A luta pelos direitos da comunidade LGBT reuniu 3 milhões de pessoas, segundo os organizadores, na avenida Paulista, em São Paulo, nesse domingo (23), e em Belo Horizonte, consideradas as devidas proporções, a força não deve ser diferente. A organização prevê que o evento marcado para o dia 14 de julho reunirá cerca de 200 mil pessoas na Praça da Estação.

Em sua 22ª edição, a Parada do Orgulho LGBT de Belo Horizonte em 2019 vai ter como tema "Não aos retrocessos! Revivendo Stonewall". A referência ao movimento que completa 50 anos neste ano, segundo Azilton Viana, presidente do Centro de Luta pela Livre Orientação Sexual de Minas Gerais (Cellos-MG) e coordenador da Parada, é uma forma de conectar passado e presente da luta LGBT e entender o caminho que a população percorreu até aqui.

Para Viana, as paradas sempre foram marcos do enfrentamento do preconceito e do conservadorismo, além de um espaço para a promoção de um diálogo com a sociedade. “Em São Paulo, vimos que foi um sucesso porque, segundo alguns classificaram, foi uma parada da família, onde várias famílias estavam presentes, e isso é importante principalmente porque é uma oportunidade de ensinar sobre diversidade e mostrar que não existem diferenças, que somos todos seres humanos”, afirmou.

Em BH, o presidente do Cellos-MG espera que o clima presenciado em São Paulo se repita e traga, além de um espaço lúdico e de descontração, um palanque para as vozes da comunidade LGBT que lutam por sua cidadania. “BH sempre teve a fama de fazer uma das paradas mais políticas no Brasil, e a previsão é de que neste ano seja ainda mais, principalmente pelo cenário de retrocessos em que estamos vivendo, no qual o fundamentalismo religioso e o conservadorismo vêm tentando barrar nossa cidadania”, criticou.

Após dar o tom da Parada, Viana convidou: “Esperamos todas, todos e todes no dia 14 de julho, na Praça da Estação, para celebrar a diversidade, a nossa resistência, e sobretudo nossa vida, que é o nosso bem maior e nos tem sido tirada de forma tão cruel. Eles querem que voltemos para o armário, mas esse armário felizmente foi destruído, não existe mais”, finalizou.

Corpos políticos

Além de relembrar o conflito entre a polícia e frequentadores de um bar LGBT em Nova Iorque nos anos 60, conhecido como “Revolta de Stonewall”, a Parada do Orgulho LGBT de Belo Horizonte vai celebrar os corpos e o poder que eles têm na reivindicação de direitos.

Com a frase “Seu corpo é político” como norte, Viana contou que pretende levar às pessoas essa noção de corpo como instrumento de manifestação. “A Parada nada mais é do que corpos presentes, a manifestação física da reivindicação por direitos”, explicou.

O conceito visual do evento foi lançado em maio e trouxe uma tentativa de traduzir o movimento de Stonewall através da arte. Criada pelo artista Flaviano Souza, a peça une expressões e gestos em uma sobreposição de corpos representando o conceito de orgulho, força, delicadeza, inconformismo e embate.

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Arte que representa a Parada em 2019 traz releitura da simbologia de Stonewall para o movimento LGBT
Para o artista, lutar pelos direitos do público LGBT não é só um clamor ou dar voz a minorias historicamente marginalizadas. "É sobretudo uma luta por toda a humanidade. Por um mundo mais fraterno e igualitário onde se construam pontes. Em certa medida, este grito é para manter visível o que é realmente importante, o essencial e isto não está nas roupas, no corte do cabelo, no jeito de andar, falar ou com quem fazemos sexo”, coloca Flaviano.

Atrações

Um palco montado na Praça da Estação vai receber diversas atrações artísticas no dia 14 de julho. Grupos musicais, cantores, drag queens e outros artistas se apresentarão voluntariamente durante o evento. A Parada do Orgulho LGBT de BH começa às 11h e tem entrada gratuita a toda a população.