Homens, mulheres e crianças limpam e buscam garantir um espaço no prédio de dez andares na rua Espírito Santo, Centro da capital. Cerca de 120 familias sem-teto ocupam o imóvel, fechado há pelo menos três anos, e reivindicam que o espaço se torne moradia de interesse popular.
A expectativa é a de que a Ocupação Vicentão receba mais integrantes chegando a 200 famílias ao longo da semana. Na manhã deste sábado (13), a movimentação no local já é intensa. Uma parte das pessoas limpa o prédio, enquanto outras chegam com utensílios necessários para a permanência do grupo, como panelas, dentre outros.
"O prédio está totalmente abandonado e sem cumprir a função social dele. Achamos injusto uma infraestrutura montada com um déficit habitacional tão grande. E nós apuramos que tem uma dívida de R$ 1,2 milhão de IPTU a ser pago", afirma o advogado das Brigadas Populares, Luiz Fernando Vasconcelos.
A ocupação é liderada pelas Brigadas Populares, Central da Classe Trabalhadora (Intersindical), Associação Morada de Minas Gerais e Associação dos Moradores de Aluguel de Belo Horizonte ( Amabel). Uma parte dos ocupantes foi retirada de outra ação em um imóvel na área hospitalar, em 16 de março deste ano. Outros trabalhavam trabalhava no hipercentro como ambulantes e camelôs e, desde maio deste ano, foram impedidos de atuar nas ruas devido intervenção da prefeitura para fazer valer o Código de Posturas do Município, que proíbe esse tipo de atividade.
Banqueiro
Segundo Vasconcelos, o suposto proprietário do imóvel ocupado seria o banqueiro falecido Tasso Assunção Costa, que foi condenado pelo crime de colarinho branco no Brasil. O julgamento dos crimes contra o sistema financeiro ocorreu em outubro de 1995.
Para a auxiliar de cozinha Cristiane Silva Souza, a ocupação do prédio é sinônimo de esperança. Ela está no local com três filhos - de 1, 4 e 14 anos - e espera poder sair do aluguel. “Pago R$ 550 em um barracão prestes a cair. Quero conseguir uma moradia mais digna para poder gastar meu dinheiro comprando comida, frutas, iogurte para meus filhos. Tem mês que preciso pedir ajuda de amigos para sobreviver”, conta.
Cerca de 120 famílias ocupam os dez andares do prédio