Iniciativa do Estado permite mapear as oportunidades de emprego e empreendedorismo no território mineiro, além de ofertar orientação profissional e cursos de qualificação aos jovens

Em 2017, mais de 1.000 jovens moradores de periferias de Belo Horizonte, Betim, Contagem, Ribeirão das Neves e Passos puderam participar do Projeto Trampos, que integra o Programa Juventudes, um dos principais programas do estado voltado para a emancipação, autonomia, proteção social e inclusão produtiva de jovens de 15 a 29 anos moradores de regiões expostas a situações de vulnerabilidade e risco social.

Iniciativa do Governo de Minas Gerais, por meio da Secretaria de Estado de Trabalho e Desenvolvimento Social (Sedese), em parceria com a Secretaria de Educação (SEE) e prefeituras, o projeto Trampos visa contribuir para a inclusão social e produtiva de jovens. Fruto de deliberação dos Fóruns Regionais de Governo, o projeto permitiu mapear as oportunidades de emprego e empreendedorismo nos territórios priorizados, além de ofertar aos jovens moradores dessas regiões, orientação profissional e cursos de qualificação.

No ano encerrado há pouco, foram executadas duas ações do Trampos: a articulação local para inclusão produtiva de jovens, em parceria com a Fundação de Educação para o Trabalho de Minas Gerais (Utramig) e a oferta de cursos de qualificação profissional, em conjunto com a SEE.

A articulação local para inclusão produtiva de jovens mobilizou nas vilas e favelas uma rede de 225 parceiros, entre representantes de instituições governamentais, ONGs, grupos e coletivos, movimentos de jovens e referências comunitárias.

Também foi realizado um levantamento das atividades produtivas nas áreas de emprego e empreendedorismo, por meio de entrevista com 509 empreendedores locais e um levantamento do perfil socioprofissional de 947 jovens, além da realização de 76 oficinas de orientação profissional para o emprego, empreendedorismo e construção de projeto de vida, que contou com presença de cerca de 1.000 jovens.

Já os cursos de qualificação, ofertados pelo Instituto Yara Tupynambá e Empresa Foco Opinião e Mercado, foram realizados em 10 regiões dos cinco municípios priorizados. Ao todo, 1.200 vagas foram disponibilizadas, em sete cursos: analista de mídias sociais, desenvolvedor de aplicativos para dispositivos móveis, editor de projeto visual gráfico, assistente de produção cultural, confeitaria, organização de eventos e mecânico de motocicletas.

“Essa estratégia para os jovens é diferenciada porque ela tem um caráter de formação para o mundo do trabalho, não necessariamente para o mercado ou posto de trabalho, e isso fomenta o protagonismo juvenil", afirma a secretária de Estado de Trabalho e Desenvolvimento Social, Rosilene Rocha.

O programa, além de priorizar as áreas mais carentes do estado de Minas Gerais, é também construído de forma participativa com os jovens que contribuíram na elaboração e na execução da política a partir de entrevistas e oficinas. Esse planejamento participativo é destacado pela secretária da Sedese.

“Nós sempre tivemos políticas públicas para jovens, mas com a cara dos adultos que as formulam e as implementam, o que não acontece aqui, pois estamos aprendendo com esses jovens a fazer políticas para eles”, afirma Rosilene.


Cerimônia de formatura do projeto Trampos, em Belo Horizonte, no último ano (Crédito: Divulgação/Sedese)


De acordo com alguns alunos que passaram pelos cursos, essa foi uma experiência única e transformadora. Para eles, os momentos vividos durante a formação nunca serão esquecidos, como conta Lucas de Paula, de Belo Horizonte e aluno do curso Assistente de Produção Cultural.

A combinação de um processo participativo, aliado aos cursos de qualificação profissional e ao fortalecimento da articulação local, permitiu aos jovens ampliarem suas perspectivas de inclusão produtiva.

Para Lucas de Paula, aluno do curso Assistente de Produção Cultural de Belo Horizonte afirma que a experiência "foi completamente diferente do que eu imaginava, eu amei o curso e os profissionais foram excelentes".

“A estrutura e a metodologia dos cursos foi muito boa porque possibilitou que os alunos aplicassem os conhecimentos que adquiriram durante as aulas”, avalia Devison Oliveira, morador do Morro das Pedras, também do curso Assistente de Produção Cultural.

Um diferencial do Projeto Trampos em relação a outras propostas de formação é oferecer ferramentas que auxiliem os jovens a se tornarem empreendedores. Alguns alunos já iniciaram projetos próprios, como conta Cleyton Renan, aluno do curso de editor de projeto visual gráfico. “Eu entrei em contato com as pessoas que conheço, e que ainda não tinham banners ou cartões de visitas, e agora presto este tipo de serviço”, afirma.

Suelen Tomaz da Silva, moradora do aglomerado da Serra, em Belo Horizonte, que concluiu o curso de Organização de Eventos em agosto, também está no caminho do empreendedorismo. “Sempre gostei da área de eventos, mas minhas ideias não saíam do papel, ou melhor, nem iam para o papel. Depois do auxílio do curso, já estamos desenvolvendo vários projetos”, diz.

“Minha expectativa agora é montar uma oficina e uma loja de autopeças com preços mais acessíveis”, é o que afirma a aluna do curso Mecânica de Motocicleta, Amanda da Silva. Ela e o namorado Vladimir Izidoro de Lima, que se formou no mesmo curso, enxergam um futuro animador. “Nesse tempo de curso foi possível vislumbrar um novo projeto de vida. Junto com Amanda, vamos fazer bons investimentos, já que onde moramos a maioria das pessoas possui uma moto”, revela.

Em Passos, no Território Sudoeste, a história não é diferente. Gleicinara Castro, aluna do curso de Confeitaria, já faz bolos e sorvetes para vender e também está investindo em maquinário. “Comprei uma batedeira de bolo e, assim que acabar de pagar no cartão, vou comprar um liquidificador”, comemora a jovem.

Para 2018, o investimento do Governo de Minas Gerais, que em 2017 foi de R$ 3 milhões, vai mais do que triplicar e passará a ser de R$ 21 milhões. O anúncio foi feito em setembro, durante uma das cerimônias de formatura do Trampos, em Belo Horizonte, pela secretária da Sedese, Rosilene Rocha e o secretário adjunto de Educação, Wieland Silberschneider.

“Com esse recurso podemos fazer muito pelos jovens em situação de vulnerabilidade social de outras cidades que estão excluídos do mercado de trabalho”, afirmou à epoca a secretária da Sedese, Rosilene Rocha, durante o evento.

O Programa Juventudes será expandido para 10 cidades mineiras (Curvelo, Diamantina, Divinópolis, Governador Valadares, Juiz de Fora, Montes Claros, São João del-Rei, Teófilo Otoni, Paracatu e Uberlândia) e vai ofertar cursos de qualificação e minicursos de orientação profissional para cerca de 8 mil jovens, com o apoio e supervisão direta das Diretorias Regionais da Sedese.

Projeto Mosaicos – Formação para a Interlocução Jovem

O Programa Juventudes prevê, ainda, o início da execução do Projeto Mosaicos, que visa o aprimoramento da oferta de serviços socioassistenciais, por meio da realização de formação na modalidade “supervisão técnica”, para os trabalhadores do Sistema Único de Assistência Social (Suas) nas cidades de Belo Horizonte, Contagem, Betim, Ribeirão das Neves, Divinópolis, Juiz de Fora e São João del Rei.

Como principais atividades da Supervisão Técnica destacam-se os Encontros de Supervisão e as Oficinas Temáticas. As atividades serão presenciais e cada município vai contar com no mínimo uma turma de até 20 profissionais. No total, serão capacitados cerca de 260 profissionais nesses sete municípios, que foram priorizados em função do alto número de mortes de jovens por causas externas.