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Dois detentos morreram e outros dois ficaram feridos no Complexo Penitenciário Nelson Hungria, em Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, na noite dessa sexta-feira (17/10). Os crimes foram cometidos por outros presos que conseguiram sair das celas após aproveitarem que elas estavam abertas.

Um procedimento interno foi instaurado pela Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp), e as investigações criminais serão realizadas pela Polícia Civil.

Informações repassadas a O TEMPO pelo Sindicato dos Policiais Penais do Estado de Minas Gerais (Sindppen-MG) apontam que o detento conhecido como "faxina" — responsável pela limpeza e entrega de marmitas — teria deixado a cela aberta, o que possibilitou a fuga dos demais.

"Esses presos saíram, acessaram outro pavilhão, mataram dois e feriram outros dois, sendo que um está gravemente ferido", afirma Jean Otoni, presidente da entidade. A situação foi percebida pelos agentes penitenciários durante uma conferência rotineira, conforme esclareceu a Sejusp.

O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) foi acionado imediatamente. Os profissionais confirmaram os dois óbitos e conduziram os dois feridos para atendimento em um hospital da rede pública. Segundo o governo, eles "permanecem em atendimento hospitalar, sob escolta da Polícia Penal".

Os presos mortos foram identificados como Welbert Junior Gonçalves de Carvalho, de 33 anos, e Ailton de Souza Bispo Netto, de 29 anos.

Superlotação e baixo efetivo

Para Jean Otoni, do Sindppen-MG, a situação ocorrida na Nelson Hungria é reflexo direto da superlotação da unidade e do baixo número de policiais penais em serviço.

"Nós já estamos denunciando a superlotação, e não é de hoje. Já acionamos o governo e agora vamos encaminhar um ofício para o juiz da comarca de Contagem. A Nelson Hungria está com aproximadamente 2,8 mil presos, sendo que a unidade foi projetada para 1,6 mil. Deveríamos ter 600 policiais penais, mas temos cerca de 300", critica o presidente da entidade.

André Luiz Lima, presidente da Comissão Estadual de Assuntos Penitenciários da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) Seção Minas Gerais, destaca que o momento é de "atenção".

"Pelo que parece, houve a perda da segurança do espaço. Ao que tudo indica, os indivíduos em privação de liberdade dominaram os policiais. Isso chama a atenção, pois mostra que as coisas não estão da forma como deveriam. Já tínhamos problemas anteriores e agora mais um", ressalta.

A Sejusp esclareceu que os presos das celas envolvidas na ocorrência serão ouvidos no curso das investigações e garantiu que "a unidade prisional está sob controle e segue sem novas intercorrências".