Oficialmente, a campanha eleitoral deste ano só começa em agosto, a 45 dias do pleito. Com restrição de verba para a divulgação de propostas e já empenhados em conquistar o eleitorado, os principais pré-candidatos ao governo de Minas têm recorrido à Internet, especialmente às redes sociais mais usadas – Facebook, Twitter e Instagram –, para dar o recado e marcar território na disputa. E com a preocupação de não infringir a legislação eleitoral.
Os resultados dessa estratégia para o governador Fernando Pimentel (PT), o senador Antonio Anastasia (PSDB), o ex-deputado Dinis Pinheiro (Solidariedade), o ex-prefeito Marcio Lacerda (PSB) e o deputado federal Rodrigo Pacheco (DEM), porém, têm sido bem diferentes no ambiente virtual.
Intensificação
Com o maior número de seguidores entre os concorrentes no Facebook (224,2 mil), Pimentel intensificou o uso das redes nos últimos meses.
Nas postagens, ele mescla a divulgação de ações do governo, opiniões sobre temas variados – inclusive da política nacional – e, mais recentemente, até vídeos gravados pelo celular, nos quais comenta questões do Estado e do país.
No último domingo, por exemplo, fez um “vivo” parabenizando as mães. Pimentel ainda tem conta no Twitter (com 22,3 mil seguidores) e no Instagram (11,5 mil), abastecidas com frequência por ele e assessores.
O senador e ex-governador Antonio Anastasia também tem usado com frequência as redes. O destaque é para o Twitter, onde tem 48,2 mil pessoas acompanhando as postagens, o maior número entre os cinco pré-candidatos ao governo de Minas.
O tucano, com 87,2 mil seguidores no Facebook e 12,4 mil no Instagram, é adepto de postagens curtas, versando sobre projetos que apoia ou da autoria dele no Senado. Ao contrário dos adversários, Anastasia só deixou transparecer a possibilidade de disputar o Palácio da Liberdade, nas redes sociais, em maio.
Engajamento
O ex-prefeito Marcio Lacerda é o quarto em número de seguidores no Facebook, atrás de Pimentel, de Dinis Pinheiro, que tem 202 mil fãs, e de Anastasia. Está à frente apenas de Rodrigo Pacheco, que tem 11,4 mil adeptos. O socialista, que não tem conta no Twitter e contabiliza 5,4 mil seguidores no Instagram, tem, no entanto, a maior taxa de engajamento (um cálculo que traduz a interação com os seguidores) na maior rede social: 56,7%, apenas nas dez últimas postagens de sua página, até ontem.
Esse número se explica pelo alto volume de curtidas de suas postagens: nas últimas seis, até ontem à tarde, por exemplo, cinco passaram de 1,5 mil manifestações de internautas e a última delas, dedicada à mãe do ex-prefeito, chegou a 7,3 mil curtidas.
Ex-deputado e ex-presidente da Assembleia Legislativa, Dinis Pinheiro – que deixou o PSDB e ingressou no Solidariedade em abril, para ser candidato ao governo – tem performance mais modesta no Facebook.
Com 1,3 mil curtidas e compartilhamentos nas dez últimas postagens, também até a tarde de ontem, a taxa de engajamento foi de 0,6%. O pré-candidato tem 55 seguidores no Twitter e é o terceiro em adeptos às postagens do Instagram, com 5,4 mil inscritos.
Rodrigo Pacheco, que trocou o MDB pelo DEM há pouco tempo, igualmente com vistas a uma candidatura ao Palácio da Liberdade, é o de menor número de seguidores no Facebook, mas sua performance, se levada em conta a taxa de engajamento, perde apenas para a de Lacerda.
Embora nos últimos dias tenha usado pouco essa rede, na qual tem 11,4 mil fãs, o pré-candidato obteve, com as dez publicações mais recentes, cerca de 2,3 mil curtidas e compartilhamentos, atingindo 20,5% de engajamento. Pacheco também é mais presente no Twitter, onde tem quase mil seguidores, e no Instagram, com 7,8 mil, em que faz postagens de forma regular.
No momento, lei proíbe postagens pagas e a
solicitação de votos diretamente aos eleitores
O uso das redes sociais em pré-campanhas, conforme a legislação eleitoral, é permitido desde que os interessados em disputar os cargos do Legislativo e do Executivo não infrinjam, basicamente, duas regras: a de não pedir votos explicitamente aos eleitores e a de não usar recursos pagos, como as postagens impulsionadas ou patrocinadas do Facebook, para atingir um maior número de usuários da Internet.
Segundo o coordenador do Centro de Apoio às Promotorias Eleitorais de Minas Gerais, promotor Edson Resende, a lei admite, por exemplo, que os pré-candidatos usem e abusem de suas páginas no Facebook, no Twitter e no Instagram para falar de suas trajetórias políticas e pessoais e até para apresentar propostas para o caso de serem eleitos.
“Eles podem anunciar que são pré-candidatos, podem descrever qualidades pessoais e profissionais, podem relacionar ações que já desenvolveram quando ocupavam qualquer outro cargo e até descrever os planos de governo”, diz o promotor. “O único óbice, além de não poder pagar por nenhum tipo de campanha, no momento, é pedir voto diretamente aos eleitores, uma proibição que acaba sendo uma bobagem”, completa.
Estratégias
Em razão da liberdade dada pela lei, assessores e coordenadores de campanha de alguns dos principais postulantes ao governo de Minas admitem estar usando a Internet para propagar a imagem e as ideias de cada um antes do início do período oficial. A expectativa, no entanto, é a de que as participações dos candidatos nas redes sociais cresça ainda mais quando a campanha for para valer.
“Estamos montando uma equipe nacional para multiplicar para todos os estados as estratégias de uso das redes na campanha. Acreditamos que esse ambiente será determinante nos resultados”, diz o secretário-geral do Solidariedade e coordenador da pré-campanha de Dinis Pinheiro ao governo mineiro, Luis Carlos Miranda.
Para o assessor de comunicação de Márcio Lacerda, Regis Souto, a boa performance do pré-candidato nas redes, até o momento, é sinal de que haverá grande adesão de eleitores ao projeto do ex-prefeito quando a campanha começar. “Criamos a página do Facebook em 2015 e hoje ele não ocupa cargo público, ao contrário de muitos dos concorrentes. Por isso nosso número de seguidores pode não ser o mais alto, mas o engajamento que temos é o maior”, diz.
As assessorias do senador Anastasia e do deputado Rodrigo Pacheco informaram que ainda não foram definidas estratégias específicas e equipes para tomar conta das redes sociais deles durante a campanha. Em ambos os casos, os próprios pré-candidatos, de acordo com os assessores, costumam fazer as postagens.
No caso do governador Pimentel, a reportagem procurou a assessoria da presidente estadual da legenda, Cida de Jesus, para comentar a importância das redes sociais na pré-campanha, mas, até o fechamento desta edição, não obteve retorno.
Para se ter ideia da importância do uso das redes sociais pelos pré-candidatos, o período de hoje até a eleição (135 dias), em que podem divulgar livremente as ideias aos eleitores, equivale a três vezes o prazo oficial para a campanha (45 dias),
que só começa em agosto