Animais estão destruindo lavouras inteiras e causando prejuízos milionários para o campo

Agricultores mineiros estão vivendo uma situação preocupante. Javalis selvagens se espalharam por todo o país e estão causando sérios impactos econômicos e ambientais, principalmente para pequenos agricultores. Agressivos e em grandes bandos, eles destroem lavouras inteiras, seja comendo ou pisoteando. O problema é sério no Triângulo Mineiro e no Alto Paranaíba. A região da cidade de Sacramento é uma das mais afetadas. Municípios como Ibiá, Patos de Minas e Araxá também estão sendo afetados de forma recorrente.

Para o presidente do Sindicato dos Produtores Rurais de Sacramento, André Eugênio Disinotto, a situação é grave. “É difícil mensurar os estragos. Mas, com certeza, o prejuízo é muito relevante. As lavouras de grãos – de milho, principalmente – estão sendo profundamente afetadas. Existem produtores que chegaram a perder toda a safra. O prejuízo chega a milhões, com certeza”, diz.

Um outro problema está assustando os produtores. O cruzamento de javalis com porcos domésticos originou os chamados “javaporcos”, que se reproduzem mais rapidamente e são ainda mais agressivos.

Fernando César Orsini Balan mora em Araxá, no Alto Paranaíba, e é um dos principais pecuaristas da cidade. Para ele, que produz leite, milho, soja e feijão, entre outros, a situação está só se agravando. “De cinco anos pra cá, piorou. Planto uma área de 2.300 hectares distribuídos em fazendas na região. Só em uma lavoura de milho, por exemplo, a gente perde de 5% a 10% da produção com os ataques. É uma situação que pode arruinar a pecuária brasileira”, alerta.

Engenheiro ambiental do Sindicato dos Produtores Rurais de Sacramento, Reinado Santos de Rezende acredita que até as Forças Armadas deveriam intervir. “Os bichos atacam as lavouras, de preferência o milho. Seria interessante treinar um pessoal para atuar como controladores. Até mesmo a participação do Exército seria bem-vinda para um combate mais eficaz”, sugere.

Mais de 6.000 foram abatidos

Uma das formas de combater o crescimento desordenado dos bandos de javalis e javaporcos é a caça legalizada. Em Araxá, o paisagista André Luiz Honorato coordena duas equipes com 20 pessoas ao todo. “Montamos as turmas em 2013. Eu me preocupo muito com a parte ambiental. O javali destrói tudo, é um problema sério para nascentes, bacias hidrográfica e a própria fauna. De julho de 2013 a outubro deste ano, abatemos mais de 6.000 animais”, relata.

As equipes utilizam cães farejadores e gaiolas para capturar os bichos. “Algumas carcaças são enterradas. As outras ficam para alimentar os cães”, explica.