Palácio Tiradentes será esvaziado para contenção de gastos

O governador de Minas, Fernando Pimentel (PT), bateu o martelo e vai desativar, de vez, o Palácio Tiradentes, transformado em sede do governo em 2010 pelo então chefe do Executivo Aécio Neves (PSDB). O edifício integra o complexo Cidade Administrativa, na região Norte de Belo Horizonte, e é uma das últimas obras do arquiteto Oscar Niemeyer. O motivo alegado pelo Estado para esvaziar o prédio é economia nos gastos.

O Palácio Tiradentes abrigava, além do gabinete do governador, a Vice-Governadoria, o Gabinete Militar, Cerimonial, Assessoria de Imprensa, além das secretarias de Governo e da Casa Civil. Esses órgãos estão sendo realocados nos prédios Minas e Gerais, que integram o complexo administrativo estadual. Segundo interlocutores, o vice-governador Antônio Andrade (MDB), desafeto de Pimentel e que mantém gabinete no prédio, sequer foi comunicado da decisão.

Desde que foi inaugurada, a Cidade Administrativa foi um dos principais alvos de críticas do PT. Os custos de todo o complexo ultrapassaram os R$ 2 bilhões, bancados pela Companhia de Desenvolvimento de Minas Gerais (Codemig). Após a deflagração da operação Lava Jato e as delações de executivos de empreiteiras, a obra passou a ser investigada pela Justiça brasileira. Por isso mesmo, quando assumiu o Estado em 2015, a primeira providência de Pimentel foi ignorar o legado deixado pelos governos tucanos em Minas.

O governador petista passou a despachar do Palácio da Liberdade, sede histórica do governo, transformado em museu no ano de 2013, ainda na gestão de Antonio Anastasia (PSDB).
O edifício é o maior prédio suspenso em concreto do mundo, segundo o engenheiro José Carlos Sussekind, responsável pelo projeto da obra. Com quatro pavimentos, abriga a Governadoria, onde está instalado o Gabinete do Governador do Estado, a Vice-Governadoria e o Gabinete Militar.

Procurado pela reportagem para comentar a desativação do edifício, o PSDB de Minas afirmou que fechamento do Palácio Tiradentes busca desviar a atenção do ato de protesto de mais da metade dos prefeitos de Minas que, nesta sexta-feira (2), na Cidade Administrativa, "manifestaram sua indignação com a administração desastrosa e caótica que o governo Pimentel vem proporcionando aos servidores, aos fornecedores do Estado, aos municípios e a todos os mineiros".

PSDB rebate
"O descaso do governador com as condições de trabalho dos servidores do Estado começou desde o primeiro dia de seu mandato, quando ele optou por transferir seu gabinete para o Palácio da Liberdade, o que levou, inclusive, ao fechamento das portas para a população de um importante acervo do Circuito Cultural. A Cidade Administrativa foi construída sem usar recursos do Tesouro do Estado para oferecer aos funcionários públicos condições adequadas, entre outros ganhos. A centralização da estrutura governamental do Estado foi apontada pelo Plano Mineiro de Desenvolvimento Integrado como um dos fatores necessários a dar maior eficiência e qualidade aos serviços públicos prestados. De 2011 a 2015, a Cidade Administrativa já representava uma economia de R$ 590 milhões aos cofres públicos com a racionalização de custos, como aluguéis, luz, água, combustível e vigilância, entre outras. Uma economia que deveria vir sendo acumulada ano a ano.
Os erros do governo do PT em Minas podem ser medidos pelo tamanho do déficit do Estado, de R$ 8,2 bilhões previsto para este ano. Em 2014, Minas registrou um superávit primário de R$ 3,1 bilhões, segundo atestou o Banco Central. Resultados que demonstram a diferença entre as duas gestões e seus compromissos com a população", finaliza a nota.

O Palácio

Totalmente revestido em vidro, foi construído em concreto protendido – quatro vezes mais resistente que o concreto armado - e está totalmente suspenso por 1.080 cabos de aço presos a vigas de 20 metros de comprimentos e 3,4 metros de altura, localizadas na parte superior e apoiadas em dois grandes pórticos paralelos. Tem como base quatro pilares de apoio e um extenso vão livre de 147 metros de comprimento por 26 metros de largura. A estrutura do prédio foi concebida para suportar cargas em torno de 34 mil toneladas.

É formado ainda por subsolo e pilotis, totalizando 21 mil metros quadrados de área construída. Em seu interior, conta com um salão de 1.200 metros quadrados de área destinado a solenidades oficiais, biblioteca e serviços de apoio.