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Risco de sarampo e pólio obriga PBH a ir às casas de crianças desprotegidas

24/07/2018 00h00 - Atualizado em 21/03/2019 12h36 por Admin


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Tatiana Lagôa
fonte: hojeemdia.com.br

Se os pais não levam os filhos até o posto de vacinação, a equipe do centro de saúde vai até a família. O risco do sarampo e da poliomielite obrigou a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) a adotar nova estratégia para proteger crianças de até 4 anos contra as doenças. A imunização é feita, desde ontem, na casa das pessoas. A força-tarefa pretende atingir cerca de 5 mil desprotegidos nessa faixa etária.

A iniciativa é uma verdadeira corrida contra o avanço das enfermidades na capital. Ainda não há notificações de pólio, mas quatro casos de sarampo são investigados – dois bebês e dois adultos. As informações são da diretora de Promoção à Saúde e Vigilância Epidemiológica da Secretaria Municipal de Saúde (SMSA), Lúcia Paixão.

O último registro de contágio foi há 19 anos. Para piorar, a cobertura vacinal das doenças está abaixo da meta de 95% em BH. No caso do sarampo, 90% das pessoas tomaram a primeira dose e 80%, a segunda.

A imunização de pólio teve adesão de 93% nas três primeiras campanhas direcionadas aos menores de 1 ano. Já a proteção contra a enfermidade aos 15 meses e aos 4 anos foi recebida por apenas 77% e 75%, respectivamente.

“Ao contrário do que a população acredita, o fato de os pais não levarem os filhos para vacinar não é um problema deles. É nosso. Se não tivermos esse bloqueio, várias pessoas vão adoecer”, explica Lúcia.

A imunização nas casas vai até agosto nas regiões com piores coberturas vacinais. A estratégia será ampliada. O custo do trabalho será de R$ 470 mil

Ação

Técnicos das unidades de saúde entram em contato por telefone com os responsáveis pelas crianças não imunizadas contra as doenças. Os profissionais solicitam a ida ao posto. Quando há empecilhos, um horário é agendado para a aplicação em casa. Os trabalhos são feitos por 46 enfermeiros contratados para atuar na campanha de vacinação contra a gripe. Eles tiveram os contratos prorrogados para essa nova ação.

O infectologista Marcelo Simão Ferreira aprova a iniciativa. O especialista diz que muitas famílias não vacinam os filhos por falta de tempo e por conta do horário de funcionamento dos postos. “As unidades ficam abertas em horário comercial, quando boa parte das pessoas trabalha”.

Outra dificuldade apontada por ele é que, como o público-alvo é formado por crianças muito novas, as ações em escolas não teriam efeito porque nem todas estão na rede de ensino. “Nesses casos, essa busca ativa é a única alternativa”, aponta Marcelo Simão.

Mesma estratégia

A vacinação domiciliar ocorreu na capital apenas em épocas de risco de surto: em 2006, para barrar uma epidemia de rubéola na cidade, e em 2017, durante o combate à febre amarela.

Segundo Lúcia Paixão, a reintrodução do sarampo no Brasil, com ocorrências em várias regiões, acende um alerta sobre a possibilidade de o mesmo ocorrer em Minas. A diretora também lembra que há investigação de contágio de poliomielite na vizinha Venezuela. “A circulação de pessoas entre diferentes países facilita a chegada do vírus em qualquer lugar da nossa nação”, afirma.