O depoimento do suposto organizador da rifa indica à polícia que ele arrecadou cerca de R$ 5 mil até o momento de suspensão do sorteio, e, à delegada Gessiane Soares Cangussu, o homem declarou que iria criar mais números para a “Rifa dos Sonhos” e vendê-los também a moradores de Montes Claros, tamanho o sucesso da venda de bilhetes em Janaúba. Ele não confessou ser o autor da rifa, mas tudo indica que seja ele o responsável pelo crime.
“O inquérito está em andamento e, além da blogueira e deste suspeito que provavelmente é o mentor da rifa, ainda ouviremos outras testemunhas. Prostituição não é crime por si só, mas quem aproveita-se da prostituição alheia comete crime. É totalmente imoral rifar pessoas, pessoas não são mercadorias”, declarou a delegada na manhã desta quinta-feira (24). De acordo com ela, se indiciado, o homem poderá ser condenado a reclusão por até quatro anos.
Blogueira recebeu R$ 500
Entre as redes sociais, o WhatsApp e o Instagram foram as principais ferramentas usadas pelo autor da rifa para divulgá-la. O inquérito da Polícia Civil pôde ser instaurado depois que chegou para a delegada algumas das imagens que retratavam o canhoto da rifa. Intitulado “Rifa dos Sonhos”, o sorteio prometia “um programa, com duas acompanhantes dos sonhos, já com o motel incluído”. Cada bilhete garantia ao comprador dois números para participar da rifa que seria sorteada em 14 de outubro, venceria o primeiro prêmio da Loteria Federal naquela data. Através da propaganda da rifa, a delegada descobriu a existência de uma blogueira de Janaúba que estaria divulgando a rifa para seus seguidores.
“Foi muito difundido no WhatsApp, nas redes sociais, vi em vários grupos da cidade. Nós queríamos apurar o crime de proveito da prostituição. Encontramos a blogueira e ela nos confirmou que um homem a tinha procurado oferecendo R$ 500 para que ela divulgasse a rifa. Se a rifa bombasse, ela receberia mais R$ 200. O impacto na cidade foi tão grande que ela ganhou os R$ 200 prometidos”, detalha. Em seu depoimento, a influenciadora apontou à polícia quem era o homem que a contratou para a divulgação. Ele também foi ouvido.
Dinheiro para doação?
Intimado pela delegada, o suspeito de ser o autor da rifa declarou que iria usar a quantia arrecadada para comprar cestas básicas destinadas a famílias do município de Janaúba. “Segundo ele, a famigerada rifa era para arrecadar dinheiro para pessoas carentes da região, comprar cestas básicas. Mas, a rifa não falava nada disso, então acreditamos que era para ele se beneficiar mesmo”, relata.
O homem jurou ter devolvido o dinheiro dos compradores da rifa após a suspensão em função do inquérito policial. “Ninguém nos procurou para denunciar ter sido lesado, e nem vai. Quem compra esse tipo de serviço fica calado. Ninguém tem coragem de falar que comprou. Segundo esse suposto autor, ele devolveu o dinheiro para quem comprou”. O homem também teria dito que ia expandir as vendas para Montes Claros dada a grande procura pela rifa. Instaurado em 15 de setembro, o inquérito ainda ouvirá mais testemunhas para somente então ser concluído. Ainda não há data prevista.