácio da Liberdade. A diferença é que, agora, Aécio não é mais seu principal cabo eleitoral. Pelo contrário, ele é considerado pelos próprios aliados um fardo a ser carregado durante a campanha. O desgaste é tanto que, pela primeira vez desde 2002, o senador não estará presente em uma convenção em que o PSDB lança candidatura própria ao Executivo.
A convenção tucana vai ser realidade neste sábado (28) no Minas Tênis Clube, na região Centro-Sul de Belo Horizonte. Nos bastidores é dito que Aécio não deve ir ao evento para evitar desgastar a imagem de Anastasia, uma vez que ele é réu em diversos processos no âmbito da operação Lava Jato. O senador também deve estar ausente da chapa majoritária, já que está praticamente definido que vai disputar um cargo na Câmara dos Deputados.
O deputado federal Rodrigo de Castro (PSDB) afirma que não há nenhum veto à presença do senador ao ato político e que não haveria constrangimento em contar com ele no palanque do evento. “Vir ou não é uma decisão pessoal dele. Ele decide como apoiar da melhor forma o partido, e será bem recebido se decidir vir”, disse.
Além de indicar Anastasia como candidato ao governo e o deputado federal Marcos Montes (PSD) como vice, havia uma expectativa da confirmação do nome do ex-presidente da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) Dinis Pinheiro (Solidariedade) para o Senado durante a convenção. Porém, isso não está completamente fechado. Da mesma forma, não deve ser anunciado o nome para pleitear a outra cadeira de senador na chapa.
No ninho tucano, a expectativa é que o acordo sobre quem vai ocupar o espaço que resta na chapa ao Senado fique para o prazo-limite para realização de convenções partidárias, em 5 de agosto. “Ainda estamos analisando as questões de composição para o Senado, todas as possibilidades que temos, tanto no partido quanto com eventuais parceiros”, explicou o secretário da sigla em Minas, o deputado estadual João Vítor Xavier.
Ainda sobre as cadeiras para o Legislativo, nos bastidores é ventilado que pode-se ter uma reviravolta na chapa, fazendo com que Dinis Pinheiro não fique com uma das vagas. A preocupação é haja nomes competitivos para disputar de igual para igual com a ex-presidente Dilma Rousseff (PT). “Tudo está em aberto, questões nacionais estão influenciando muito o quadro no Estado, então tudo pode acontecer”, disse um deputado do partido.
Ato. No encontro político deste sábado também vão ser realizadas as convenções de PPS, PSD e PSC, que já apoiaram publicamente Anastasia. O intuito é mostrar que a pré-candidatura é respaldada por um movimento suprapartidário e por representantes da sociedade civil e de outros setores. Para “afagar” as siglas aliadas, o tucano vai prestigiar todos os nomes que vão disputar cargos de deputados federais e estaduais.
Sem resposta
Silêncio. Questionada pela reportagem de O TEMPO sobre a presença do senador Aécio Neves na convenção estadual do PSDB neste sábado, a assessoria do político tucano não deu nenhuma resposta.